Sem saída para a Inglaterra e à espera da Reforma da Previdência
Rejeição ao acordo do Brexit traz instabilidade ao mercado

De goleada. Por 432 votos contra e 202 a favor, o acordo proposto pela primeira-ministra britânica, Theresa May, para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit, foi rejeitado pelo Parlamento. E essa derrota esmagadora - a maior de um governo desde 1924 - deixa dúvidas sobre o que vem a seguir, elevando a cautela no mercado financeiro global.
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Theresa May tem agora três dias para apresentar um “plano B”, a ser novamente apreciado pelos parlamentares. Antes, porém, ela deve enfrentar um novo voto de desconfiança, após pedido de moção feito pelo líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn. O tema deve ser discutido já nesta quarta-feira (17h) e leva em conta a falta de apoio da maioria do Parlamento à proposta da primeira-ministra.
Em meados de dezembro, May já havia sido alvo de moção semelhante, apresentada pelo seu próprio partido, o Conservador. À época, ela saiu vencedora. Mas, desta vez, o placar pode ser outro. A votação de ontem humilhou a primeira-ministra e deixou o Brexit sem saída.
Para os apoiadores à retirada da ilha britânica da UE, a proposta de May é “moderada demais”. Para esse grupo, o desligamento deve ser abrupto e sem condicionantes. Já para os oponentes ao Brexit, o plano de saída gradual e com um período de transição é muito abrangente.
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Seja como for, o Reino Unido tem data para deixar o bloco comum de 28 países europeus. E se o dia 29 de março chegar sem um acordo com apoio do Parlamento e aprovado pela União Europeia, os efeitos econômicos em ambos os lados do Canal da Mancha podem ser bem mais severos.
O tempo, portanto, está passando e ainda existem muitas possibilidades. Se May perder no voto de desconfiança, deve ser formado um novo governo em 14 dias ou uma nova eleição será convocada. Nesse caso, pode haver até um novo plebiscito sobre o Brexit.
Por outro lado, se permanecer no cargo, May pode tentar renegociar com a UE o acordo e o prazo para além de 29 de março. O problema é que a derrota retumbante ontem sinaliza que, ao invés de garantir o apoio necessário, o Reino Unido está caminhando para um final ainda mais dramático do Brexit.
Diante desse cenário indefinido na segunda maior economia europeia, a libra esterlina e os índices futuros das bolsas de Londres oscilam na linha d'água, com um ligeiro viés negativo, apagando perdas maiores registradas durante a madrugada. Do outro lado do Atlântico Norte, os índices futuros das bolsas de Nova York ensaiam ganhos, após uma sessão mista na Ásia, onde a Bolsa de Tóquio caiu, mas Xangai e Hong Kong tiveram leves altas.
Nos demais mercados, o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) está estável na faixa de 2,71%, ao passo que a diferença entre o rendimento (yield) do papel de cinco (T-bill) e de 30 anos (T-bond) segue em níveis vistos pela última vez há um ano. Já o barril do petróleo tipo WTI tenta se sustentar em US$ 52.
Entre as moedas, destaque para o yuan chinês (renminbi), que caiu em relação ao dólar, após o Banco Central do país (PBoC) injetar uma quantia recorde de recursos no sistema financeiro via operações de mercado aberto, de modo a garantir a liquidez antes do feriado do Ano Novo Lunar, no início do mês que vem.
Outros focos de tensão
Lá fora, além das preocupações sobre o Brexit, também prosseguem o temor quanto à desaceleração econômica da China e o impasse envolvendo o governo dos Estados Unidos (shutdown). A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo é outro foco de tensão que continua no radar.
Afinal, está difícil acreditar em um “grande acordo” iminente entre Washington e Pequim. Desde a trégua de 90 dias, em vigor desde dezembro passado, o que há entre os dois países é apenas a retomada das negociações, que estavam emperradas por causa da rodada de taxações e retaliações de ambos os lados.
Nenhuma das questões estruturais - ligadas à tecnologia - e das queixas da Casa Branca - sobre os subsídios chineses às empresas locais, por exemplo - foram abordadas na fase atual. Essa falta de progresso em questões-chave reduz a chance de um desfecho definitivo, apesar do encontro previsto no fim deste mês.
O único alívio, por ora, vem da paciência do Federal Reserve na condução da política monetária nos EUA. O tom suave (“dovish”) na fala de diversos integrantes do Fed sugere que o plano de voo de elevar a taxa de juros norte-americana mais duas vezes neste ano pode ser revisto, impedindo uma escassez maior de recursos pelo mundo.
Previdência só depois de Davos
A ausência de fatos novos sobre a reforma da Previdência deixa os negócios locais mais reféns do ambiente internacional. Mesmo assim, pegou mal ontem a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro só deve bater o martelo sobre a proposta da equipe econômica para a reforma da Previdência na volta do fórum econômico de Davos.
O evento na cidade suíça acontece entre os dias 22 e 25 de janeiro e será a estreia internacional do presidente Bolsonaro. Recém-empossado como líder da maior economia da América Latina, ele estará nos holofotes da elite financeira e política mundial. Será, portanto, uma grande oportunidade para mostrar seu governo.
Depois, o presidente fará a cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, colocada após o ataque à faca sofrido pelo então candidato do PSL durante ato de campanha na cidade mineira de Juiz de Fora. Mas, antes, ele irá decidir sobre as novas regras para a aposentadoria.
A previsão é de que as medidas sugeridas pela equipe econômica sejam entregues ao presidente na próxima semana. Ontem, os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) voltaram a debater a proposta do governo para a reforma da Previdência, mas não houve novidades sobre o tema.
O mercado financeiro brasileiro tem visto com “bons olhos” o noticiário sobre mudanças mais duras na Previdência, que incluiriam o funcionalismo público e um regime de capitalização, além da fixação de uma idade mínima para homens e mulheres. Isso tem gerado grande expectativa, com os investidores - locais, principalmente - "comprando as ideias do governo".
Diante de tanto entusiasmo, já se ventila até a possibilidade de o Brasil conseguir melhorar a nota de risco de crédito (rating), tornado o país mais bem visto pelos investidores estrangeiros. Mas ainda faltam detalhes sobre a proposta efetiva e grande parte das apostas do mercado local tem se sustentado “sem grandes bases”.
Tampouco se sabe do apoio político no Congresso a essas medidas. A estratégia do governo é revelar o conteúdo em primeira mão aos parlamentares, mas o mercado torce para que algo seja “vazado” pela imprensa. Seja qual for o projeto final, as centrais sindicais tentam organizar uma greve geral para marcar oposição.
Agenda do dia
A paralisação do governo dos Estados Unidos (shutdown) segue em curso, o que deve adiar alguns indicadores econômicos previstos para hoje. Entre eles, são esperados o desempenho das vendas no varejo norte-americano durante o mês de Natal e os dados de estoque das empresas do país em novembro. Mas essas divulgações ainda não estão confirmadas.
Com isso, o calendário de indicadores e eventos econômicos norte-americano pode trazer apenas dados do setor imobiliário e sobre os preços de importação (13h30), além dos estoques de petróleo bruto e derivados no país (14h). O Federal Reserve também publica o Livro Bege (17h), com relatos sobre a situação econômica no país.
Na safra de balanços norte-americana, destaque para os resultados trimestrais dos bancos Morgan Stanley, Goldman Sachs e Bank of America.
No Brasil, a agenda econômica traz como destaque o desempenho do setor de serviços em novembro (9h). O dado, juntamente com o resultado da indústria e do varejo, ajuda a traçar o cenário da economia doméstica na reta final de 2018. Antes, às 8h, sai o primeiro IGP do mês, o IGP-10, que será divulgado apenas hoje.
Depois, às 12h30, é a vez dos dados do Banco Central sobre a entrada e saída de dólares do Brasil até a sexta-feira passada. Os números serão importantes para medir o apetite dos investidores estrangeiros pelos ativos brasileiros, em meio à onda de otimismo do mercado local com agenda de reformas do novo governo.
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