E se tudo que tivermos de fazer for esperar?
Quero hoje argumentar que as condições estão postas e cabe a você apenas recebê-las, deixando que elas mesmas se manifestem, em vez de você, como investidor, manifestar sobre elas sua ansiedade e sua afobação

As coisas são tão “daqui-pra-lá”, sabe?
Você pensa no que pode fazer e no impacto potencial de suas ações sobre o mundo, sobre os outros ou até sobre si mesmo. Pensamentos e atitudes individuais ganhando formato e se manifestando sobre a realidade. A proatividade, sempre tão valorizada, como se pudéssemos a cada dia interferir no mundo para torná-lo algo melhor — ou, ao menos, tomar alguma providência sobre nosso próprio destino.
“Fiz isso pelo seu bem.” Olha, não é por nada, mas agradeço. Para o meu bem, prefiro eu mesmo escolher. Quando for pelo meu mal, daí passo a bola pra você.
Será que não poderíamos inverter um pouco o sentido dessa seta? Por que não pensar que a realidade pode se manifestar sobre nós? Que nossa capacidade contemplativa e consciente é que dá significado às coisas, como se fôssemos uma espécie de luminosidade capaz de dar substância ao que seria inanimado e sem sentido? Seriam fenômenos acontecendo a partir de nós, dando a eles a conotação ativa da sentença. A vastidão do mundo atropelando-nos como uma onda avassaladora, contra a qual não poderíamos lutar, restando apenas a contemplação e a observação.
Como Carl Sagan abriu a série de TV “Cosmos” em 1980: “Os seres humanos, embora feitos da mesma matéria das estrelas, são conscientes e, assim, uma maneira para o cosmo conhecer a si mesmo”. Ocorre um certo milagre em que as coisas externas se desocultam a partir de nós.
Heidegger oferece um diálogo poderoso, entre duas pessoas, uma mais jovem e outra mais velha — ambas parecem ser versões do próprio filósofo. Elas estão calmamente observando uma floresta e a mais velha identifica algo inesgotável vindo daquela vastidão.
Leia Também
Ao que a mais jovem responde:
“Provavelmente, você quer dizer que o amplo, que predomina na vastidão, leva-nos a algo libertador.”
Mais velha: “Não me refiro apenas à amplidão na vastidão; quero dizer também que essa vastidão nos conduz adiante e além”.
Mais jovem: “A amplidão das florestas ondula até uma distância oculta a nossos olhos, mas, ao mesmo tempo, ondula se retraindo e voltando a nós, sem nos liquidar”.
No fim da conversa, o mais jovem conclui que, em vez de tentar inutilmente superar a devastação universal (uma metáfora contra o comunismo da União Soviética de um lado e o capitalismo tecnológico dos EUA de outro), a única coisa a fazer é esperar.
A ideia remete à noção de certo relaxamento, ao “deixar-se” ou mesmo à serenidade, do original alemão “Gelassenheit”. Precisamos permitir que as coisas sigam seu curso sem interferência. Ao mesmo tempo, devemos nos virar para as coisas, sem lhes desafiar ou lhes fazer exigências. As coisas precisam ser e também precisam sair e se mostrar, sendo nosso papel recebê-las e desencobri-las.
Defesa da inação
Este é um texto em defesa da inação. Quero hoje argumentar que as condições estão postas e cabe a você apenas recebê-las, deixando que elas mesmas se manifestem, em vez de você, como investidor, manifestar sobre elas sua ansiedade e sua afobação, como se a B3 pudesse servi-lo como terapia ocupacional — não, ela não pode.
Se você ficar em frente ao computador, ávido pela dica esperta do dia, pela necessidade de tomar uma atitude a cada 24 horas, você vai fazer besteira. Tudo que você precisa fazer agora — caso ainda não tenha feito — é se posicionar uma única vez apegado a questões estruturais e aguardar. Nada além disso. Você não vai ficar “tradando”, porque, ao fazê-lo, você transforma a Bolsa num cassino — o comportamento das séries financeiras no curto prazo é altamente randômico. E, claro, num cassino as probabilidades estão a favor da banca. Não tente nadar contra a corrente.
Para flutuações diárias, somos absolutamente cegos. Mas como diria o poeta Ozzy Osbourne: “My eyes are blind, but I can see”.
Há três coisas estruturais relevantes no momento, a saber:
1 — As últimas semanas emitiram sinais contundentes de que a articulação política melhorou e caminhamos a passos largos na direção das reformas. Isso pode ser percebido com o tal pacto dos três Poderes, com o discurso muito mais amigável de Jair Bolsonaro em relação ao Congresso e até mesmo à imprensa (ou com a menor frequência no Twitter; às vezes, a ausência das redes sociais é uma presença marcante) ou com a aprovação da MP 871, do combate a fraudes no INSS (há gente séria e boa falando que a economia anual com a medida pode chegar a 40 bilhões de reais, muito acima dos 10 bilhões ventilados), aos 45 minutos do segundo tempo no Senado, antes de caducar. Há capacidade de articulação; o resto é ruído.
2 — A inflação e as expectativas de inflação desabaram em suas últimas medições. Hoje mesmo, o IPC-Fipe apontou deflação inesperada com surpresa positiva no preço dos alimentos. IPCA deve confirmar comportamento benigno nesta semana e já há quem fale em deflação oficial em junho. Em relação às expectativas, as últimas atualizações já colocam uma projeção inferior a 4 por cento para a variação do IPCA em 12 meses. Somem-se a isso a apreciação do real contra o dólar nos últimos pregões, a queda do preço das commodities (e o petróleo segue ladeira abaixo) e a bandeira verde para tarifas de energia. Com inflação sob controle e reforma da Previdência aprovada, Copom vê o caminho livre para cortar Selic no segundo semestre, possivelmente em 1 ponto percentual. Para reforçar o quadro, produção industrial de abril acaba de decepcionar fortemente — subiu 0,3 por cento, contra 0,7 por cento esperado. Economia está no chão e só restam estímulos monetários, dado que uma política fiscal expansionista está fora de cogitação — enquanto ajuste fiscal estrutural precisa ser o foco, também não podemos esquecer da gestão de curto prazo da economia. Tente contemplar o que podem ser os preços dos ativos brasileiros com reforma da Previdência aprovada e Selic a 5,5 por cento ao ano.
3 — Com a desaceleração da economia mundial, mais especificamente dos países desenvolvidos, volta o papo de queda de juro nos EUA. Europa deve manter política expansionista por mais tempo. E, ao menos por ora, a percepção é de desaquecimento, não de recessão pronunciada. Ou seja, com juros menores no centro, volta a fluir capital para a periferia. Mercados emergentes guardam correlação positiva com liquidez mundial. Vale ainda dizer que há fatores estruturais empurrando também o juro longo para baixo, como a demografia, o excesso de concentração de capital (fundos de pensão e mesmo grandes hedge funds, diante da gigantesca liquidez global, dispõem de quantias astronômicas de capital e assim se veem quase obrigados a comprar títulos de longo prazo, empurrando as taxas para baixo; falta ativo de pouco risco para comprar) e a tecnologia, que por excelência é deflacionária.
Apenas permita que essas coisas se manifestem sobre o seu bolso. Muita Bolsa (com estatais e small caps) e juro longo (sei que é um call contra tudo e contra todos, que Deus e o mundo estão na B24, mas eu gosto mesmo é da 2050) — tudo claro, com diversificação e as devidas proteções. “Safe sex or no sex at all.” Afinal, até que as coisas se desocultem sobre nós, precisamos estar vivos.
Mercados
Mercados iniciam a terça-feira em clima predominantemente positivo, de olho na recuperação no exterior e no ambiente mais favorável em prol das reformas internamente.
Aprovação da MP 871 foi muito bem recebida, enquanto queda da produção industrial e deflação do IPC-Fipe alimentaram prognóstico de afrouxamento monetário. Na Zona do Euro, saem dados de inflação e desemprego. Nos EUA, temos encomendas à indústria e fala de Jerome Powell, num momento que cresce especulação sobre queda de juro também por lá.
Ibovespa Futuro opera em alta de 0,7 por cento. Dólar e juros futuros recuam.
