A queda da Nvidia: por que empresas fantásticas nem sempre são os melhores investimentos
Por mais maravilhosa que seja uma empresa — é o caso da Nvidia —, e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar caro demais reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno
A Nvidia perdeu US$ 500 bilhões de valor de mercado desde a semana passada, e o motivo você já deve saber qual é: o surgimento do DeepSeek e seu modelo de inteligência artificial inovador.
Mas eu não vou usar esse espaço para falar de IA e como o DeepSeek afeta o mundo dos investimentos, até porque já estou um pouco cansado desse assunto.
Na verdade, eu quero usar o exemplo da Nvidia para falar sobre um outro assunto: empresas que negociam por múltiplos exorbitantes, e por que elas exigem um cuidado especial na hora de investir.
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Um exemplo simples
Uma empresa terá um lucro de R$ 1 milhão neste ano e fechará as portas logo em seguida. Quanto você pagaria por essa companhia?
Financeiramente, a resposta para essa questão seria algum valor menor que R$ 1 milhão, para ter alguma vantagem nesse investimento.
Por exemplo, o sujeito que investir R$ 900 mil nessa empresa terá um ganho líquido de R$ 100 mil depois de receber o lucro anual de R$ 1 milhão. Quem investir R$ 950 mil terá um lucro de R$ 50 mil. Por aí vai…
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Eu gosto dessa abordagem porque ela ajuda a entender melhor a avaliação por múltiplos. Não faz sentido pagar duas vezes o lucro de uma empresa que não vai durar mais do que um ano, não é mesmo?
Isso também nos ajuda a entender melhor por que algumas empresas negociam com múltiplos tão altos.
Voltando à Nvidia, por US$ 3 trilhões de valor de mercado a companhia negocia por aproximadamente 50 vezes os seus lucros anuais.
Usando a nossa analogia, é como se o mercado colocasse na conta que a Nvidia se manterá no negócio por várias décadas à frente – não apenas viva, mas lucrativa também.
A pergunta correta
Muita gente tenta entender os compradores dessas ações fazendo a seguinte pergunta: por que você acha que vale a pena pagar múltiplos tão altos?
No melhor dos casos, a resposta virá acompanhada de argumentos analíticos como vantagens competitivas, acesso ao capital, conhecimento tecnológico, entre outros fatores que garantirão à companhia décadas de supremacia.
Em outros casos, você ouvirá justificativas bem menos racionais, como “comprei porque não para de subir" ou “comprei porque cansei de ver meu cunhado se gabando de ganhar dinheiro”.
Seja como for, essa não me parece ser a abordagem correta para essas situações. Nesses casos, a pergunta deveria ser:
“O mercado está precificando pelo menos parte das coisas ruins que podem acontecer no meio do caminho ou, nos múltiplos atuais, ele está assumindo o melhor cenário possível?”
Veja, eu não estou dizendo que Nvidia será "disruptada", nem que ela terá concorrentes a altura, muito menos que ela não estará viva daqui 30 anos – ninguém consegue responder essas perguntas.
O que sabemos é que, nos múltiplos atuais, o mercado assume um cenário tremendamente otimista, que até pode acontecer, mas não deveria ser tomado como tão certo assim – o surgimento do DeepSeek apenas reforça essas dúvidas, e explica um pouco o tombo das ações.
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Empresas fantásticas nem sempre serão investimentos fantásticos
Eu usei o caso da Nvidia, mas ela não é a única. Nesse bolo também temos fabricante de carro elétrico negociando por 100 vezes lucros, rede de farmácias negociando por 30 vezes, entre outros exemplos de investimentos que podem dar certo, mas que não me parecem oferecer uma assimetria interessante nos patamares atuais.
Por mais maravilhosa que seja uma empresa (é o caso da Nvidia), e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar muito caro reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno nesse investimento.
Enquanto os múltiplos dessas companhias seguem elevados demais para me animar, sigo apreciando a história delas de longe, esperando preços um pouco mais racionais.
Nesse meio tempo, existem diversas outras empresas fantásticas, pagando ótimos dividendos e negociando por menos de 10x lucros.
Eu não sei se o Itaú estará vivo daqui a 30 anos. Mas negociando por 7x lucros e com um dividend yield de quase 10%, o investidor do banco não depende de muitas premissas para conseguir um retorno interessante.
Além de Itaú, a Carteira Mensal de Dividendos tem vários outros papéis que se enquadram nessa mesma categoria e trouxeram um ganho de 9% somente em janeiro.
Se quiser conferir a lista de forma gratuita, deixo aqui o convite.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
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