Donald Trump: fatos e factoides — e o real impacto nas bolsas de valores, moedas e taxas de juros
Trump fez exatamente o que seus eleitores esperavam e seus detratores temiam nos primeiros dias de administração

Os primeiros dias da administração Donald Trump não surpreenderam ninguém. Ele fez exatamente o que seus eleitores esperavam e seus detratores temiam.
Para o mercado financeiro (e aqui vale não só para os Estados Unidos, como também para o resto do mundo), o que interessa é avaliar como as medidas trumpistas afetarão as bolsas de valores, moedas e taxas de juros.
As primeiras reações foram positivas. Tão logo o resultado das urnas foi divulgado, os índices acionários S&P 500, Nasdaq e Dow Jones experimentaram forte elevação, elevação essa que perdurou entre as eleições e a posse e continuou após a chegada de Trump à Casa Branca.
Bem, mas tudo isso é passado. O que importa agora é como esses ativos se comportarão daqui para a frente.
Trump 1 x Trump 2
Comparações com o primeiro mandato de Donald Trump não são de muita valia. Isso porque, naqueles quatro anos, o principal fundamento dos mercados foi a pandemia de Covid, que resultou em 1,2 milhão de mortes no país, quase três vezes mais do que de soldados dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
Em meu juízo, a passividade e o negacionismo de Donald Trump durante a pandemia lhe valeram, em 2020, a derrota para Joe Biden, candidato democrata que recebeu 306 votos no Colégio Eleitoral, contra 232 do republicano.
Leia Também
No voto popular, a vantagem de Biden contra Trump foi de 4,5 pontos percentuais (51,3% a 46,8%).
A derrota de Trump só não foi maior porque, quando ele percebeu o tamanho do estrago da pandemia, aceitou e reforçou estímulos bilionários que haviam sido concedidos antes por Barack Obama.
Vale lembrar também que, naquela ocasião, as taxas de juros estabelecidas pelo FOMC (Federal Open Market Committee – Comitê Federal de Mercado Aberto) caíram para zero.
Portanto, o cenário agora para a administração Trump é totalmente distinto. A inflação americana está alta (2,9% ao ano, medida pelo CPI – Índice de Preços ao Consumidor) e, para levá-la para sua meta (2% a.a., segundo o índice PCE, de consumo pessoal), o FOMC terá de manter (ou até elevar) as taxas de juros, atualmente na faixa de 4,25% a 4,50%.
Trump já está esperneando contra os juros altos, mas não há nada que ele possa fazer, já que o Federal Reserve (banco central americano) é autônomo em suas decisões.
Menos imigrantes, mais tarifas, mais inflação
Há duas medidas prometidas pelo presidente Donald Trump que, se implementadas para valer, serão inflacionárias.
Uma delas seria a expulsão de 11 milhões de imigrantes ilegais, o que redundaria na substituição desse pessoal por mão de obra americana ou estrangeira legalizada, substituição essa que forçaria um aumento generalizado de salários.
Outra medida (também promessa de campanha), a imposição de tarifas aduaneiras mais altas para produtos importados, também empurraria para cima os preços desses bens para o consumidor final.
Evidentemente, essas duas coisas (expulsão de imigrantes e aumento de tarifas) foram feitas para ganhar as eleições. Melhor dizendo, factoides típicos do trumpismo raiz.
Mas alguma coisa deve sair para satisfazer (ou enganar) os eleitores.
Uma medida que não tem a menor possibilidade de se tornar realidade é o abandono do princípio de jus soli, através do qual todas as pessoas nascidas em um país (no caso, os Estados Unidos) são automaticamente cidadãs desse país.
Para que os EUA passassem a ser regidos pelo princípio de jus sanguinis (nacionalidade herdada dos pais), seria necessária uma emenda constitucional estabelecendo isso.
Só que, para que essa emenda fosse posta em prática, seria necessária a aprovação de dois terços dos senadores e dois terços dos integrantes da Câmara dos Representantes (maioria essa que o Partido Republicano está longe de ter), fora a chancela por parte de dois terços dos órgãos legislativos estaduais.
Tudo isso é motivo de debates acalorados, que extravasam as fronteiras dos Estados Unidos, já que interessam a todo o mundo.
Acontece que o mercado financeiro é pragmático. Ele vai se mover de acordo com os resultados da economia.
É isso, e somente isso, que os investidores devem acompanhar.
A conferir.
