🔴 SELIC A 15% AO ANO ABRE OPORTUNIDADES PARA BUSCAR RETORNOS DE ATÉ IPCA + 10% – CONFIRA 5 RECOMENDAÇÕES

Ana Paula Ragazzi

ASSESSORIA FINANCEIRA

Os agentes autônomos querem ‘virar’ empresa e até ir pra Bolsa

Plataformas abertas de corretoras colocaram bilhões na mão deles. Regulação trata negócio como operação de pessoa física e cria barreiras para captação de recursos e profissionalização

Felipe Bichara, da Faros Investimentos, maior escritório de agente autônomo do país - Imagem: Marcelo Chello/Seu Dinheiro

Se você, pequeno investidor, está cada vez mais feliz nos últimos anos com a variedade de aplicações disponíveis nas plataformas abertas, sequer imagina a alegria que está levando aos profissionais conhecidos como agentes autônomos.

São eles que, assim como os gerentes dos bancos, apresentam as opções de investimento que combinam com o perfil do investidor – eles nem recomendam nem decidem, pois não são analistas ou gestores. Oferecem um cardápio e depois executam as escolhas dos clientes, ficando com uma comissão nas aplicações que fecham.

Antes de a XP lançar as plataformas no país, os agentes autônomos trabalhavam com as corretoras e, assim, como elas, só ofertavam ações. Se esse mercado ia bem, estavam bem. Mas sempre estiveram de certa forma sob conflito. Ganhavam comissões a cada vez que um investidor fechava negócio. Ou seja, em tese, o estímulo era fazer o cliente operar sempre, comprando e vendendo ações.

A partir das plataformas, assim como a XP, eles passaram a vender todo o tipo de produto. Em vez de depender de comissões apenas das vendas de ações, colocaram no menu fundos de investimento, CRIs, LCA, LCIs e etc. As receitas deles não dependem mais da instabilidade da bolsa, mas vem de rebates permanentes que recebem dos fundos, por exemplo.

Resultado? São mais de 50 escritórios de agentes autônomos rodando hoje com carteiras de clientes que somam bilhões de reais. O maior deles é a Faros, com R$ 5 bilhões. A Eu Quero Investir, tem R$ 2,5 bilhões. A Messen, R$ 3,5 bilhões. A maior parte deles cresceu junto com a XP e opera com exclusividade com a corretora.

Regulação não acompanhou

Mas se a atividade dos agentes autônomos mudou completamente, o mesmo não se pode dizer das regras que a regem, ditadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A última revisão dessa atividade pela autarquia é de 2012, antes do boom das plataformas.

Leia Também

A CVM enxerga a atividade como sendo de pessoa física e não de empresas. Por conta disso, os agentes autônomos só podem ter como sócios outros agentes autônomos. Ou seja, se quiserem trazer um sócio investidor para o negócio, não estão autorizados. Se quiserem deixar a empresa como herança para os filhos, também não. Na prática, sequer podem ter funcionários.

“Queremos mudar isso pois só com novos investidores conseguiremos crescer e fazer os investimentos necessários no nosso negócio. Da forma como as coisas estão, se eu quiser crédito, preciso tomá-lo como pessoa física”, explica Marcello Popoff, do escritório Lifetime, que tem R$ 1,5 bilhão em recursos assessorados.

Popoff também é presidente da Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI). A associação já existe há alguns anos, mas está começando a ganhar representatividade de um ano para cá. De acordo com os números estimados por ela, conta hoje com mil agentes autônomos, ou um terço de todos eles. Reúne 105 escritórios e 30 mil clientes, responsáveis por R$ 30 bilhões .

A ABAAI já encaminhou o pleito de mudança regulatória para a CVM, no âmbito do processo de redução do custo regulatório no mercado brasileiro.

Barreira para atrair investidores

Antes da mudança regulatória de 2012, os agentes autônomos podiam ter um sócio, com participação de 2% do negócio, apenas para capitalizá-lo. E não precisavam trabalhar, na compra e venda de ações em bolsa, com apenas uma corretora. A regra foi alterada porque essa estrutura gerava problemas. Como em qualquer ramo de atividade, existia bons e maus profissionais. E eram vários os casos de agentes que atendiam mal os clientes, por exemplo, operando sem a permissão deles. A autarquia identificou que não existia um padrão de atendimento e avaliou que se ele tivesse que trabalhar com apenas uma corretora, isso seria resolvido. Mas também retirou a possibilidade do sócio investidor.

