UE e Japão pedem ao Brasil que evite criar novas versões de incentivos condenados pela OMC
Um dos incentivos condenados, conhecido como Inovar Auto, reduzia os encargos para veículos produzidos no Brasil e foi substituído pelo programa Rota 2030
Os governos da União Europeia e do Japão lançaram um alerta ao governo de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, 11.
As nações pediram para que o governo brasileiro evite substituir simplesmente seus incentivos fiscais condenados na Organização Mundial do Comércio (OMC) por novos programas que possam ferir uma vez mais as regras internacionais e prejudicar os produtos importados.
Bruxelas e Tóquio também pediram ao governo de Bolsonaro que desmantele "sem demora" os programas considerados ilegais.
Um dos incentivos condenados, conhecido como Inovar Auto, reduzia os encargos para veículos produzidos no Brasil e foi substituído pelo programa Rota 2030.
O governo, porém, garante que o novo modelo de apoio à indústria não viola as regras do comércio.
Em dezembro, o tribunal da OMC condenou cinco programas de incentivos fiscais do Brasil e, nesta sexta-feira, a decisão foi oficialmente adotada. A partir de agora, será iniciado o período de 45 dias durante os quais o Itamaraty terá de chegar a um acordo sobre o que terá de ser feito para desmantelar o apoio hoje dado ao setor privado.
Leia Também
"Sem demora"
Para japoneses e europeus, os programas condenados precisam ser retirados "sem demora".
Criados durante o governo de Dilma Rousseff, os programas distribuiriam R$ 25 bilhões em bondades fiscais. Depois de cinco anos de contenciosos, a entidade coloca um espécie de "fronteira" à política que poderá ser adotada no País na próxima década.
Foram declarados como irregulares as formas de incentivos previstos na Lei de Informática, no Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays), além do o Inovar-Auto, da Lei de Inclusão Digital e o Programa de apoio ao desenvolvimento tecnológico da indústria de equipamentos para a TV digital (PATVD).
Três dos programas condenados já foram encerrados. Mas a Lei de Informática vence apenas no ano de 2029 e o Padis, em 2022. Ambos terão de mudar ou passarão por uma profunda reforma para que não sejam considerados mecanismos que garantem uma concorrência desleal entre produtos nacionais e importados.
O que europeus e japoneses querem é uma garantia que o novo governo brasileiro não irá apenas substituir os atuais programas por novos incentivos que, uma vez mais, garantam benefícios ilegais aos produtores no Brasil.
Ao discursar, a UE indicou que as medidas condenadas pela OMC "discriminavam de forma injusta" os produtores de veículos da UE, bens intermediários e bens de tecnologia de informação. Bruxelas ainda insistiu que o Brasil deve cumprir de forma rápida com as decisões do tribunal diante do "impacto considerável" que os incentivos geraram contra suas exportações. Bruxelas não deixou de criticar a demora da OMC em chegar a um resultado.
O governo do Japão também criticou a lentidão da OMC em dar uma solução para o caso e o fato de o processo ter durado três anos e meio. Para Tóquio, é fundamental que o Brasil "cumpra plenamente com a decisão sem a introdução de nenhuma nova medida".
O alerta japonês foi interpretado como uma indicação de que as alterações na Lei de Informática serão cuidadosamente avaliadas.
Legalmente, o fim desses programas não é tão simples, já que existem obrigações assinadas com empresas que fizeram investimentos e compromissos contratuais. Em alguns casos, membros do governo chegam a colocar em dúvida a sobrevivência de certos setores de informática se o incentivo simplesmente desaparecer e não for substituído por algo novo. Caso o Brasil não cumpra a decisão da OMC, Tóquio e Bruxelas já indicaram que irão solicitar a autorização para retaliar o Brasil.
Interpretação
Conforme o Grupo Estado antecipou, apesar de aceitar a condenação, o governo brasileiro questionou a interpretação dada pelos juízes. O argumento de Brasília é que, pelas regras internacionais, uma vez que um produto pague os impostos de importação, ele precisa receber o mesmo tratamento que um produto nacional dispõe. Trata-se do princípio do "tratamento nacional".
O Brasil insiste, porém, que os acordos da OMC permitem uma exceção, que é a capacidade de governos para conceder subsídios a produtos nacionais. O que chamou a atenção dos especialistas brasileiros é que os juízes aplicaram uma nova interpretação do texto das regras e a condenação criou o que para muitos poderia ser um precedente perigoso na jurisprudência.
Pela decisão da OMC, os juízes interpretaram as leis de forma a restringir o alcance dessa exceção, o que tornaria todos os subsídios condenáveis e ilegais. Na avaliação do Brasil, isso poderia ter consequências negativas e afetar, entre os outros setores, o da agricultura.
De acordo com o Itamaraty, se a nova interpretação vigorar, países ricos poderiam ter seus subsídios à agricultura ameaçados, já que também poderiam ser considerados como ilegais.
Outro alerta brasileiro se refere aos subsídios dados para a pesquisa e desenvolvimento, questões hoje autorizadas. Mas que, pela nova interpretação, poderia atingir até mesmo o desenvolvimento de aeronaves. O Itamaraty argumentou, por exemplo, que os incentivos americanos à Boeing poderiam ser condenados.
Em seu discurso, o Brasil indicou que 30 dos 35 países da OCDE deram algum tipo de subsídios na forma de incentivo fiscal por critérios de pesquisa e desenvolvimento.
Na avaliação do Itamaraty, membros da OMC precisa "considerar as consequências sistêmicas sérias" que podem gerar as condenações do tribunal ao Brasil.
