Fila no café, metrô lotado e trânsito: a volta do trabalho presencial abre oportunidade para FIIs de escritórios?
Na minha visão, o atual cenário de desconfiança apresenta oportunidades razoáveis para o longo prazo. Os FIIs de escritórios estão sendo negociados com descontos significativos em relação a outros segmentos, oferecendo assimetrias pontuais.

Se tem algo que combina com São Paulo no começo do ano, é a dobradinha de chuvas e trânsito caótico. Mas, ultimamente, não dá para culpar só o clima. Cada vez mais pessoas estão voltando ao trabalho presencial, e a cidade sente o impacto.
Metrôs lotados, filas no elevador e aquele café apressado antes da reunião voltaram a fazer parte da rotina de muita gente. O home office ainda existe, mas a tendência de retorno aos escritórios é clara — e isso está transformando o dia a dia de quem circula por aí.
Recentemente, empresas gigantes como Google, Meta e Amazon anunciaram o “fim do home office” ao redor do mundo.
Em uma pesquisa da KPMG divulgada no ano passado, CEOs de diversas partes do mundo indicaram que a volta total ao presencial deve ser concluída em até três anos, reforçando a demanda por escritórios em mercados chave.
Nos últimos dias, foi a vez do JP Morgan ordenar o retorno presencial dos funcionários, após fortes palavras de Jamie Dimon, CEO do banco. Segundo ele, o trabalho remoto “simplesmente não funciona”. Nossas avaliações apontam que esse tipo de movimento deve continuar durante 2025.
Este cenário tem alterado as perspectivas para o mercado de lajes corporativas, segmento tradicional entre os fundos imobiliários. Após uma revisão de área locada por parte dos locatários, em decorrência do home office, a retomada ao ambiente físico levanta a necessidade de ampliação de locação por parte das empresas.
Leia Também
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Os dados mais recentes do setor corroboram com essa dinâmica. De acordo com relatório setorial do BTG, a cidade de São Paulo registrou a menor vacância dos últimos quatro anos, acompanhada pelo maior volume de absorção líquida desde 2005, início da série histórica calculada pela Buildings.
Mercado de Lajes Corporativas em São Paulo (A+)
Entre as praças, a Faria Lima segue como principal centro corporativo de São Paulo, com dados mais consistentes de ocupação e evolução de preços. Inclusive, algumas locações pontuais na região promoveram valores recorde em 2024.
Diante do aluguel elevado e da limitação de área vaga, a demanda das empresas têm escoado para outras praças. A região da Avenida Chucri Zaidan foi o grande destaque do ano, registrando a maior absorção líquida da cidade.
Entre os fatores determinantes desta performance, destaco a disponibilidade de área (incluindo lajes amplas) e os preços mais convidativos. Com o poder de barganha do lado dos inquilinos, geralmente descontos e períodos de carência de aluguel são inseridos nas transações.
Diante disso, a tendência é que a Chucri Zaidan continue atraindo empresas em busca de boas oportunidades. Essa dinâmica deve ser vista em outras regiões também, tal como Pinheiros e Avenida Paulista, em menor magnitude.
Eventualmente até praças menos “óbvias” serão consideradas, tal como o Centro de São Paulo – especulações envolvendo uma possível grande locação na região surgiram recentemente.
Com relação aos aluguéis, diante de um cenário de desaceleração econômica para 2025, não enxergo grande potencial de crescimento neste momento. Ainda assim, em função de um cronograma de entregas de novos imóveis controlado para a capital no médio prazo, há uma perspectiva estrutural de recuperação de preços no segmento.
Performance dos fundos não acompanhou
Apesar dos avanços, a performance média ponderada dos FIIs de escritórios no IFIX foi de -14% em 2024, refletindo a desconfiança dos investidores em relação ao setor.
Isso se deve, principalmente, pela sensibilidade desses ativos à economia e pelos cap rates mais baixos se comparado a outros segmentos. Além disso, uma taxa de juros maior impacta negativamente na revisão do valor justo dos ativos.
No micro, a falta de previsibilidade sobre aluguéis e a presença de fundos alavancados também afetam a atratividade do setor. O histórico pós-pandemia, com portfólios vagos e elevadas obrigações financeiras fizeram com que os investidores seguissem reticentes com os FIIs.
Ativo | Retorno 2024 | Retorno YTD |
IFIX (Papel) | 0,01% | -1,22% |
IFIX (Tijolo - Logística) | -5,13% | -0,63% |
IFIX | -5,89% | -1,80% |
IFIX (Tijolo - Shopping) | -11,49% | -0,54% |
IFIX (Tijolo - Lajes) | -13,92% | -3,24% |
Na minha visão, o atual cenário de desconfiança apresenta oportunidades razoáveis para o longo prazo. Os FIIs de escritórios estão sendo negociados com descontos significativos em relação a outros segmentos, oferecendo assimetrias pontuais.
Quando consideramos os ativos mais líquidos do setor, encontramos um desconto sobre valor patrimonial de quase 40%, aliado a um dividend yield de dois dígitos. Desta forma, entendo que a categoria mereça um espaço pequeno no portfólio de FIIs, a depender do perfil do investidor.
Diante do cenário incerto, repleto de riscos para o setor, realizar uma seleção criteriosa é essencial para o investimento. Principalmente nesta categoria, entendo que fatores como qualidade e localização dos imóveis, histórico da gestão e nível de endividamento são primordiais para análise.
