Outra Ambipar (AMBP3) no radar? Sócia-fundadora da Nord Investimentos avisa: “Se não houver mudança na política econômica, haverá crise no setor de crédito privado”
Já para o sócio Caio Zylbersztajn, o crédito privado é a classe com maior nível de preocupação, e mesmo em um cenário de queda de juros, ainda há riscos de calote

Os mercados foram sacudidos pelo pedido de recuperação judicial da Ambipar (AMBP3) na madrugada desta terça-feira (21). Embora não tenha surpreendido os investidores, a crise da companhia de gestão ambiental pode indicar um cenário ainda mais delicado para o setor de crédito privado.
Segundo Marília Fontes, sócia-fundadora e analista de renda fixa da Nord Investimentos, o segmento está na rota da crise. “Se não houver uma mudança da política econômica, teremos ainda mais casos como o da Ambipar, da Braskem e da Lojas Americanas, o que, eventualmente, levará a uma crise no setor de crédito privado”, afirmou Fontes, durante encontro com jornalistas nesta terça-feira (21).
Vale lembrar que a Ambipar pediu recuperação judicial devido à uma crise de confiança, que surgiu após a descoberta de indícios de irregularidades em operações financeiras. Já a Lojas Americanas passa pelo processo por conta de uma fraude contábil multibilionária. O Seu Dinheiro contou essa história aqui.
Segundo a executiva, a renda fixa vem brilhando com o alto patamar da taxa Selic, o que impulsionou os investimentos no crédito privado no país. Porém, com o excesso de demanda e as perspectivas de que os juros sigam elevados, alocar recursos no setor privado pode ser arriscado.
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Política fiscal, a pedra no sapato do setor de crédito privado
Com a taxa Selic em 15% ao ano, a renda fixa brilha aos olhos dos investidores — e, segundo Fontes, a vida boa do rentista deve continuar. Isso porque, embora o país apresente sinais claros de desaceleração econômica, a taxa de juros terá um curto ciclo de queda e não deve chegar a patamares inferiores aos 12% ao ano no curto prazo, mantendo a atratividade dos ativos de renda fixa.
“Desde a pandemia de covid-19, o modelo de crescimento brasileiro é ‘um pé no acelerador e outro no freio’. O governo segue ampliando os gastos públicos, fazendo com que o país tenha uma taxa de juros estruturalmente mais alta”, afirmou Fontes.
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“Os investidores vão continuar querendo a renda fixa. Está muito fácil ser rentista no Brasil”, completou.
O problema é que a Selic elevada vem impulsionando o setor do crédito privado para além da conta, fazendo com que os ativos do segmento operem com spreads baixos em comparação a títulos de dívida pública. Ou seja, hoje, quem investe no segmento, enfrenta os mesmos riscos, mas ganha bem menos por isso.
“A demanda foi muito alta, e a consequência disso foram spreads no chão. Então, o prêmio que o investidor recebe em relação ao Tesouro, por investir em crédito privado, está nas mínimas históricas”, afirmou.
E não para por aí. As elevadas taxas de juros aumentam o custo da dívida e sufocam as empresas emissoras, aumentando o risco de atrasos no pagamento e, até mesmo, de calote. Com as perspectivas de que os níveis sigam elevados por mais tempo, um risco estrutural entra no radar da Nord Investimentos.
“Uma Selic muito alta asfixia a maioria dos setores. Então, podemos ter cada vez mais eventos de crédito. Em um momento em que os investidores, principalmente as pessoas físicas, estão muito alocados no setor, uma crise pode ser extremamente perigosa”, disse a sócia-fundadora.
Nord Investimentos fugindo do crédito privado
Embora uma mudança na política econômica ajude, a visão da Nord Investimentos é que o crédito privado, hoje, está entre a cruz e a espada. Isso porque, caso a Selic caía além do previsto, o investidor verá os robustos retornos mensais minguarem.
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Essa redução impulsiona a migração para outras classes mais atrativas, o que força um aumento nos resgates e abertura de spreads. “Se tudo der certo, nós vemos uma saída massiva dos investidores. E se tudo der errado, também. Nosso pessimismo é grande com essa classe. A gente vê uma assimetria muito negativa”, afirmou Caio Zylbersztajn, sócio da gestora, também presente no evento realizado nesta terça-feira.
“Nós estamos fugindo do crédito privado, são raras as execuções que valem tomar o risco. Para quem já carregava crédito privado, nós estamos marginalmente diminuindo essas posições para fazer alocações em títulos públicos e em outras classes”, completou.
Afinal, como chegamos aqui?
Segundo Zylbersztajn, o mercado de crédito privado segue sendo inundado pelos investidores por um motivo: a isenção de impostos.
Até 2024, a maior demanda do mercado era por ativos como Letra de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCAs), ou seja, títulos emitidos por bancos e lastreados em operações ligadas aos dois setores.
Porém, no ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) impôs restrições aos ativos por meio de resoluções que exigiam mais lastro e prazos mínimos maiores.
Com a demanda crescente e o surgimento de regras mais rígidas, os bancos reduziram as taxas oferecidas. “Os investidores se viram órfãos de taxas tão elevadas e acabaram migrando para o crédito privado, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e debêntures de infraestrutura. Então esse mercado aumentou demais nos últimos dois anos”, afirmou Zylbersztajn.
“Hoje, para comprar um título de uma empresa high grade, triple A ou double A, o investidor recebe menos do que se comprasse o título público federal. E por que os investidores estão aceitando esse nível de risco mesmo assim? Por conta da isenção”, comentou.
Ainda assim, a Nord Investimentos avalia a classe com alta preocupação, sendo a menor alocação dentro dos portfólios da gestora. “A gente tem diluído o crédito por meio de locação em outras classes, principalmente nos indexados à inflação, através de títulos públicos”, afirmou.
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