Já ficaram conhecidas as apresentações apaixonadas a favor da redução do tamanho do Estado na economia feitas por Salim Mattar, o homem responsável pelas privatizações do governo Bolsonaro. Imagine, então, quando a audiência é formada por investidores dispostos a participar do programa de privatizações em andamento.
Esse encontro aconteceu hoje, em um evento promovido pela Abvcap, associação que reúne os gestores de fundos que investem na compra de participações em empresas (Abvcap).
Mas agora, passados cinco meses do início do governo, o secretário especial de desestatização e desinvestimento pediu a "compreensão" do público pelo fato de as privatizações e demais mudanças na economia não ocorrerem na velocidade desejada.
O secretário comparou o país a uma "locomotiva atolada no brejo". "Precisamos colocar a locomotiva sobre os trilhos", afirmou.
Mattar manteve a expectativa de superar a meta de US$ 20 bilhões (R$ 80,3 bilhões ao câmbio de hoje) em privatizações e concessões neste ano. Até o momento, foram US$ 12,1 bilhões (R$ 48,6 bilhões) - o mesmo número da última vez em que acompanhei um evento com o secretário, há um mês.
"Me manda um WhatsApp"
Ele lançou mais uma vez o desafio à plateia, ao afirmar que não conhece nenhuma estatal eficiente. "Se alguém encontrar me manda um WhatsApp", disse, mas sem revelar para qual número de celular mandar a mensagem.
O fato de algumas empresas controladas pelo governo operarem em monopólio em alguns mercados justifica a lucratividade, segundo o secretário.
Para Mattar, o estado atual da economia é resultado da "social-democracia e do esquerdismo" no governo. Na apresentação aos investidores, enumerou uma série de dados sócio-econômicos, incluindo o número de homicídios.
"Isso demonstra ausência de governo. O governo está ocupado administrando bancos seguradoras, empresas de petróleo, e não tem tempo de cuidar da segurança do cidadão", afirmou, ao defender o programa de privatizações.
Mattar comemorou a revogação da medida que criaria uma nova estatal, a NAV Brasil, a partir de uma cisão da Infraero.
"Nós não podemos permitir nascer filhotes de estatais que depois se tornam verdadeiras cascavéis", afirmou.