O governo brasileiro ainda reforçou outra mensagem: a de que a nova decisão da OMC reverteu parcialmente uma condenação que, um ano antes, havia sido bem mais profunda. Na primeira instância, também tinham sido condenados o o Regime especial de aquisição de bens de capital para empresas exportadoras (Recap) e Programa Preponderantemente Exportador (PEC).
O Itamaraty, porém, conseguiu que eles fossem absolvidos. Os programas, no fundo, apoiam centenas de empresas nacionais, entre elas a Samarco e a Embraer.
Europa e Japão lamentaram a decisão e insistiram que continuam considerando que os programas são ilegais. Mas, ainda assim, aceitaram a decisão final da OMC.
Como será o novo RG e o que você precisa fazer para tirar a nova carteira de identidade
Novo RG com CPF como único número de identificação começa a ser emitido; saiba como atualizar e quais são os custos
Combate a contas fraudulentas e bets irregulares: entenda o que muda, os prazos e quem tem que cumprir as novas regras
Novas diretrizes exigem que instituições financeiras bloqueiem transações suspeitas e comuniquem operações ilícitas ao Banco Central
Não é só a Liberdade? Outro bairro de São Paulo é eleito um dos melhores do mundo para se visitar em 2026
Rico, em cultura, gastronomia, história e lazer, bairro de São Paulo entrou no ranking da Time Out como um dos melhores do mundo para visitar em 2026
Acordo sobre terras raras, crítica ao Fed, investimentos bilionários: como está a visita de Trump à Ásia
Depois da Malásia, Trump chegou ao Japão, onde firmou acordos sobre terras raras e anunciou investimentos bilionários do Japão nos EUA; agora, parte para a Coreia do Sul
Maracanã à venda? Por que os deputados do Rio de Janeiro querem privatizar um dos maiores palcos do futebol mundial
Governo do Rio de Janeiro planeja privatizar o Maracanã para reduzir a dívida estadual de mais de R$ 190 bilhões com a União
Alta dos preços de imóveis comerciais começa a esfriar e desacelera em setembro, mostra FipeZAP
Entre as 10 localidades monitoradas, Curitiba e Salvador lideraram as altas nos preços de venda de imóveis
Lotofácil vacila e Dupla Sena rouba a cena na primeira noite de sorteios da semana nas loterias da Caixa
Enquanto a Dupla Sena brilhou sozinha na segunda-feira (27), hoje uma loteria promete prêmio mais de 10 vezes maior que o da Mega-Sena
Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS final 7
Valor mínimo é de R$ 600, mas adicionais do Bolsa Família elevam o benefício médio para R$ 683,42
O município brasileiro com maior número de etnias indígenas é uma selva… de pedra
Censo 2022 do IBGE revela qual é a cidade com a maior diversidade de povos indígenas em todo o Brasil
Do tarifaço ao feliz aniversário: como um breve encontro entre Lula e Trump desviou Brasil de rota de colisão com os EUA
Em julho, a Casa Branca aplicou um tarifaço de até 50% e elevou a tensão ao rotular o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas”. Três meses depois, um cumprimento relâmpago, e um “parabéns”, abriu uma fresta para um acerto comercial
Como saber se você teve sua senha do Gmail vazada em ataque a mais de 183 milhões de contas — e o que fazer
Um dos maiores vazamentos de dados da história expôs mais de 183 milhões de contas de e-mail, incluindo endereços do Gmail; veja como saber se a sua senha foi comprometida e o que fazer.
Depois de conversa entre Lula e Trump, tarifaço se mantém, e negociações entre Brasil e EUA ainda podem levar semanas
Presidentes do Brasil e dos EUA saíram otimistas de encontro no domingo, mas tarifaço foi mantido, e acordo deve demorar semanas para sair
Decisões de juros dominam a agenda econômica em semana de balanços e de Pnad no Brasil
Os bancos centrais dos EUA, Japão e da Zona do Euro vão decidir sobre a política monetária nos países. Além disso, bancos, big techs norte-americanas e a Vale são destaques da temporada de balanços nesta semana
É dia de pagamento: Caixa libera Bolsa Família de outubro para NIS final 6
Programa do governo federal alcança 18,9 milhões de famílias em outubro, com desembolso de R$ 12,88 bilhões
Embraer (EMBR3) sente o peso do tarifaço de Trump e vê riscos de atrasos e cancelamentos entrarem no radar
O CEO da fabricante de aeronaves afirmou que nenhum cancelamento ocorreu até o momento, mas, no atual cenário, pode ocorrer no médio prazo
Empresa de saída da B3, Tesouro IPCA+ com taxa de 8% e Oi (OIBR3) de cara com a falência: veja o que bombou no Seu Dinheiro esta semana
Entenda as matérias de maior audiência de segunda-feira passada (20) para cá e fique por dentro dos principais assuntos da semana
Fim do tarifaço contra o Brasil? Lula se reúne com Trump, que fala em ‘negociação rápida’; equipes econômicas vão debater soluções ainda hoje
Além do tarifaço, Lula também discutiu sobre crise na Venezuela e sanções contra autoridades brasileiras
João Fonseca na final do ATP 500 da Basileia: veja o horário e onde assistir
João Fonseca derrotou o espanhol Jaume Munar neste sábado (25) na semifinal do ATP 500 da Basileia e agora enfrenta Alejandro Davidovich Fokina na disputa pelo título
Menos é mais: Ganhador da Mega-Sena 2932 embolsa prêmio de mais de R$ 96 milhões com aposta simples
Não foi só a Mega-Sena que contou com ganhadores na categoria principal: a Lotofácil teve três vencedores, mas nenhum deles ficou milionário
Vai fazer a prova do docente? Veja tudo o que precisa saber antes de fazer a prova
Avaliação será aplicada neste domingo (26), em todo o país; entenda a estrutura da prova e quem pode participar