O polêmico veto de Lula: como a possível taxação dos fundos imobiliários pode impactar o investimento em FIIs
Em relatório, o BB Investimentos lista as possíveis consequências do dispositivo que obrigaria os FIIs a pagarem impostos de consumo; advogado critica aumento da complexidade tributária

O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à isenção tributária de fundos de investimento na sanção da primeira lei complementar que regulamenta a reforma tributária vem gerando questionamentos do mercado, principalmente no que diz respeito aos possíveis impactos da medida na receita dos fundos imobiliários.
O que se sabe, até o momento, é que o veto presidencial retira os fundos do regime diferenciado, o qual define que a classe poderia optar entre ser ou não contribuintes dos impostos sobre consumo.
No caso dos fundos imobiliários, a alteração leva a uma nova classificação. Antes, eles eram considerados “condomínios especiais”, que são isentos de impostos. Agora, com o veto de Lula, passam a ser classificados como “prestadores de serviços”.
“‘Contribuinte’ é a definição para as entidades que prestam serviços ou vendem algum produto. Como o fundo não comercializa nenhuma mercadoria, estão chamando de ‘prestador de serviço’. Porém, é uma generalização para definir como ‘contribuinte’”, afirma Carlos Ferrari, sócio da NFA Advogados e especialista em mercado de capitais.
Essa nova classificação permite a interpretação de que os fundos devem pagar a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – as novas taxações que substituirão os atuais PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS.
Apesar disso, é importante ressaltar: os dividendos distribuídos por FIIs continuam sendo isentos de Imposto de Renda (IR), desde que sigam cumprindo as regras já exigidas.
Leia Também
Então, o que pode mudar?
Ainda que a reforma tributária tenha sido regulamentada na última semana, ela ainda passará por fases de testes. As regras passam a valer apenas a partir de 2026, com alíquotas progressivas nos novos impostos. Além disso, ainda é possível que os fundos voltem a ser isentos caso o Congresso derrube o veto do presidente.
Vale ressaltar, que no último sábado, o Ministério da Fazenda chegou a afirmar que não tinha intenções de cobrar tributos dos fundos. O Seu Dinheiro contou essa história, confira aqui.
Porém, caso os fundos permaneçam na categoria dos contribuintes, o cálculo da tributação vai variar de acordo com a classe dos ativos, segundo relatório do BB Investimentos publicado nesta quarta-feira (22).
O banco avalia que, no caso dos FIIs de tijolo, a cobrança dos impostos vai incidir sobre as receitas dos fundos. Assim, as obrigações tributárias terão início na aquisição, na locação ou no arrendamento do bem.
Já para os fundos de papel, o BB Investimentos afirma que “a nebulosidade é ainda maior”. Isso porque não há uma regra específica sobre a tributação dos ativos.
Dessa forma, a cobrança pode acontecer de forma equivalente à que ocorre nos bancos, ou seja, sobre a diferença de spreads – ou seja, o preço de compra e o preço de venda – dos títulos investidos.
O impacto nos fundos imobiliários: o que pode vir por aí?
Além disso, a alíquota final da nova taxação, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), ainda não está fechada. Vale lembrar que o IVA engloba as três novas taxações: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS).
Apesar de não estar definida, a estimativa atual é que a tributação fique em torno de 28%, com um redutor de 50% para operações com bens imóveis e de 70% para receitas obtidas com aluguéis.
Assim, os 28% incidiriam sobre 70% do faturamento do contribuinte — do FII, no caso. Dessa forma, ao final da redução, os fundos imobiliários potencialmente terão um impacto em torno de 9% em suas receitas, estima o BB Investimentos.
Segundo o banco, como a tributação incidiria sobre o faturamento do fundo, no fim, o dividendo seria, sim, impactado negativamente.
Porém, o BB Investimentos volta a ressaltar que os efeitos não seriam imediatos, já que a reforma tributária prevê um período de transição entre 2026 e 2032.
Mais complexidade na tributação
Além de uma elevação da carga tributária dos fundos, o advogado Carlos Ferrari diz que a nova regra vai adicionar complexidade para a tributação dos FIIs.
Isso porque, para evitar a bitributação — ou seja, a cobrança duplicada de um mesmo tributo — os FIIs poderão fazer uma compensação tributária que pode levar muitos fundos a ficarem isentos de impostos, explica Ferrari.
“O grande problema é que um elemento fundamental da reforma é transformar a complexidade tributária em algo simples. Mas a tributação dos fundos é algo que a gente está tendo dificuldade de explicar até para quem trabalha com esse assunto”, opina.
A importância da isenção para os fundos imobiliários
De acordo com o advogado, a isenção dos fundos imobiliários é uma das vantagens competitivas desses ativos, que não possuem uma liquidez e retornos tão altos quanto os investimentos em empresas.
Ferrari defende a isenção devido ao fato de o ciclo imobiliário ser mais longo (a construção e a comercialização de um imóvel levam anos para se concretizar) e intensivo em capital, demandando altos investimentos.
Além disso, o advogado lembra que a mudança não vem no melhor momento, com a alta de juros contratada para este ano, que já vem sacrificando os fundos imobiliários na bolsa.
Contudo, na perspectiva do BB Investimentos, o mercado deve buscar um equilíbrio, de forma gradual, para compensar essa cobrança adicional, “seja em novas estruturações de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) exigindo maior prêmio, seja via repasse em novos contratos de locação mais caros”, afirma em documento.
Ainda assim, o banco avalia que esse cenário tende a “gerar uma pressão inflacionária na cadeia produtiva e na sociedade, freando a expansão do setor”, diz, em relatório.
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Momentos finais para se inscrever na Riachuelo, KPMG, Peers e P&G; confira essas e outras vagas para estágio e trainee
Os aprovados nos programas de estágio e trainee devem começar a atuar até o segundo semestre de 2025; as inscrições ocorrem durante todo o ano
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Natura (NTCO3): proposta de incorporação é aprovada por unanimidade; confira o que muda para os investidores
Agora, o processo precisa do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ser concluído
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Primeiro ETF de XRP do mundo estreia na B3 — marco reforça protagonismo do Brasil no mercado de criptomoedas
Projeto da Hashdex com administração da Genial Investimentos estreia nesta sexta-feira (25) na bolsa de valores brasileira
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Gestora controlada por Verde Asset, de Luis Stuhlberger, tenta captar R$ 400 milhões com primeiro fundo imobiliário
FII Verde A&I Cedro Portfolio Renda é o nome do novo fundo imobiliário a ser lançado por Stuhlberger.
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
B3 adota agentes autônomos de IA para automatizar tarefas do dia a dia e ganhar em eficiência; entenda
Dona da bolsa adotará IA a partir de 2025 para otimizar processos e aumentar a eficiência do mercado financeiro.
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
Natura (NTCO3) renova contrato de locação de imóvel do FII BRCO11 e cotas sobem mais de 2% na bolsa hoje
Com a renovação do acordo pela Natura, o fundo imobiliário parece ter deixado para trás a fase de pedidos de rescisão antecipada dos contratos de locação de seus imóveis