Nome forte do governo, ministro da Economia da Argentina fala em equilíbrio fiscal e faz elogio a Milei em evento do BTG
Aos 58 anos, “Toto”, como também é conhecido, trabalhou como chefe de trading do JP Morgan para América Latina entre 1994 e 1998
A retomada da economia global após a pior fase da pandemia de covid-19 colocou alguns países no radar dos investidores internacionais — e, após a guinada ao ultraliberalismo de Javier Milei, que assumiu a presidência da Argentina, o vizinho do Brasil ganhou alguns holofotes também.
O nome forte do atual governo é sem dúvidas Luis “Toto” Caputo, o ministro da Economia da Argentina.
Apontado como o “Paulo Guedes hermano”, Caputo faz juz à comparação: é um nome conhecido e bem recebido pelo mercado em meio a uma gestão que busca aumentar sua credibilidade junto ao investidor internacional.
Essa amabilidade ficou evidente em sua participação no evento CEO Conference do BTG Pactual, na qual ele e o presidente do banco, André Esteves, conversaram no último painel desta terça-feira (6).
Caputo lamentou o estado atual em que encontrou o país e falou em trazer o bom histórico da Argentina de volta. “Nós já fomos a economia mais rica do mundo no início do século passado. Eu diria que nos convertemos em socialista nos últimos anos”, disse o ministro.
Os problemas da Argentina…
Aos 58 anos, “Toto”, como também é conhecido, trabalhou como chefe de trading do JP Morgan para América Latina entre 1994 e 1998. Depois disso, liderou o Deutsche Bank na Argentina.
Leia Também
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Mas ele fez seu nome com uma passagem pelo governo de Maurício Macri, chefiando a secretaria de Finanças e o Banco Central (BCRA, em espanhol) do país.
Entre as suas propostas, ele citou que a retomada do país será dada com base na disciplina fiscal e monetária. “Esperamos passar de déficit de 5% do PIB para um equilíbrio fiscal”, disse ele.
… E a solução para eles
Para isso, Caputo conta com a ajuda do Congresso para a aprovação do pacote de medidas conhecidas como Ley Ómnibus, de desregulamentação da economia do país.
O projeto está sendo debatido na Câmara dos Deputados, mas o número de artigos caiu de 664 para 224, e o número pode ser reduzido ainda mais. Porém, o ministro segue confiante de que o pacote será aprovado no Senado ainda no próximo mês.
Os principais entraves incluem a distribuição e o controle sobre impostos entre a União e os Estados, as empresas que entrarão na fila para serem privatizadas, entre outras retiradas de subsídios.
Só se os peronistas da Argentina deixarem
Caputo ressalta que a oposição — majoritariamente composta por uma base peronista (ou seja, de esquerda) — vem se articulando para travar o pacote.
Na visão dele, os integrantes do núcleo duro dessa oposição “compõem de 30% a 35% do Congresso”. Na prática, o Unión por la Patria (UP, peronista) é maioria tanto na Câmara quanto no Senado.
Partido | Câmara dos Deputados | Senado |
Mínimo para maioria | 129 | 37 |
La Libertad Avanza (LLA) | 37 | 8 |
Juntos por el Cambio (JxC) | 93 | 24 |
Unión por la Patria (UP) | 108 | 34 |
“Essa oposição sempre vai ser contra, eles não querem que o país prospere para que eles continuem mentindo e permanecendo no poder”, diz Caputo. “O restante [dos parlamentares] tem essa contradição. De um lado, eles querem ajudar o governo. Mas, ao mesmo tempo, vão se opor ao governo também”.
Vale ressaltar que parte da base aliada do governo, os parlamentares do Juntos por el Cambio (JxC) também já abandonaram o apoio incondicional ao pacote de Milei. “É jogar com política, e você tem que saber jogar”, concluiu.
Planos para o futuro da Argentina com o Brasil
Diferentemente de seu chefe na Casa Rosada, “Toto” Caputo reforçou a importância do Brasil como importante parceiro econômico.
“A gente poderia estar fazendo muito mais coisas juntos. Não foi dada a devida importância [ao Brasil] em meio a essas crises todas, mas eu estimulo a todos a olhar com carinho para esta oportunidade de parceria”, disse.
“Só não no futebol”, brinca ele. “No resto, a gente pode se dar bem. Vocês vão nos ajudar a sair desta situação”.
Elogio a Milei
“É quase que uma abordagem oposta ao que foi feito com o Macri”, disse Caputo, em comparação ao governo do antigo chefe da Casa Rosada.
Na época de Macri, conta ele, a palavra “ajuste” era praticamente proibida porque o país vinha de 12 anos de populismo. Não se podia falar de sanear as contas públicas porque “as pessoas não estavam preparadas para a verdade”.
Atualmente, ele acredita que foi justamente por “contar a verdade para a população” que Milei teve tanto apoio popular.
