Cisnes negros também amam (mas não gostam de bacon)
Não é porque não estamos vendo a saída para a crise fiscal que a saída não existe. Isso é fundamental de se apreender num momento em que querem classificar pequenos desarranjos do governo Bolsonaro como um indicador de abandono da pauta liberal

Por muito tempo eu não vi. Mas no fundo eu sempre soube. “Deus é paciência. O contrário é o diabo.” Riobaldo é que sabe das coisas.
De novo, o problema da indução. Não acontece muito, só quando eu respiro. Ai, sempre ele…
Não é uma preferência pessoal. A maré das circunstâncias que nos empurra nessa direção, como se fôssemos arrastados por correntes poderosas contra as quais não podemos lutar. É uma tendência humana, de acharmos sempre que a observação de um determinado padrão será repetido no futuro.
Se trato da tendência à indução e dos erros a ela associados com tanta dedicação e frequência é justamente porque se trata de fonte prolífera de muitos problemas.
A autoimagem de onipotência, como se o nosso cérebro pudesse antecipar tudo o que virá, quer nos oferecer pretensas certezas. O que vemos hoje é tudo o que existe. Se nós nunca vimos algo, logo concluímos que ele não existe.
A questão, claro, não é nova. Possivelmente, remete ainda ao ceticismo pirrônico de… pasmem… Sextus Empiricus! A formalização do problema da indução, porém, viria pelo resgate de David Hume, ali pelo século 18 – obviamente, após passar pelas contribuições de Francis Bacon.
Leia Também
Resposta ontológica
Resumidamente, quando podemos passar do particular para o geral? Quando a repetição de um comportamento passado ou presente pode ser caracterizada como um padrão a ser repetido no futuro? Quando um contexto atual pode ser projetado como estrutural e recorrente?
A resposta ontológica ao problema viria com Karl Popper, no Mito do Contexto: “Não há montante suficiente de observações de cisnes brancos que permita nos dizer que todos os cisnes são brancos (ou que a probabilidade de achar um cisne não branco é pequena). Portanto, a indução repetitiva deve ser descartada: ela não nos permite afirmar nada”.
Afirmações categóricas existem apenas para serem rejeitadas, nunca para serem confirmadas. Daí a expressão “falseacionismo popperiano”, a noção de se falsear ideias como metodologia científica estruturada formalmente por Popper.
A vida de uma ideia ou teoria é muito perigosa: ela sempre acaba morrendo.
Queremos sempre confirmar nossas opiniões e convicções, como se elas pudessem ser “cientificamente comprovadas”, essa expressão ridícula usada como estratégia de convencimento. Confundimos, assim, ausência de evidência com evidência de ausência.
Neste exato momento, é justamente assim que está a maior parte dos analistas econômicos (desculpe se a CVM quer apropriar-se do termo “analista”, mas ele, para desgosto do regulador, existe em língua portuguesa – e em várias outras também, claro – muito antes da Instrução 598, referindo-se, segundo o Aurélio, ao “que” ou a “quem” realiza análises, tendo como exemplos as químicas, as clínicas, etc.), da imprensa e dos pretensos doutores por aí.
Não é porque não estamos vendo a saída para a crise fiscal que a saída não existe. Isso é fundamental de se apreender num momento em que querem classificar pequenos desarranjos do governo Bolsonaro como um indicador de abandono da pauta liberal e da agenda de reformas.
Dois comentários metodológicos antes de prosseguir
O primeiro: ao bom analista (e aqui me refiro a você, leitor, que diariamente faz análises sobre os acontecimentos da economia e da política brasileira e mundial), cabe separar ruído de sinal. O primeiro gera apenas flutuações aleatórias de curto prazo no preço dos ativos, criando oportunidades pontuais que merecem ser aproveitadas, pois, no tempo, serão corrigidas. O sinal é diferente: ele representa efetiva mudança dos fundamentos e das condições materiais.
O frenesi dos últimos dias sobre a verborragia do novo governo é meramente ruidoso. Na segunda, a entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao SBT trazia uma intenção de reforma da Previdência aguada. Agora, a Folha reporta planos na direção oposta, com regras de transição muito mais rígidas. Os sinais de fato virão da equipe de Paulo Guedes, do envio concreto da reforma e das negociações com o Congresso. Vamos focar no sinal, não no ruído – a capacidade de discernir e arbitrar entre essas duas coisas é fonte inesgotável de retornos extraordinários na Bolsa.
O segundo: se eu tenho um determinado nível de complexidade, é razoável imaginar que não poderia, por exemplo, supervisionar a complexidade de um ente de complexidade superior à minha. Vale o mesmo para a inteligência. Não conseguimos aqui antecipar as medidas de uma equipe mais capacitada do que nós mesmos. O gênio é o Paulo Guedes e vários dos que o cercam. Não eu, tampouco os ternos vazios italianos e muito bem cortados da Faria Lima. Aproveitando a ideia anterior: o sinal mais concreto e objetivo é que acabou a fase da fábrica de ideias e medidas ruins. Só não sabemos (nem estamos vendo) quais serão as boas ideias, mas elas virão.
Nós não estamos aqui para falar o que já é. Mas para contemplar hipóteses sobre o que pode ser e ainda não foi devidamente refletido nos preços, traduzindo-se em alternativas assimétricas de retornos.
Mercados
No momento em que a saída da crise fiscal estiver toda desenhada e escrita na capa da Folha de S.Paulo, o Ibovespa estará a 125 mil pontos.
Vamos ser diretos aqui:
i) embora todos estejam mais otimistas com o setor imobiliário neste ano, os FIIs já parecem um pouco caros – falo no geral, como classe de ativos, embora, claro, haja oportunidades pontuais. Yields comprimidos e preços de metros quadrados bem complacentes; e
ii) existe ainda algum prêmio na renda fixa, principalmente na mais longa – quando a reforma da Previdência passar, isso aqui vai andar bem ainda. Mas daí acabou, né? Deixamos de ser o paraíso do CDI e o grosso da gordura na renda fixa já foi.
Depois de O Fim do Brasil, A Virada de Mão e O Segundo Mandato Temer (metaforicamente, aposta na vitória da agenda liberal nas eleições de 2018), batizei minha nova tese macro de O Novo Fim do Brasil. Entre os seus pilares está a ideia de que o investimento em ações deixará de ser uma aberração neste país.
Conversaremos de BOVA11 enquanto tragamos Juul, andamos de patinete e vestimos happy socks. É, realmente, poderia ser melhor. Dessas quatro ações, preferia mesmo era só que uma delas fosse evidência de presença.
Mercados brasileiros iniciam a terça-feira em clima positivo, apoiados no bom humor lá fora, onde prevalece algum otimismo com negociações comerciais entre China e EUA. Depois de um dezembro trágico, Wall Street vem se recuperando neste início de 2019, espraiando menor aversão ao risco para emergentes.
Por aqui, atenção para a reunião ministerial, que pode dar detalhes sobre a agenda reformista. Produção industrial, IGP-DI, IPC-S e dados da Anfavea completam as referências do dia. Nos EUA, além das negociações com a China, vale monitorar relatório Jolts sobre tendências do emprego.
Ibovespa Futuro sobe 0,2 por cento, dólar e juros futuros recuam.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.