“A questão é que o agente autônomo age como um preposto, ou seja, não funciona sozinho. Ele não faz nada se não se vincular a uma instituição financeira”, resume Guilherme Cooke, sócio do Velloza Advogados e que acompanha as demandas da ABAAI. Nas condições atuais, qualquer problema que houver no negócio, o profissional, inclusive, responde com o patrimônio pessoal. “O setor está crescendo muito, muito rapidamente e essa estrutura regulatória deixou de ser adequada”, afirma Cooke.

Na avaliação do advogado, esse crescimento tem sido muito benéfico. “O incentivo mudou. Antes, trabalhando só com ações, ele ficava mais propenso a incentivar o cliente a operar cada vez mais para ele ganhar com taxas. Agora, como apresenta todo tipo de aplicação, pode conseguir receitas mais fixas, vindas de um pedaço das taxas de administração das gestoras. É nesse momento que eles passam a ficar gigantes”, diz Cooke.

No entanto, eles não têm a opção de virar empreendedores e ficam presos a uma estrutura de prestadores de serviços. “O pedido da ABAAI não é apenas de trazer o sócio, mas de que essas firmas possam transformar-se em sociedades empresariais, não prepostos. Porque hoje, dentro da indústria de distribuição, não existe meio termo. Ou você é uma instituição financeira (corretora) ou você é uma pessoa física (agente autônomo).”

Felipe Bichara, sócio da Faros Investimentos, agente autônomo com maior carteira de clientes no país - Imagem: Marcelo Chello/Seu Dinheiro

Felipe Bichara, da Faros, diz que no padrão atual a possibilidade de trazer investidores é uma necessidade. “Precisamos investir em controllers, em back offices , em sistemas de tecnologia, para que possamos continuar crescendo e atendendo bem nosso cliente. Mas hoje a motivação para fazer isso é reduzida, pois nosso ativo não tem um valor como negócio”, diz. Segundo ele, poderá existir até mesmo uma demanda de clientes represada.

Nos Estados Unidos, onde 90% das pessoas investem via agentes autônomos, esses negócios ficaram tão grandes que até listaram suas ações em bolsa. Fazer o mesmo por aqui é o sonho de alguns desses profissionais. No futuro eles ainda podem exercer um papel relevante até mesmo na consolidação das plataformas. A maioria dos integrantes da ABAAI trabalha com a XP, ainda em exclusividade. Mas à medida que crescem, se forem para concorrentes, podem impactar o total de ativos sob custódia de uma ou de outra. Esse critério de exclusividade de trabalho a uma corretora foi derrubado no caso da XP por exigência de Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Banco Central, na aprovação da compra de metade da empresa pelo Itaú, concluída em agosto.

Mas não é só isso que eles querem. Outro ponto da luta deles é a denominação da profissão. Enquete feita pela ABAAI identificou que 90% dos profissionais gostariam que o nome fosse trocado para “assessor de investimentos”.

Leia também:

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
NOVATA NO PEDAÇO

XP anuncia novo acordo para criação de corretora em sociedade com escritórios de agentes autônomos

21 de janeiro de 2022 - 14:04

Os escritórios BRA e BS Investimentos são especializados no atendimento de clientes focados em renda variável e, juntos, possuem quase 90 mil clientes na rede da XP

SD Entrevista

Como a compra da corretora Ideal pode fazer o Itaú partir para o ataque e abrir um novo filão em investimentos

13 de janeiro de 2022 - 12:19

Banco viu na Ideal uma forma de complementar a oferta para os investidores que não são clientes do banco, diz Carlos Constantini, diretor do Itaú

Banco contra-ataca

Após vender XP, Itaú faz nova aposta em corretoras e investe R$ 650 milhões na Ideal

13 de janeiro de 2022 - 8:36

O maior banco privado brasileiro anunciou a compra de 50,1% do capital da Ideal e volta a ter um cavalo na corrida das plataformas de investimento

DE OLHO NA OPERAÇÃO

XP (XPBR31) e Inter (BIDI4) sobem embalados pelas prévias operacionais; Goldman Sachs vê potencial de alta de 116,5% em ações da XP

11 de janeiro de 2022 - 16:49

Papéis do Banco Inter (BID4) têm dia de volatilidade alta, XP (XPBR31) sobe com força após publicação de dados operacionais favoráveis

Plataformas de investimento

XP e Modal ‘juntos e separados’: o que está por trás da compra e o que muda para o investidor

7 de janeiro de 2022 - 15:03

Na guerra das plataformas de investimento, XP pagou barato e ainda eliminou um concorrente ao comprar o Modal por um valor equivalente a R$ 3 bilhões

AJUSTE DE ROTA

Bank of America corta de US$ 56 para US$ 40 preço-alvo da XP

16 de dezembro de 2021 - 19:22

‘Enchente’ de ações pode pressionar o preço dos papéis para baixo; entenda

DINHEIRO NO BOLSO

Dividendos: Itaúsa vai distribuir mais de 1 bilhão em proventos; saiba como receber

14 de dezembro de 2021 - 18:39

Decisão de vender ações da XP já era antecipada por investidores, o problema era saber quando; entenda

VEM LEI POR AÍ?