“É alguém que veio de fora do sistema e chegou à presidência dizendo a verdade. Na Argentina, isso é inédito”, afirma. “Nunca acharam que alguém poderia chegar ao poder dizendo que precisamos enxugar os gastos públicos, e isso deu ao presidente Milei muita credibilidade”.
Felipe Miranda: O Brasil vai virar a Argentina?
Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas.”
Agenda econômica: Inflação é destaque no Brasil, EUA e China, com ata do Fed e PIB do Reino Unido no radar
Além de dados de inflação, as atenções dos mercados financeiros se voltam para o fluxo cambial do Brasil e a balança comercial dos EUA e Reino Unido
Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa
Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje
Javier Milei vai extinguir a Casa da Moeda e outras cinco instituições — será o fim do peso argentino?
Além da Casa da Moeda, o governo argentino pretende fechar outros “quatro ou cinco” órgãos públicos, mas não deu maiores detalhes sobre quais seriam
Em Nova York, Javier Milei promete eliminar controle cambial na Argentina — e abre brecha para um ataque especulativo contra o peso
Conforme o jornal Ámbito Financeiro, Milei argumentou que o cepo cambial poderá ser reduzido “sem nenhum problema” assim que a inflação induzida por capitais cair
Milei bebeu do próprio veneno: Argentina corta tarifa que o próprio governo aumentou na tentativa de brecar os preços
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta quarta-feira (28) que a alíquota foi reduzida de 17,5% para 7,5%
Paulo Guedes tem um sopro de esperança para o Brasil
Ex-ministro da Economia explica por que acredita que o mundo vai voltar os olhos para o país
Governo Lula cobra transparência nas eleições da Venezuela e passa o ônus da prova para Maduro
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Nicolás Maduro teria vencido as eleições da Venezuela; governos e entidades multilaterais cobram transparência na apuração dos votos
Dólar livre na Argentina: Banco Central do país anuncia regras para aliviar controle sobre moeda norte-americana
Um dos objetivos da gestão Milei é unificar essas cotações em uma só e adotar o modelo de câmbio flutuante, como o do Brasil
Ibovespa tenta manter invencibilidade em julho em dia de IBC-Br e reação a atentado contra Trump e PIB da China
Ibovespa protagoniza sua melhor sequência positiva desde a passagem de 2017 para 2018 e acumula alta de 4% em julho
Libertário Milei anuncia intervenção no câmbio em tentativa desesperada de frear alta do dólar na Argentina
Governo de Javier Milei pretende vender dólares no mercado paralelo a partir de segunda-feira para “esterilizar” emissão equivalente de pesos nas transações cambiais
A magia de Milei acabou? Inflação na Argentina interrompe sequência de quedas e já supera os 270% em um ano
O avanço foi puxado pelo aumento nas tarifas de electricidade, gás e aluguéis residenciais
Voltas e reviravoltas: Ibovespa tenta manter alta em semana de dados de inflação enquanto bolsas repercutem eleições na França
Ibovespa ainda não sabe o que é cair em julho; testemunhos de Powell, futuro de Biden e regulamentação da reforma tributária estão no radar
Além do HSBC: veja outras empresas que deixaram a Argentina nos últimos três anos; P&G, Latam e Walmart estão na lista
O setor financeiro foi um dos que mais foi afetado pela crise argentina. Por exemplo, em meados de 2023, o banco Itaú também anunciou sua saída do país após mais de 40 anos
Bolsonaro ignora indiciamento pela PF e critica imprensa e o PT em evento de conservadores com Javier Milei
A fala de Bolsonaro abriu a Conferência de Política Ação e Conservadora (CPAC Brasil) na manhã deste sábado (6) em Balneário Camboriú
Javier Milei conseguiu avanços na Argentina, mas catalisadores de curto prazo acabaram — esta analista revela o que ainda pode ser feito
Em um relatório publicado na última quarta-feira (3), a analista Sofia Ordonez, do BTG Pactual, destaca que o ritmo de ajustes econômicos na Argentina perdeu vapor
Onde o câmbio vai parar? Depois de ver o dólar chegar a R$ 5,70, Lula chama reunião com ministros da área econômica
Lula vê o real sob ataque especulativo, mas há outros motivos para a alta do dólar, inclusive falas do próprio presidente
Vai ficar ainda mais barato ir para a Argentina? Governo se pronuncia sobre planos de desvalorizar o peso ante o dólar
O dólar blue entrou em julho com a mesma força vista no mês anterior e bateu novo recorde nesta terça-feira (1); entenda o movimento
Dólar escala e vai a R$ 5,68 no Brasil e bate novo recorde na Argentina a 1.420 pesos — mas hoje a culpa não é do Lula
A alta do dólar em relação ao real e ao peso é atribuída a comentários de Jerome Powell em evento que reúne banqueiros centrais na Europa
Peso ainda mais desvalorizado? O que Milei disse sobre a nova fase econômica da Argentina — e como fica o dólar por lá
Milei disse que, com as reformas estruturais, a Argentina deve subir 90 postos em termos de liberdade econômica entre os países