Bilionários que têm a maior parte de seu patrimônio investida em ações das empresas que controlam costumam ver o valor de suas fortunas oscilar bastante, de acordo com o humor dos mercados.
Quando os investidores recebem uma má notícia sobre a companhia em questão, seu maior acionista pode perder alguns bilhões de dólares em questão de dias, horas, ou até minutos.
A volatilidade característica da renda variável, contudo, também pode pender para o outro lado. Essa semana nos ofereceu mais um exemplo disso.
O francês Bernard Arnault, homem mais rico da Europa e dono da Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), maior grupo de luxo do mundo, viu sua fortuna saltar mais de US$ 6 bilhões em menos de três dias.
Com isso, o bilionário terminou a semana com US$ 100,1 bilhões, segundo o ranking em tempo real da revista americana Forbes.
O principal motivo para o salto foram os bons resultados do terceiro trimestre de seu conglomerado, divulgados no fim da última quarta-feira (9).
Vendas fortes
O império que controla mais de 70 marcas, como Christian Dior, Kenzo e Bulgari, anunciou crescimento de 11% nas vendas globais no terceiro trimestre do ano, na base anual. Os 13,3 bilhões de euros vieram acima das expectativas dos analistas, que esperavam um crescimento de 8,8%.
Na esteira da notícia, as ações da LVMH subiram mais de 6% entre os fechamentos de quarta e sexta-feira.
O resultado robusto não só animou os investidores como puxou para cima outros ativos do setor. Os papéis da Kering, dona da grife Gucci, por exemplo, subiram 4,2% apenas na quinta-feira. A fortuna de François Pinault, fundador do grupo e rival de Arnault, também cresceu US$ 1,1 bilhão, atingindo US$ 30,2 bilhões.
As vendas do conglomerado de Arnault cresceram por todo o globo, inclusive na Ásia. O resultado da região era aguardado com apreensão por analistas, por conta dos protestos em Hong Kong, território que costuma ser relevante para o mercado de luxo. As vendas da LVMH no continente (excluindo o Japão) aumentaram 12%.
A companhia destacou o crescimento do segmento de maquiagem na China, onde abriu sua primeira unidade da rede Sephora. Já no Japão, o bom resultado foi atribuído às vendas de vinhos e espumantes.
A escalada do bilionário
No início de 2019, Arnault figurava como o quarto homem mais rico do mundo, de acordo com a Bloomberg. Desde então, sua fortuna cresceu em tal ritmo que chegou a ultrapassar a de Warren Buffett e a de Bill Gates, tanto pela classificação da Bloomberg quanto da Forbes.
Com mais de US$ 100 bilhões, ele se tornou uma das únicas seis pessoas a ocupar o segundo lugar da cobiçada lista, ao lado de Jeff Bezos, Bill Gates, Warren Buffett, e Amancio Ortega.
No início de agosto, contudo, a guinada da guerra comercial e a desvalorização do yuan pelo governo chinês derrubaram as ações de todo o setor.
Em um período conturbado para as marcas de luxo, o bilionário voltou ao terceiro lugar da lista. Desde então, as ações da LVMH oscilaram bastante, até o salto desta semana. No acumulado do ano, as ações do conglomerado subiram mais de 45%.
Agora, o bilionário mais controverso da Europa se aproxima novamente de Gates, que possui uma fortuna avaliada em US$ 105 bilhões. Jeff Bezos ostenta o primeiro lugar, com US$ 108 bi. Você arrisca uma aposta?