A queda da Nvidia: por que empresas fantásticas nem sempre são os melhores investimentos
Por mais maravilhosa que seja uma empresa — é o caso da Nvidia —, e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar caro demais reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno
A Nvidia perdeu US$ 500 bilhões de valor de mercado desde a semana passada, e o motivo você já deve saber qual é: o surgimento do DeepSeek e seu modelo de inteligência artificial inovador.
Mas eu não vou usar esse espaço para falar de IA e como o DeepSeek afeta o mundo dos investimentos, até porque já estou um pouco cansado desse assunto.
Na verdade, eu quero usar o exemplo da Nvidia para falar sobre um outro assunto: empresas que negociam por múltiplos exorbitantes, e por que elas exigem um cuidado especial na hora de investir.
- SAIBA MAIS: Esta ação brasileira é uma boa pagadora de dividendos, está barata e pode se beneficiar de incentivos do governo Trump; veja a tese completa do papel
Um exemplo simples
Uma empresa terá um lucro de R$ 1 milhão neste ano e fechará as portas logo em seguida. Quanto você pagaria por essa companhia?
Financeiramente, a resposta para essa questão seria algum valor menor que R$ 1 milhão, para ter alguma vantagem nesse investimento.
Por exemplo, o sujeito que investir R$ 900 mil nessa empresa terá um ganho líquido de R$ 100 mil depois de receber o lucro anual de R$ 1 milhão. Quem investir R$ 950 mil terá um lucro de R$ 50 mil. Por aí vai…
Leia Também
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Eu gosto dessa abordagem porque ela ajuda a entender melhor a avaliação por múltiplos. Não faz sentido pagar duas vezes o lucro de uma empresa que não vai durar mais do que um ano, não é mesmo?
Isso também nos ajuda a entender melhor por que algumas empresas negociam com múltiplos tão altos.
Voltando à Nvidia, por US$ 3 trilhões de valor de mercado a companhia negocia por aproximadamente 50 vezes os seus lucros anuais.
Usando a nossa analogia, é como se o mercado colocasse na conta que a Nvidia se manterá no negócio por várias décadas à frente – não apenas viva, mas lucrativa também.
A pergunta correta
Muita gente tenta entender os compradores dessas ações fazendo a seguinte pergunta: por que você acha que vale a pena pagar múltiplos tão altos?
No melhor dos casos, a resposta virá acompanhada de argumentos analíticos como vantagens competitivas, acesso ao capital, conhecimento tecnológico, entre outros fatores que garantirão à companhia décadas de supremacia.
Em outros casos, você ouvirá justificativas bem menos racionais, como “comprei porque não para de subir" ou “comprei porque cansei de ver meu cunhado se gabando de ganhar dinheiro”.
Seja como for, essa não me parece ser a abordagem correta para essas situações. Nesses casos, a pergunta deveria ser:
“O mercado está precificando pelo menos parte das coisas ruins que podem acontecer no meio do caminho ou, nos múltiplos atuais, ele está assumindo o melhor cenário possível?”
Veja, eu não estou dizendo que Nvidia será "disruptada", nem que ela terá concorrentes a altura, muito menos que ela não estará viva daqui 30 anos – ninguém consegue responder essas perguntas.
O que sabemos é que, nos múltiplos atuais, o mercado assume um cenário tremendamente otimista, que até pode acontecer, mas não deveria ser tomado como tão certo assim – o surgimento do DeepSeek apenas reforça essas dúvidas, e explica um pouco o tombo das ações.
- Leia também: A forte valorização da bolsa mesmo com a Selic subindo mostra como as ações estão baratas
Empresas fantásticas nem sempre serão investimentos fantásticos
Eu usei o caso da Nvidia, mas ela não é a única. Nesse bolo também temos fabricante de carro elétrico negociando por 100 vezes lucros, rede de farmácias negociando por 30 vezes, entre outros exemplos de investimentos que podem dar certo, mas que não me parecem oferecer uma assimetria interessante nos patamares atuais.
Por mais maravilhosa que seja uma empresa (é o caso da Nvidia), e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar muito caro reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno nesse investimento.
Enquanto os múltiplos dessas companhias seguem elevados demais para me animar, sigo apreciando a história delas de longe, esperando preços um pouco mais racionais.
Nesse meio tempo, existem diversas outras empresas fantásticas, pagando ótimos dividendos e negociando por menos de 10x lucros.
Eu não sei se o Itaú estará vivo daqui a 30 anos. Mas negociando por 7x lucros e com um dividend yield de quase 10%, o investidor do banco não depende de muitas premissas para conseguir um retorno interessante.
Além de Itaú, a Carteira Mensal de Dividendos tem vários outros papéis que se enquadram nessa mesma categoria e trouxeram um ganho de 9% somente em janeiro.
Se quiser conferir a lista de forma gratuita, deixo aqui o convite.
Um abraço e até a próxima semana!
Ruy
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira