Crescer no contraciclo: a receita do CEO da SLC Agrícola (SLCE3) para colher bons frutos em meio à baixa do agronegócio e ainda pagar dividendos
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Aurélio Pavinato fala da importância da boa gestão de riscos e da diversificação para superar os contratempos do setor e do impacto da guerra comercial de Trump para os negócios

Quem leva uma vida urbana costuma reclamar quando chove — porque prejudica o trânsito, estraga a praia ou atrapalha os passeios planejados para o fim de semana. Mas para quem é da roça, chuva (na hora certa, claro) é coisa a ser comemorada.
Ainda mais quando é chuva no Mato Grosso no fim de maio, época de seca no Estado, dando o último gás que faltava para as culturas de milho e algodão. Quem celebrou, no caso, foi Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola (SLCE3), uma das maiores produtoras de commodities do país. O executivo conversou com o Seu Dinheiro nos últimos dias do mês passado.
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“Está chovendo hoje no Mato Grosso, uma coincidência! Deu uma chuva lá no Sapezal, no oeste do Mato Grosso”, contou o CEO, animado. “As safras de milho e de algodão estão bem encaminhadas. A nossa expectativa é ter um 2025 mais parecido com 2023 do que com 2024, o que a gente considera um ano normal.”
O ano passado realmente não foi dos melhores para a companhia, que viu uma safra com menor produtividade por conta dos efeitos do El Niño, além da queda no preço das commodities, em especial da soja. A empresa encerrou 2024 com lucro líquido consolidado de R$ 481,723 milhões, uma redução de 48,6% em relação ao ano anterior.
Pavinato ressalta que esse “normal” para 2025, na verdade, significa manter a tendência de crescimento ao longo dos anos. “Dentro da eficiência que a gente consegue ter na nossa operação, vamos ter um bom resultado, mesmo, em tese, com preços baixos”, afirma o executivo, filho de pequenos produtores nascido em Vista Gaúcha (RS), que entrou na SLC em 1993 e nunca mais saiu.
Os dados do primeiro trimestre deste ano já indicaram essa perspectiva. A empresa reportou lucro líquido de R$ 510,7 milhões, alta de 123,1% em comparação com o mesmo período de 2024 e acima das expectativas do mercado.
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A receita do sucesso no agronegócio
Questionado sobre como consegue se sobressair em meio a um setor em crise, Pavinato diz que, na verdade, o setor vive é um ciclo de baixa e que “aqueles que não têm uma gestão eficiente de riscos acabam sofrendo” nesse período.
A receita do sucesso no agro, afirma ele, é pensar em ciclos de longo prazo e ter uma gestão de riscos bem definida e eficiente, pois a produção agrícola tem sua volatilidade natural, com variações de preços e da produtividade das lavouras em função do clima.
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Ele conta que uma das estratégias adotadas pela SLC para mitigar os riscos ao longo do tempo foi a diversificação de produção — a empresa tem lavouras de soja, milho e algodão —, além da diversificação geográfica –= ao todo, tem hoje 26 fazendas em oito Estados brasileiros.
Adicionalmente aos produtos tradicionais cultivados, a companhia também vem investindo na criação de gado no modelo integração lavoura-pecuária (ILP) e na produção e venda de sementes de soja e algodão sob a marca SLC Sementes.
O plano de Pavinato inclui, ainda, reuniões semanais com os times para discutir estratégias comerciais, incluindo a compra de insumos, que têm um grande peso no caixa da companhia.
Aproveitando o ciclo de baixa para crescer
O executivo conta que a estratégia da empresa no médio e longo prazo é aproveitar os ciclos de baixa para crescer, não os de alta — portanto, não de forma linear.
“A gente cresceu muito em 2021, aí em 2022 e 2023 a gente não cresceu, porque foram anos em que o negócio estava muito bom, mas, ao mesmo tempo, estava tudo muito caro. Agora, 2024 e 2025 são anos em que o agro está sofrendo pelos preços baixos, e aí nós crescemos.”
Para 2026, segundo ele, tudo dependerá das oportunidades, mas a estratégia maior deverá ser de consolidação.
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Portanto, enquanto alguns pelejam nesse ciclo de baixa do agro, a SLC aproveitou para “passar o rodo” e fazer uma série de aquisições. Somente no primeiro trimestre, já foram quatro anúncios:
- Aquisição da empresa Sierentz Agro Brasil por aproximadamente R$ 775 milhões;
- Aquisição da Fazenda Paladino, localizada em São Desidério (BA), com 39.987 hectares, por R$ 723 milhões;
- Aquisição da Fazenda Pamplona, situada em Unaí (MG), com 7.835 hectares, por R$ 190 milhões;
- Aquisição da participação de 47,8% do capital da SLC-MIT Empreendimentos Agrícola.
Em relatório divulgado em maio, o BTG Pactual destaca esta estratégia da empresa como acertada. “A SLC há muito se posiciona como uma empresa anticíclica — preservando o caixa durante os ciclos de alta, enquanto aproveita as crises como oportunidades de expansão”, escreveram os analistas do banco.
Impacto da guerra comercial de Trump
Assim que Donald Trump começou a anunciar suas tarifas contra todos os países do mundo, alguns analistas destacaram a SLC Agrícola como uma potencial beneficiada pelas medidas.
Para Pavinato, há um impacto direto no curto prazo, com aumento da procura pelos produtos da empresa em substituição aos produtos dos EUA — com exceção do algodão, explica ele, pois neste caso a insegurança em relação ao PIB mundial faz com que a demanda se contraia.
E, no longo prazo, o Brasil sai fortalecido como sendo um fornecedor global confiável e seguro, avalia o executivo.
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Em relatório divulgado em maio, a analista Georgia Jorge, do BB Investimentos, escreveu: “Em nossa visão, a SLC Agrícola está bem posicionada para seguir capturando essas oportunidades comerciais [da guerra comercial de Trump], inclusive com um crescimento contratado de 13,7% em área plantada para a safra 2025/26.”
Sobre os preços das commodities, Pavinato afirma que a expectativa é de manutenção no atual patamar no médio prazo. Segundo ele, o estoque global de soja está alto, mas o do milho não está, então um acaba compensando o outro.
Dividendos e relação com acionistas
A SLC Agrícola tem como praxe pagar 50% do lucro em proventos aos acionistas, e a estratégia é manter esse nível de payout, segundo o CEO. Ele estima que a empresa tenha em torno de 70 mil investidores pessoa física no Brasil atualmente.
O papel opera hoje na casa dos R$ 19, acumulando valorização de quase 10% neste ano.
A ação SLCE3 é acompanhada por analistas de 12 casas e conta com cinco recomendações de compra: Itaú BBA (com preço-alvo de R$ 25), Morgan Stanley (R$ 25), BTG Pactual (R$ 24), Ativa Investimentos (R$ 24,60) e Banco do Brasil (R$ 24,90).
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A ação também é recomendada pela Empiricus, integrando a carteira geral da gestora, a carteira Vacas Leiteiras (que inclui as melhores pagadoras de dividendos) e o fundo Empiricus MAB FIA.
Na opinião dos analistas do BTG, “o comportamento das ações da SLC frequentemente acompanha os preços das commodities no curto prazo. No entanto, suas melhorias de produtividade e seu perfil de investimento anticíclico tendem a amplificar seu desempenho quando os preços se recuperam”. Por isso, afirmam, “vemos este como um momento atraente para COMPRAR. SLC continua sendo uma das nossas principais escolhas.”
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