Kamala ou Trump: quem é o “sonho americano” para os seus investimentos? As ações que mais ganham e como fica o dólar após as eleições nos EUA
Na véspera do que está sendo considerada uma das mais acirradas eleições presidenciais da história dos EUA, o Seu Dinheiro conversou com especialistas em finanças — aqui e lá fora — para contar para você o que pode acontecer com a bolsa e com o dólar a partir de agora
Nos seus melhores dias, o sonho americano já foi considerado sinônimo de um conjunto de ideais de liberdade que inclui a chance de sucesso e prosperidade. Mas apenas 36% dos eleitores nos EUA ainda acreditam nele, segundo a pesquisa mais recente do The Wall Street Journal/NORC sobre o tema — há dez anos eram 53%.
Não é preciso ter diploma em economia para listar possíveis motivos para a descrença dos norte-americanos no próprio país: inflação fora de controle, risco de recessão, guerras, pandemia, desastres naturais e agitação política tomaram as manchetes nos EUA e se tornaram motivos legítimos de preocupação.
É nesse clima que a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump disputam nesta terça-feira (5), voto a voto, o comando da maior economia do mundo.
E um dia antes do que está sendo considerada uma das eleições presidenciais mais acirradas da história dos EUA, o Seu Dinheiro conversou com especialistas em finanças — aqui e lá fora — para contar para você o que pode acontecer com a bolsa e com o dólar assim que a Casa Branca tiver um novo dono ou uma nova dona.
Touro correndo solto por Wall Street
Em outubro, o bull market (mercado de alta) do S&P 500 — principal índice de ações das bolsas norte-americanas — completou dois anos e mostra poucos sinais de desaceleração: apoiado pela euforia da inteligência artificial e por uma economia surpreendentemente resiliente, o índice ganhou mais de 60% nesse período e flerta com uma máxima histórica.
Salvo choques inesperados, analistas acreditam que o touro deve continuar correndo solto em Wall Street, independentemente de quem ocupar a Casa Branca nos próximos quatro anos.
Leia Também
Sinais? Nave? Mistério? O que realmente sabemos sobre o cometa 3I/Atlas
Para o CIO da Empiricus Gestão, João Piccioni, o horizonte deve continuar construtivo para a renda variável — embora possa haver uma realização de lucros no curto prazo caso Kamala Harris vença.
“O que vem depois das eleições todo mundo já sabe. Kamala é o Biden 2.0 e Trump a gente já sabe mais ou menos o que vai tentar fazer”, afirma. O CIO da Empiricus participou do podcast Touros e Ursos e você conferir o episódio aqui.
Além da bolsa em si, as criptomoedas tendem a reagir dependendo do resultado das urnas, em particular com uma vitória de Trump. “Já temos visto isso, com o bitcoin andando bem em outubro, mas uma vitória republicana é a deixa para a moeda romper novas máximas.”
O analista sênior do Danske Bank para os EUA, Antti Ilvonen, disse ao Seu Dinheiro que a vitória de Trump daria um impulso ainda mais forte ao apetite geral por risco imediatamente após a eleição.
Nessa linha, ele aponta os setores financeiro e de tecnologia como grandes vencedores em caso de eleição de Trump, embora chame atenção para o fato de que as empresas deste último grupo possam estar expostas a riscos relacionados a tarifas mais altas ou outras restrições comerciais.
“Mas mesmo em caso de vitória de Kamala Harris e com um Congresso dividido, a possível decepção não deve durar muito tempo. O foco logo se voltará para os dados macroeconômicos em um momento no qual a economia dos EUA permanece em uma base sólida”, afirma.
Trump 2.0 será muito DIFERENTE: para melhor ou pior?
Os grandes vencedores da bolsa aqui e lá fora
Se o touro continuará solto em Wall Street, na B3 a história pode ser um pouco diferente: maior que o resultado da eleição norte-americana está a questão fiscal no Brasil.
“Nossa bolsa está mais pela questão fiscal, embora não possamos desconsiderar o efeito da curva de juros americana”, diz Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter.
Ainda assim, ela apontou os grandes vencedores da bolsa após a corrida à Casa Branca, colocando o setor industrial como o principal deles, independente de quem vença amanhã.
Mas a estrategista do Inter avisa: “A indústria será vencedora, mas não toda ela e sim aquelas empresas com participação multinacionalizada”.
Na lista de Joubert estão Embraer (EMBR3) e Weg (WEGE3). “Embraer e Weg ganham porque além de terem mercado consumidor fora do Brasil ainda atuam em setores que os candidatos à presidência dos EUA priorizam em seus planos de governo — defesa do lado de Trump e energia do lado de Kamala”, afirma.
