Quando eu vi o tuíte de Elon Musk no 7 dia de agosto anunciando que ele iria fechar o capital da Tesla (e já tinha dinheiro para isso), logo pensei: "isso vai dar m*". A decisão de tornar uma companhia aberta em uma empresa privada novamente é algo muito sério para ser divulgado pelo Twitter pessoal do seu fundador - e também CEO e presidente do conselho. Em geral, a informação sai via fato relevante protocolado no órgão regulador. O caso ficou mais grave ainda quando a empresa desmentiu a informação.
Am considering taking Tesla private at $420. Funding secured.
— Elon Musk (@elonmusk) August 7, 2018
O tuíte de Musk fez as ações da Tesla dispararem. Os US$ 420 embutiam um prêmio aos acionistas - no pregão anterior a ação da Tesla fechou a US$ 341,99. E foram o estopim na mais grave crise que o líder da colde carros elétricos enfrentou à frente da empresa. Musk foi investigado por fraude pela Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, e teve que fechar um acordo para encerrar o caso.
Custou caro: Musk foi obrigada a pagar uma multa de US$ 20 milhões e a renunciar do cargo de presidente do conselho da montadora. E mais - não pode concorrer ao cargo pelos próximos três anos. A Tesla também terá de pagar outros US$ 20 milhões em multa e nomear mais dois conselheiros independentes para a empresa - um deles provavelmente deverá ser nomeado o novo chairman.
Custou caro para o minoritário
O mercado não gostou da saída de Musk, considerado um visionário capaz de levar a Tesla a liderança no mercado automotivo no futuro. Mas o recado da SEC é que até os gênios precisam de limites quando colocam suas empresas na bolsa de valores.
A atuação da SEC foi na defesa dos minoritários da empresa. Afinal, muita gente perdeu dinheiro com essa irresponsabilidade de Musk.
Só na última sexta-feira (28), após a divulgação do comunicado da SEC, a ação da companhia derreteu 13,9%. A empresa vale hoje mais de 20% a menos do que valia antes de Musk falar o que não devia nas redes sociais.
As perdas podem ser ainda maiores diante da saída de Musk. Conhecido por ser uma pessoa difícil e centralizadora, sua presença deve fazer falta na empresa. Que sirva de lição para os outros executivos que aliam o cargo de CEO ao de influenciadores digitais.