A agência de classificação de risco Moody's anunciou nesta quarta-feira, 28, que vai retirar os ratings da construtora e incorporadora Gafisa. Segundo a agência, os motivos para a decisão foram questões comerciais.
Antes da mudança, a última ação da agência em relação à empresa havia sido um rebaixamento do rating de B3 para Caa1, com perspectiva negativa. Vale lembrar que esse nível, para os padrões da Moody's, equivaleria a uma situação muito próxima de um calote.
Mudanças nas ações
A Gafisa vem passando por mudanças profundas nos seus negócios. Depois da troca de comando e a chegada de Mu Hak You ao poder, a empresa aprovou na terça-feira, 26, a deslistagem de seus American Depositary Shares (ADSs) da Bolsa de Nova York. O programa da construtora passou do Nível 3 para o Nível 1, com negociação somente em mercado de balcão - o que, na prática, representa a passagem para uma patente menor de Wall Street.
Para operadores ouvidos pelo Broadcast/Estadão, depois de tantos problemas envolvendo a mudança na gestão de companhia nos últimos meses, o movimento inspira cautela.
Em relatório, a equipe de analistas da Guide Investimentos ponderou que a medida é parte da estratégia da nova gestão, onde a GWI busca otimizar as estruturas administrativas da empresa e reduzir custos. A Guide lembra que parte da administração anterior já foi destituída, e a GWI vinha questionando diversas práticas. "A medida pode ainda trazer rumores sobre eventual fechamento de capital também no Brasil", observa a corretora.
Depois da decisão, a Gafisa foi a público para justificar a mudança. Segundo a companhia, foram levados em consideração os custos e benefícios do atual programa de ADR. A construtora afirma que com o passar dos anos, a relevância do programa de ADR, em relação a liquidez e volume, reduziu significativamente, o que levou à sua reavaliação.
"No passado, quando houve a listagem, havia expectativa de que os benefícios, principalmente relacionados à captação de recursos, suplantariam os custos de manutenção do Programa de ADR nível 3, incluindo auditoria externa, despesas para atender às exigências da SOX (Sarbanes Oxley) e despesas com a NYSE", diz a Gafisa no documento.
*Com Estadão Conteúdo.