Um abraço,
Ivan Sant'Anna
Assista também: DE TRUMP A LULA: Como fica o Brasil no novo xadrez econômico global? I Touros e Ursos #207
Resposta dos EUA à condenação de Bolsonaro deve vir nos próximos dias, anuncia Marco Rubio; veja o que disse secretário de Estado norte-americano
O secretário de Estado norte-americano também voltou a criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes
TikTok vê luz no fim do túnel: acordo de venda do aplicativo nos EUA é confirmado por Trump e por negociador da China
Trump também afirmou em sua rede social que vai conversar com o presidente chinês na sexta sobre negociação que deixará os jovens “muito felizes”
Trump pede que SEC acabe com obrigatoriedade de divulgação trimestral de balanços para as empresas nos EUA
Esta não é a primeira vez que o republicano defende o fim do modelo em vigor nos EUA desde 1970, sob os argumentos de flexibilidade e redução de custos
O conselho de um neurocientista ganhador do Nobel para as novas gerações
IA em ritmo acelerado: Nobel Demis Hassabis alerta que aprender a aprender será a habilidade crucial do futuro
China aperta cerco ao setor de semicondutores dos EUA com duas investigações sobre práticas discriminatórias e de antidumping contra o país
As investigações ocorrem após os EUA adicionarem mais 23 empresas sediadas na China à sua lista de entidades consideradas contrárias à segurança norte-americana
Trump reage à condenação de Bolsonaro e Marco Rubio promete: “os EUA responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”
Tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros tiveram origem no caso contra Bolsonaro e, mais recentemente, a Casa Branca chegou a mencionar o uso da força militar para defender a liberdade de expressão no mundo
Como um projeto de fim de semana do fundador do Twitter se tornou opção em meio ao corte das redes sociais no Nepal
Sem internet e sem censura: app criado por Jack Dorsey ganha força nos protestos no Nepal ao permitir comunicação direta entre celulares via Bluetooth
11 de setembro: 24 anos do acontecimento que ‘inaugurou’ o século 21; eis o que você precisa saber sobre o atentado
Do impacto humano à transformação geopolítica, os atentados de 11 de setembro completam 24 anos
Bolsa da Argentina despenca, enquanto mercados globais sobem; índice Merval cai 50% em dólar, pior tombo desde 2008
Após um rali de mais de 100% em 2024, a bolsa argentina volta a despencar e revive o histórico de crises passadas
Novo revés para Trump: tribunal dos EUA mantém Lisa Cook como diretora do Fed em meio à disputa com o republicano
Decisão judicial impede tentativa de Trump de destituir a primeira mulher negra a integrar o conselho do Federal Reserve; entenda o confronto
EUA falam em usar poder econômico e militar para defender liberdade de expressão em meio a julgamento de Bolsonaro
Porta-voz da Casa Branca, Caroline Leavitt, afirmou que EUA aplicaram tarifas e sanções contra o Brasil para defender “liberdade de expressão”; mercado teme novas sanções
A cidade que sente na pele os efeitos do tarifaço e da política anti-imigrantes de Donald Trump
Tarifas de Donald Trump e suas políticas imigratórias impactam diretamente a indústria têxtil nos Estados Unidos, contrastando com a promessa de uma economia pujante
Uma mensagem dura para Milei: o que o resultado da eleição regional diz sobre os rumos da Argentina
Apesar de ser um pleito legislativo, a votação serve de termômetro para o que está por vir na corrida eleitoral de 2027
Mark Zuckerberg versus Mark Zuckerberg: um curioso caso judicial chega aos tribunais dos EUA
Advogado de Indiana acusa a Meta de prejuízos por bloqueios recorrentes em sua página profissional no Facebook; detalhe: ele se chama Mark Zuckerberg
Depois de duas duras derrotas em poucas semanas, primeiro-ministro do Japão renuncia para evitar mais uma
Shigeru Ishiba renunciou ao cargo às vésperas de completar um ano na posição de chefe de governo do Japão
Em meio a ‘tempestade perfeita’, uma eleição regional testa a popularidade de Javier Milei entre os argentinos
Eleitores da província de Buenos Aires vão às urnas em momento no qual Milei sofre duras derrotas políticas e atravessa escândalo de corrupção envolvendo diretamente sua própria irmã
Como uma missão ultrassecreta de espionagem dos EUA levou à morte de inocentes desarmados na Coreia do Norte
Ação frustrada de espionagem ocorreu em 2019, em meio ao comentado ‘bromance’ entre Trump e Kim, mas só foi revelado agora pelo New York Times
Ato simbólico ou um aviso ao mundo? O que está por trás do ‘Departamento de Guerra’ de Donald Trump
Donald Trump assinou na sexta-feira uma ordem executiva para mudar o nome do Pentágono para ‘Departamento de Guerra’
US Open 2025: Quanto carrasca de Bia Haddad pode faturar se vencer Sabalenka, atual número 1 do mundo, na final
Amanda Anisimova e Aryna Sabalenka se enfrentam pela décima vez, desta vez valendo o título (e a bolada) do US Open 2025
Warsh, Waller e Hasset: o trio que ganhou o “coração” de Donald Trump
O republicano confirmou nesta sexta-feira (5) que os três são os preferidos dele para assumir uma posição fundamental para a economia norte-americana