Kinea Renda Imobiliária (KNRI11): um dos FIIs mais tradicionais
O Kinea Renda Imobiliária (KNRI11) é um dos FIIs mais tradicionais da indústria, atuando em dois segmentos: lajes corporativas e galpões logísticos.
O fundo é composto por 21 ativos, totalizando 721.611m² ABL, sendo 13 edifícios comerciais (166.778m²) e 8 centros logísticos (554.833m²). Desses, 69% estão em São Paulo, 15% em Minas Gerais e 16% no Rio de Janeiro.
Em relação à ocupação, o fundo conta com uma taxa vacância física de 2,84% e financeira de 5,86%, concentradas principalmente nos escritórios do Rio de Janeiro.
Em ambiente mais desafiador, o portfólio de lajes corporativas do fundo registra taxa de vacância física de cerca de 14%, enquanto na carteira de galpões logístico o indicador é inferior a 1%.
A carteira de escritórios do fundo está bem posicionada para capturar o escoamento de demanda de locação para as regiões de Pinheiros e Avenida Chucri Zaidan, dois polos menos tradicionais da cidade, mas com relevante oferta de imóveis novos.
Sua exposição atual é concentrada em imóveis paulistas, em especial no Rochaverá, que representa 31% da ABL desenvolvida do FII no segmento. O Rochaverá é o principal representante da Avenida Chucri Zaidan, um dos polos corporativos de São Paulo.
Com a normalização das operações das companhias e maior competitividade dos aluguéis, a absorção líquida da região tem sido destaque nos últimos trimestres – as últimas locações no próprio Rochaverá e no Edifício Luna são exemplos disso.
Em nossa visão, o imóvel do KNRI11 tem potencial para aumento de ocupação e, futuramente, captura de melhores preços de aluguel.
A parcela logística tem avaliação neutra neste momento, dado que os imóveis possuem qualidade e estão bem posicionados, mas o prazo dos contratos atípicos deve ser levado em consideração.
Neste caso, o CD Cabreúva é o principal imóvel, com ABL superior a 178 mil m², equivalente a 25% do total do fundo. O ativo fica localizado no interior de São Paulo e está 100% locado para a Lojas Renner (LREN3) através de um contrato do tipo Built-to-Suit (BTS).
Entre os pontos tradicionais de atratividade, destaco a estabilidade da ocupação da carteira e a alta liquidez do fundo, fatores essenciais para a estratégia de renda.
Conforme modelo detalhado no relatório da Empiricus, chegamos a um valor justo de R$ 155 para o fundo, o que implica uma valorização de 15% em relação à última cotação, bem interessante considerando o nível de estresse da curva de juros.
Diante da qualidade do portfólio, do desconto e da elevada liquidez, o KNRI11 é uma boa opção para exposição em tijolos.
Um abraço,
Caio
Equatorial (EQTL3) engrossa grupo de elétricas que pagam dividendos e distribuição chega perto de R$ 1 bilhão; veja quem mais está na lista
No caso da Equatorial, a companhia aprovou em assembleia o pagamento de R$ 876,3 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)
Justiça congela votação da Mobly (MBLY3) e dá fôlego à disputa com fundadores da Tok&Stok
Assembleia rejeita proposta que favoreceria a OPA da família Dubrule, mas juiz decide suspender os efeitos da votação; entenda o que está em jogo
Azul (AZUL4) obtém financiamento adicional de R$ 600 milhões em meio à queda das ações
Azul enfrenta turbulências com ações em baixa, dívida elevada e nova captação de R$ 600 milhões para manter operações
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) têm fôlego para pagar bons dividendos, mas só uma delas oferece perspectiva de ganho de capital, diz analista da Empiricus
No podcast Touros e Ursos desta semana, Ruy Hungria fala sobre impacto do tarifaço de Donald Trump no lucro de duas das maiores empresas do Ibovespa e diz o que o investidor deve esperar dos proventos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Petrobras (PETR4) opera em queda, mas nem tudo está perdido: chance de dividendo bilionário segue sobre a mesa
A estatal divulgou na noite de terça-feira (29) os dados de produção e vendas do período de janeiro e março, que foram bem avaliados pelos bancos, mas não sobrevive às perdas do petróleo no mercado internacional; saiba o que está por vir com relação ao balanço
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Entregou a declaração com erro ou ficou faltando alguma informação? Veja como retificar
Aprenda a preencher a declaração retificadora e corrigir erros e omissões em declarações que já foram entregues, em um prazo de até cinco anos após o envio da declaração original
Conheça os 50 melhores bares da América do Norte
Seleção do The 50 Best Bars North America traz confirmações no pódio e reforço de tendências já apontadas na pré-lista divulgada há algumas semanas
Receita Federal paga nesta quarta-feira lote residual do Imposto de Renda; veja se o seu pix cai hoje
Mais de 279 mil contribuintes que caíram na malha fina e regularizaram pendências recebem restituição do IR nesta quarta (30); confira como consultar e receber o valor
Fundos de ações ESG registram fuga de capitais no primeiro trimestre, enquanto fundos de renda fixa sustentáveis atraem investidores
Movimento reflete cautela dos investidores com volatilidade e busca por maior proteção em ativos de renda fixa sustentáveis, aponta pesquisa da Morningstar
Corrida Inteligente: 10 gadgets que realmente fazem a diferença em 2025
Da prática física à experiência high-tech: wearables e dados transformam a corrida, impulsionando o mercado e atletas em busca de performance e saúde
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025
Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso