O Ibovespa terminou mais uma semana em alta, de 1,26%. Os mercados sustentaram o otimismo com base nos avanços na produção de vacinas contra a covid-19. O interesse por ativos de maior risco fez o dólar cair 0,95% nos últimos cinco dias, para R$ 5,38.
A busca por risco foi amenizada no pregão desta sexta-feira (20), com os investidores recupercutindo a indicação do secretário do Tesouro do dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, de que deixará expirar diversos programas de emergência do Federal Reserve (banco central americano, o Fed).
Com o mau humor externo, o Ibovespa recuou 0,59% nesta sexta, marcando 106.042,48 pontos. O dólar subiu 1,3%, no primeiro pregão após o Ministro da Economia, Paulo Guedes, levantar a possibilidade de usar reservas para abater dívida pública.
Vacina pauta a semana
Apesar do dia de maior aversão ao risco, o que marcou a semana foi mesmo a possibilidade de uma cura para a covid-19 em breve.
Na segunda-feira (16), a farmacêutica americana Moderna atestou que seu imunizante tem 94,5% de eficácia. Dois dias depois a Pfizer informou uma eficácia de 95%.
Ambos os resultados são da terceira fase do desenvolvimento das vacinas e foram anunciados em meio a um avanço da covid-19 no hemisférios norte, após a baixa da doença nos últimos meses.
O sócio e líder de operações da mesa de renda variável da BlueTrade, Abner Maciel Gonçalves, disse ao Seu Dinheiro que o mercado está dividido entre a possibilidade de ter uma vacina efetiva no primeiro trimestre de 2021 e a chance de restrições mais fortes de circulação.
Volta do estrangeiro
Por ora, o pêndulo está mais para o lado do otimismo, a julgar pelo avanço de 12,7% do Ibovespa em novembro. A bolsa brasileira tem sido palco de um forte fluxo estrangeiro, com a entrada de R$ 25,7 bilhões no mês - maior nível da série de dados mensais, que vem desde o ano de 1995.
Os estrangeiros têm aproveitado algumas pechinchas - que ganharam esse status diante da baixa por conta da crise e agora a perspectiva da vacina. Petrobras e Vale se destacaram em alguns dias pelo grande volume financeiro movimentado.
As companhias aéreas, grandes perdedoras no mercado acionário no ano, avançaram de forma expressiva na bolsa durante a semana.
Veja as maiores altas do Ibovespa na semana:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
AZUL4 | Azul PN | 34,69 | 19,48% |
GOLL4 | Gol PN | 22,12 | 13,09% |
CVCB3 | CVC ON | 16,09 | 11,20% |
VALE3 | Vale ON | 68,09 | 7,65% |
BRAP4 | Bradespar PN | 50,93 | 7,34% |
Veja as maiores baixas do Ibovespa na semana:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
BRKM5 | Braskem PNA | 23,08 | -6,56% |
GNDI3 | Intermédica ON | 70,09 | -5,92% |
NTCO3 | Natura ON | 48,28 | -5,39% |
MULT3 | Multiplan ON | 21,42 | -4,59% |
KLBN11 | Klabin units | 23,35 | -4,50% |
Fique de olho
Segundo especialistas, o movimento do exterior para a bolsa brasileira não tem garantia de continuidade - em especial porque o ambiente segue de deterioração fiscal e incerteza a respeito dos planos do governo com as contas públicas.
Além disso, há chances de novas medidas restritivas exigirem uma renovação do auxílio emergencial. O ministro Guedes disse no último dia 12 que poderia voltar a adotar a medida financeira. Algumas capitais brasileiras têm apresentado tendência de alta nos casos de covid-19.
Mais sensíveis ao risco fiscal, os juros futuros com vencimentos mais longos subiram hoje. Veja as taxas dos principais indicadores:
- Janeiro/2021: de 1,93% para 1,92% (estável em uma semana)
- Janeiro/2022: estável em 3,29% (estável em uma semana)
- Janeiro/2023: de 4,98% para 5,00% (4,89% há uma semana)
- Janeiro/2025: de 6,76% para 6,80% (6,71% há uma semana)