Bitcoin (BTC) no Congresso: Projeto de lei coloca BC como regulador de exchanges e imposto zero para mineração por fontes renováveis

4 de dezembro de 2021 - 7:00

O relator do projeto enviou parecer para a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que pediu mais tempo para analisar as propostas

NOVATA NA FINAL

Não estranhe: patrocinadora da final entre Palmeiras e Flamengo é a nova corretora de criptomoedas do Brasil; conheça Crypto.bom

27 de novembro de 2021 - 16:00

A exchange resolveu investir no segmento de esportes e patrocina Fórmula 1, NBA e até o campeonato europeu

CORRETORA NOVATA

Nova patrocinadora da final entre Palmeiras e Flamengo, exchange Crypto.com tem criptomoeda com alta de mais de 1.200% no ano

25 de novembro de 2021 - 16:31

Guilherme Sacamone, chefe de crescimento da Crypto.com no Brasil, concedeu uma entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro no lançamento da corretora no país

CASHBACK IS THE NEW BLACK

De cashback de R$ 1 milhão a upgrade no salário: veja as ofertas de Black Friday de bancos e corretoras e descubra quais valem a pena

25 de novembro de 2021 - 5:30

Promoções que oferecem cashback explodiram neste ano, mas em geral, bancos e corretoras vêm fracos para a Black Friday

Bolo cheio de conquistas

Vitreo chega aos R$ 13 bilhões em ativos em três anos e mira crescer além dos fundos temáticos

22 de outubro de 2021 - 7:13

Jojo Wachsmann, sócio-fundador da plataforma, fala sobre o começo da gestora na sala de casa e dos planos após a venda para o BTG Pactual

Aumentando a aposta

Coinbase vai investir parte do seu caixa e lucro em criptomoedas; saiba o que os analistas da ação acharam disso

22 de agosto de 2021 - 17:27

Aumento da exposição a criptomoedas aumenta o risco, mas também mostra compromisso da exchange com o negócio

exchange de cripto na bolsa

Binance está “em rota” de fazer um IPO, segundo CEO da corretora

23 de julho de 2021 - 13:28

Para fazer um IPO mais tradicional, a Binande deve mexer significativamente nas bases da empresa. “Estamos montando essas estruturas”, disse ele

Sem autorização

Agência reguladora italiana proíbe a exchange Binance de atuar no país; Reino Unido também coloca restrições

15 de julho de 2021 - 10:06

A Consob estendeu o alerta para os ativos criptográficos em geral, alegando que a negociação “pode ​​implicar na perda total das somas de dinheiro investidas”

Nova parceria

Com mercado em expansão, XP e Blue3 se unem para criar nova corretora

28 de junho de 2021 - 12:17

Companhias serão sócias na nova empreitada, e gestora fundada por Wagner Vieira e Leone Cabral terá o controle, com 50,1% do capital

Procura-se

Donos de exchange da África do Sul ‘desaparecem’ com US$ 3,6 bilhões em bitcoins após suposto ataque hacker

24 de junho de 2021 - 9:50

A maneira como as moedas foram embaralhadas torna quase impossível que as autoridades rastreiem para onde foram os bitcoins

Renda variável

Na batalha das corretoras, Rico vai zerar taxa em operações com opções

18 de junho de 2021 - 13:29

A medida busca tornar a corretora mais competitiva e reforçar a atuação do grupo no ramo da renda variável

Nova parceria

XP e Messem Investimentos anunciam acordo para criação de nova corretora

31 de maio de 2021 - 7:01

Empresa de Guilherme Benchimol ficará com 49,9% do novo empreendimento, e objetivo é oferecer mais alternativas de produtos aos clientes

Briga pelos seus investimentos

BTG avança no terreno da XP e atrai mais de 40 escritórios de agentes autônomos

19 de maio de 2021 - 16:34

Os maiores escritórios ligados à XP passaram a ser responsáveis por bilhões em recursos de clientes, o que despertou a atenção da concorrência — e em particular do BTG

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar