O dia em que Trump sentiu o calor do sangue latino e teve que recuar — mas essa foi só a ponta do iceberg
Depois da negativa da Colômbia em receber deportados, o republicano ameaçou com tarifas, mas sentou à mesa e fechou um acordo graças a uma ajudinha vinda da China

Quando o voo com deportados brasileiros por Donald Trump fez um pouso de emergência em Manaus, aparecia a ponta de um iceberg no meio de um oceano de problemas de imigração.
As autoridades brasileiras não autorizaram o seguimento do voo fretado para Belo Horizonte na noite de sexta-feira (24) em função do uso das algemas e correntes nos passageiros e do mau estado da aeronave — que, entre outros problemas, apresentava uma pane no sistema de ar condicionado.
Um avião da FAB com os deportados dos EUA só chegou a Minas Gerais na noite de sábado (25). Em meio a notas de repúdio de autoridades brasileiras, o Itamaraty pediu explicações a Trump.
Logo no primeiro dia na presidência dos EUA, o republicano assinou decretos destinados a impedir a entrada de imigrantes no país.
Em seguida, Trump começou a mandar os imigrantes ilegais de volta para casa — na noite da última quinta-feira (23), 538 pessoas foram detidas e centenas foram deportadas no que a Casa Branca classificou como “a maior operação de deportação em massa da história”.
Mas essa era apenas a ponta do iceberg.
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No domingo (26), a Colômbia fechou os céus para dois aviões militares dos EUA com imigrantes que estavam sendo deportados. O México já havia tomado decisão parecida na semana passada.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, condenou a operação norte-americana, afirmando que Trump tratava os imigrantes como criminosos e que só receberia aviões civis com pessoas tratadas com civilidade.
O colombiano fez questão de lembrar a Trump que cerca de 15,6 mil norte-americanos vivem irregularmente na Colômbia e que eles deverão se apresentar às autoridades de imigração.
O republicano não perdoou: ameaçou a Colômbia com medidas de retaliação, incluindo tarifas, sanções e proibições de viagens.
Um comportamento esperado diante da recusa colombiana, certo?
Em qualquer busca rápida, a expressão “ponta do iceberg” será definida como parte de um problema ou situação que é visível ou aparente. Ou seja, uma pequena parte visível de algo muito maior que está imerso na água.
A China é a parte muito maior dessa história e que está imersa na água.
No meio do oceano de disputas sobre os imigrantes ilegais, Pequim lança seu bote salva-vidas para resgatar Petro.
Zhu Jingyang, embaixador chinês na Colômbia, escreveu em seu perfil no X: “Como disse o chanceler Murillo durante sua visita à China em outubro de 2024, estamos no melhor momento nas relações diplomáticas entre China e a Colômbia, que comemoram 45 anos em 2025”.
Uma visita do presidente colombiano à China está prevista para o mês de outubro de 2025 — vale lembrar que várias atividades de intercâmbio cultural entre China e Colômbia estão acontecendo em diversas cidades colombianas neste ano.
O bote chinês para resgatar Petro das garras de Trump foi o suficiente para fazer com que o governo norte-americano recuasse. Os dois países fizeram um acordo.
Do lado da Colômbia, os aviões com deportados serão recebidos, enquanto as autoridades do país vão aos EUA se reunir com Trump.
Do lado norte-americano, a retaliação sobre vistos seguirá em vigor até que os primeiros colombianos sejam devolvidos com sucesso. A taxação só será adotada se Petro não cumprir o acordo.
Enquanto isso, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, convocou para a quinta-feira (30) uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac).
O Brasil faz parte do grupo. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já confirmou que irá à capital hondurenha, Tegucigalpa, para o encontro.
Embora não mencione Trump nominalmente, a agenda do encontro inclui temas como imigração, ambiente, e Unidade Latino-Americana e Caribenha.
Toda essa história já valeria se acabasse aqui, mas tal qual um iceberg, relatórios do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA mostram que o governo de Joe Biden deportou mais brasileiros do que o primeiro mandato de Trump.
Entre janeiro de 2021 e janeiro de 2025, a gestão do democrata expulsou 7.268 pessoas para o Brasil, enquanto o primeiro governo do republicano, entre 2017 e 2020, deportou 6.771 brasileiros.
Há grandes chances de Trump rapidamente superar Biden nesse novo mandato.
No entanto, as deportações de imigrantes ilegais não se restringem a brasileiros e pressionam o mercado de trabalho e a inflação nos EUA, situação que tende a adiar novos cortes e juros por lá e nos lembrar de que nada é tão ruim que não possa piorar.
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