Como você define a riqueza dos bilionários? As principais publicadoras de rankings (Forbes e Bloomberg) obedecem a uma série de critérios diferentes.
Se compararmos ambas as listas, os resultados serão bastante próximos. Não há dúvidas, por exemplo, de que o homem mais rico do mundo atualmente é o fundador da Amazon, Jeff Bezos, seguido pelo criador da Microsoft, Bill Gates.
Mas se levarmos essa comparação para a dimensão espaço-tempo, as figuras podem mudar bastante de lugar. Para elencar as pessoas mais ricos de todos os tempos, seria necessário levar em conta o valor da moeda de cada época, a inflação de cada período, o poder de compra e uma série de variáveis. Também não são poucos os economistas que já se aventuraram nessa tarefa, contemplando alguns desses critérios em suas contas.
Apenas para ficar em um exemplo, John D. Rockfeller fez cerca de US$ 1,5 bilhão em sua carreira, de acordo com sua nota de óbito em 1937, no jornal americano New York Times. Em valores atuais corrigidos pela inflação, esse valor seria de US$ 26 bilhões. Mesmo com essa fortuna atualizada, ele sequer estaria no top 10 de bilionários da Forbes atualmente. Parece-lhe uma comparação justa?
Para o economista Samuel Williamson, dono do site measuringworth.com, que oferece uma série de indicadores históricos de riqueza, a resposta é um sonoro não.
O melhor critério para comparar riquezas historicamente, segundo ele, seria a fortuna relativa, isto é, a razão entre o patrimônio de cada bilionário e o produto interno bruto (PIB) de seu país à época.
Essa relação permite medir que parcela de bens e serviços disponíveis em determinado período seria de propriedade de uma única pessoa.
O valor relativo da riqueza
Assim, evita-se uma distorção comum, que diz respeito a um avanço geral do nível de vida da população no decorrer dos séculos.
Ora, de forma resumida, você pode fazer muito mais com o fruto de seu trabalho hoje do que se tivesse nascido, por exemplo, no início do século 20. Afinal, os avanços tecnológicos, a globalização do mercado e os crescentes níveis de especialização permitem que você tenha mais opções de jantar hoje do que a realeza francesa do século 18.
Ou, como gosta de lembrar o bilionário Bill Gates, o tempo semanal médio gasto por uma pessoa para lavar roupas caiu de 11, 5 horas em 1920 para uma hora e meia em 2014.
Isso significa que somos em média 10 vezes mais ricos hoje do que os habitante do século 21? Dependendo do seu critério de avaliação, é possível dizer que sim. Não é à toa que uma série de bilionários dizem que hoje é o melhor momento para se estar vivo.
Mas é justamente para não perder de vista a distribuição de riqueza de cada época que Williamson sugere outra classificação. Nela, John Rockfeller estaria muito à frente de Gates e Bezos, por exemplo. Isso porque o US$ 1,5 bi do magnata do petróleo representava cerca de 1,6% da economia americana em 1937.
Se a mesma proporção fosse aplicada hoje, ele teria nada menos que R$ 331 bilhões, três vezes a riqueza de Bezos, que detém US$ 112 bilhões.
Compare a seguir algumas das maiores fortunas da história, colocadas em perspectiva pela Bloomberg. Vale ressaltar que elas não foram colocadas em ordem e se restringem a alguns nomes selecionados pela publicação.
Jeff Bezos US$ 112 bilhões (nascido em 1964)
O fundador da então desacreditada livraria Amazon é hoje o homem mais rico do mundo. Confira aqui o nosso perfil completo sobre o magnata
Bill Gates - US$ 213 bilhões (nascido em 1955)
Durante o período em que foi o mais rico do planeta, o co-fundador da Microsoft também volta a ultrapassar Jeff Bezos, em valores proporcionais. Quer saber tudo sobre ele? Fizemos um perfil especial sobre ele aqui.
Warren Buffett (US$ 93 bilhões) (1930)
O sócio e gestor da Berkshire Hathaway Inc é conhecido por ser um dos maiores gênios da análise fundamentalista e também por sua frugalidade. Vale a pena conferir o seu perfil completo aqui.
John D. Rockefeller (US$ 331 bilhões) (1839-1937)
O magnata do petróleo ficou conhecido por construir um grande império monopolista com sua Standard Oil Company. É também considerado o primeiro bilionário americano.
Andrew Carnegie (US$ $321 bilhões) (1835-1919)
O industrial do aço é um dos clássicos exemplos de bilionários americanos que saíram do nada para construir uma fortuna. Nesta classificação de fortunas, também não há Bill Gates e Jeff Bezos que o alcancem.
Cornelius Vanderbilt (US$ 238 bilhões) (1794-1877):
Mais um empreendedor americano que construiu sua fortuna com a revolução industrial. Seus bilhões vieram, na maior parte, da marinha mercante e da construção de ferrovias.
John Jacob Astor (US$169 bilhões) (1763-1848)
Se hoje muito se discute a rentabilidade do setor imobilíario, esse bilionário do real state americano teve em sua época mais hotéis e arranha-céus do que qualquer outro nova iorquino.
John Spencer (US$ 53 bilhões) (morreu em 1610)
Comerciante que negociava com a Espanha e a Turquia e se tornou prefeito de Londres.
Leonor da Aquitânia (US$ 25 bilhões) (1122-1204):
Ninguém menos que uma das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média, tendo sido Duquesa da Aquitânia e Condessa de Poitiers. Também foi rainha da França, como esposa de Luís VII.
Alano, o Vermelho (US$ 203 bilhões) (1040-1093)
Britânico primo de Guilherme, o Conquistador, ocupou e se apossou de muitos terrenos após a conquista normanda.
Caio Apuleio Diocles (US$ 28 bilhões) (104 - 146)
Talvez o atleta mais bem pago de toda a história, tornou-se um profissional romano-lusitano no Circo Máximo, em Roma, aos 18 anos e competiu durante 24 anos.
Marcus Licinius Crassus (US$ 210 bi) (c. 115 a.C.- 53 a.C.)
Frequentemente chamado de “O homem mais rico de Roma”, o general político desempenhou um papel fundamental no que foi a transformação da República Romana no Império Romano. Ficou famoso por sua vitória contra a rebelião escrava liderada por Spartacus.
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