Existe vida após o massacre dos IPOs na bolsa? Confira as ações das novatas da B3 que podem ressurgir das cinzas
Enquanto boa parte das ações das novatas amarga perdas pesadas, gestores e analistas avaliam que é possível separar o joio do trigo e encontrar ativos de qualidade por um preço baixo; confira as principais apostas
B3 lança programa de formação em tecnologia para mulheres; veja como se inscrever
A instituição financeira oferece 50 vagas, com possibilidade de contratação no final dos cursos; as inscrições vão até 2 de agosto
Bradesco abre inscrições para o programa de estágio; confira outras vagas com bolsas-auxílio de até R$ 7 mil
Além do banco, Getnet e B3 também abriram inscrições para os programas de estágio; a maioria dos processos seletivos aceitam inscrições até o final de julho
Itaú BBA rebaixa recomendação para B3 (B3SA3) e escolhe a ação de banco favorita para comprar
A dona da bolsa brasileira deve encarar um período de baixa lucratividade, por isso teve a indicação reduzida para neutra e preço-alvo fixado em R$ 13
Oportunidade de lucros de aproximadamente 5% em swing trade com a B3 (B3SA3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade – compra dos papéis da B3 (B3SA3). Veja a análise
New York, New York! Inter (BIDI11) se despede da B3 hoje rumo à Nasdaq; confira como estão as units no último dia de negociação
A conversão para a bolsa norte-americana deve acontecer na segunda-feira (20), para que as ações sejam listadas e comecem a ser negociadas nos EUA a partir do dia 23 de junho
A B3 (B3SA3) vai ganhar uma rival? CVM abre brecha para competição entre as bolsas; entenda
Após longa discussão, CVM atualizou regulação sobre o funcionamento das bolsas e abre brecha para concorrência com a B3
XP (XPBR31), PagSeguro (PAGS34), Stone (STOC31) ou B3 (B3SA3)? Saiba qual a ação preferida do UBS no setor — e por quê
Todas elas sentem os efeitos das altas taxas de juros no Brasil — o que deve aumentar a inércia entre os investidores tradicionais de varejo —, mas uma se sobressai entre as demais
Estágio: C6 Bank, Basf e XP encerram inscrições nesta semana; confira vagas com bolsas-auxílio de até R$ 2 mil
As empresas oferecem também benefícios como vale-refeição e assistência médica; algumas vagas estão com inscrições abertas até junho
Vivo, Via e B3 abrem mais de 400 vagas para mulheres e PCDs; veja como se inscrever
No formato híbrido, presencial e home office, as vagas da Via, Vivo e B3 são voltadas para as áreas operacionais e corporativas
B3 (B3SA3) volta a corrigir erro nos dados e revela que 2021 terminou com fluxo estrangeiro negativo após R$ 77,9 bilhões em dinheiro gringo “sumirem” da conta
Vale lembrar que a entrada de capital estrangeiro ajuda na performance do mercado acionário e de câmbio. Por isso, a nova cifra não pinta um quadro positivo para o país
Getnet (GETT11) surpreende com intenção de cancelar registro na B3 e na Nasdaq sete meses após a estreia; veja quanto a empresa pagará por ação
A empresa não revelou os motivos por trás da retirada, mas uma breve análise do contexto macroeconômico e setorial pode fornecer várias pistas
Além da bolsa: B3 lança fundo de R$ 600 milhões para investir em startups
O fundo independente da B3, L4 Ventures Builder, vai investir em startups dos setores de energia, carbono e solução para fintechs
Lucro líquido da B3 (B3SA3) recua para R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre; confira os destaques financeiros da operadora da bolsa brasileira
O lucro societário, que é usado como referência para o pagamento de dividendos, apresentou queda maior e somou R$ 1,1 bilhão
Problemas para declarar o Imposto de Renda? Conheça 3 aplicativos que podem te ajudar
Conheça três ferramentas que agilizam o processo de declaração ou ajudam os investidores a calcular e recolher o IR
Ação da WEG (WEGE3) segue atrativa na bolsa e tem potencial de alta de quase 40%, diz XP
Queda do dólar pode afetar a WEG, mas expansão da energia solar no Brasil e mercado internacional se mostram favoráveis à empresa, segundo os analistas
Kora Saúde (KRSA3) anuncia programa de recompra de ações depois de queda de mais de 50% desde o IPO
Ideia do conselho de administração da empresa de hospitais que estreou na B3 em agosto é recomprar até 10% das ações em circulação até 11 de outubro de 2023
Fluxo secou? B3 corrige erro nos dados e R$ 27 bilhões em dinheiro estrangeiro “somem” da bolsa em 2022
A operadora da bolsa no país anunciou hoje que fará uma “revisão metodológica” dos dados sobre renda variável dos últimos três anos
Bolsa brasileira muda de horário na próxima segunda-feira com início do horário de verão dos EUA; confira
Mudança vai acontecer no dia 14 de março e serve para ajustar o horário do mercado local ao dos EUA
A Oi pediu e a B3 atendeu: OIBR3 vai poder continuar operando como ‘penny stock’ por mais algum tempo, mas não para sempre
Oi conseguiu junto à B3 um pouco mais de tempo para reverter a situação de penny stock sem ter que promover um agrupamento de ações