A estrategista do Inter ainda cita a Gerdau (GGBR4) e as petroleiras como vencedoras caso Trump retorne à Casa Branca para um segundo mandato.
“A Gerdau tem um braço forte nos EUA, foi muito beneficiada no primeiro governo de Trump e isso poderia acontecer novamente em um Trump 2”, diz. “Trump também é mais voltado ao petróleo e a preferência dele pelo setor pode oferecer um benefício, ainda que limitado, para as petroleiras de maneira geral”, acrescenta.
No caso de vitória de Kamala Harris, Joubert acredita que o Brasil, de uma maneira geral, seria mais beneficiado a começar pelo melhor trânsito que o presidente Lula teria com a democrata na Casa Branca.
“Olhando para a bolsa, não estaríamos vendo o mercado precificando juros mais altos com Kamala. Além disso, teríamos uma correção da curva de juros, que se replicaria em outros mercados, entre eles o brasileiro, com a bolsa tendendo a reagir positivamente a esse movimento no curto prazo”, afirma.
Dá para prever o dólar sob o efeito da eleição nos EUA?
Quem olhou para o mercado de câmbio nas últimas semanas tomou um susto: a moeda norte-americana se valorizou aqui e lá fora, ultrapassando a marca de R$ 5,80. Por isso, a definição do novo presidente dos EUA pode trazer esperança de dias melhores — a questão é para quem.
Uma análise do DXY (índice que compara o dólar a uma cesta de moedas) mostra a divisa no maior patamar das últimas décadas. “Para o americano, é ótimo, mas para o brasileiro, a Disney está cada vez um sonho mais longínquo”, diz Joubert, do Inter.
Nesse sentido, o resultado das eleições também deve influenciar as cotações, além das próximas decisões do Fed (o Banco Central dos EUA) sobre os juros. Se o Fed continuar a cortar juros, a tendência é que a moeda perca força.
“Se virmos uma vitória de Trump, há uma sensação geral de que o dólar terá um desempenho forte. Por outro lado, se tivermos uma vitória de Kamala Harris, o caso é o oposto e podemos ver o dólar enfraquecer em relação a outras moedas importantes”, afirmou ao Seu Dinheiro o economista-chefe internacional do ING, James Knightley.
O economista atribuiu a recente valorização do dólar no mercado externo ao aumento das expectativas sobre uma possível vitória de Trump amanhã.
“O senso geral é que ele executará uma política fiscal mais frouxa do que Kamala Harris — com impostos mais baixos, por exemplo —, então o Federal Reserve pode precisar executar uma política monetária mais rígida para compensar isso a fim de atingir a meta de inflação de 2%. Taxas de juros mais altas devem, teoricamente, dar mais suporte ao dólar”, diz.
“Em segundo lugar, o protecionismo comercial historicamente tem sido favorável ao dólar, o que Trump vem tratando como uma iniciativa política importante e, em terceiro lugar, as preocupações geopolíticas também são geralmente positivas para o dólar”, afirma ele, acrescentando que “Trump poderia mudar a posição dos EUA sobre Ucrânia/Rússia, Oriente Médio e China/Taiwan, o que poderia desestabilizar os mercados”.
De qualquer maneira, todos os especialistas são unânimes em recomendar o investimento de parte do portfólio em dólar.
- Temporada de balanços: fique por dentro dos resultados e análises mais importantes para o seu bolso com a cobertura exclusiva do Seu Dinheiro; acesse aqui gratuitamente
E os juros nos EUA mudam de trajetória por causa da eleição?
Inúmeras foram as vezes que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), veio a público dizer que o banco central norte-americano não toma decisões baseadas na política e sim no mandato duplo determinado pelo Congresso — pleno emprego e inflação em 2% ao ano.
Mas o ano é de eleição e com a chuva de críticas que Trump teceu ao Fed e a Powell, colocando a independência do BC dos EUA em xeque, a trajetória dos juros na maior economia do mundo se tornou uma incógnita algumas vezes em 2024.
“Eu tinha uma preocupação com relação ao caminho dos juros por causa das eleições presidenciais nos EUA, mas com os sinais recentes da economia, acho que o Fed deixou a eleição de lado e seguiu o trabalho como deveria”, diz Piccioni, da Empiricus.
Knightley, do ING, afirma que o Fed pode entender que precisa manter uma política monetária mais rígida por meio de juros mais altos em um governo Trump.
“Trump provavelmente executará uma posição de política fiscal mais flexível. O Comitê para um Orçamento Federal Responsável estima que os planos do republicano aumentarão a dívida do governo em US$ 7,75 trilhões, enquanto os planos de Harris aumentarão a dívida em US$ 4 trilhões”, afirma o economista.
As projeções do ING indicam que os juros nos EUA devem cair da faixa atual de 4,75% a 5,00% para 3,5% no segundo semestre do ano que vem em caso de vitória de Trump e chegar a 3% caso Kamala Harris leve a melhor.
O resultado da eleição de amanhã, no entanto, pode ser conhecido apenas em 11 de dezembro —- prazo que os estados têm para informar os votos ao Colégio Eleitoral.
‘Fim do mundo’ por IA já assusta os donos de big techs? Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos se dividem entre bunkers e planos interplanetários
Preparação para o “apocalipse” inclui bunkers luxuosos, ilhas privadas e mudança para Marte – e a “vilã” pode ser a própria criação dos donos das big techs
O adeus do oráculo: Warren Buffett revela em carta de despedida o destino final de sua fortuna bilionária
Essa, no entanto, não é a última carta do megainvestidor de 95 anos — ele continuará se comunicando com o mercado por meio de uma mensagem anual de Ação de Graças
Trump diz que irá investigar se empresas elevaram preço da carne bovina no país – JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3) estão entre os alvos
Casa Branca diz que JBS, Cargill, Tyson Foods e National Beef, controlada pela MBRF, são alvos da investigação. São as quatro maiores empresas frigoríficas do país
Este bilionário largou a escola com 15 anos, começou a empreender aos 16 e está prestes a liderar a Nasa
Aliado de Elon Musk e no radar de Donald Trump, Jared Isaacman é empresário e foi o primeiro civil a realizar uma caminhada espacial
Trump quer dar um presentinho de R$ 10,6 mil aos norte-americanos — e isso tem tudo a ver com o tarifaço
O presidente norte-americano também aproveitou para criticar as pessoas que se opõem ao tarifação, chamando-as de “tolas”
Ele foi cavar uma piscina e encontrou um tesouro no próprio jardim — e vai poder ficar com tudo
Morador encontrou barras e moedas de ouro avaliadas em R$ 4,3 milhões enquanto construía uma piscina
O que o assalto ao Museu do Louvre pode te ensinar sobre como (não) criar uma senha — e 5 dicas para proteger sua vida digital
Auditorias revelaram o uso de senhas “fáceis” nos sistemas de segurança de um dos museus mais importantes do mundo
Outra façanha de Trump: a maior paralisação da história dos EUA. Quais ações perdem e quais ganham com o shutdown?
Além da bolsa, analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro explicam os efeitos da paralisação do governo norte-americano no câmbio
Como uma vila de pescadores chegou a 18 milhões de habitantes em menos de 50 anos
A sexta maior cidade da China é usada pelo país como exemplo de sua política de desenvolvimento econômico adotada no final da década de 1970
Crianças estão terceirizando pensamento crítico para IAs — e especialistas dão dicas para impedir que isso ocorra
Chatbots como Gemini e ChatGPT podem ter efeitos problemáticos para os jovens; especialistas falam como protegê-los diante da popularização dos serviços de IA
Quem vai controlar a inteligência artificial? A proposta de Xi Jinping para uma governança global sobre as IAs
Xi Jinping quer posicionar a China como alternativa aos Estados Unidos na cooperação comercial e na regulamentação da inteligência artificial
Trabalhe enquanto eles dormem? Milei quer permitir jornada de trabalho de 12 horas na Argentina, após ‘virar o jogo’ nas eleições
Regras sobre férias, horas extras, acordos salariais e até acordos trabalhistas também devem mudar, caso a proposta avance nas Casas Legislativas
O cúmulo da incompetência? Ele nasceu príncipe e perdeu tudo que ganhou de mão beijada — até a majestade
O príncipe Andrew perde seu título e residência oficial, enquanto novos detalhes sobre suas ligações com Epstein continuam a afetar a imagem da família real britânica
Argentina lança moeda comemorativa de gol de Maradona na Copa de 1986 — e os ingleses não vão gostar nada disso
Em meio à histórica rivalidade com a Inglaterra, o Banco Central da Argentina lança uma moeda comemorativa que celebra Diego Maradona na Copa de 1986
Juros voltam a cair nos EUA à sombra da falta de dados; ganho nas bolsas dura pouco com declarações de Powell
Enquanto o banco central norte-americano é iluminado pelo arrefecimento das tensões comerciais entre EUA e China, a escuridão provocada pelo shutdown deixa a autoridade monetária com poucas ferramentas para enxergar o caminho que a maior economia do mundo vai percorrer daqui para frente
João Fonseca no Masters 1000 de Paris: onde assistir e horário
João Fonseca entra em quadra nesta quarta-feira (29) pela segunda rodada do Masters 1000 de Paris, na França
Cachoeira, cinema 24h e jacuzzi com vista: o melhor aeroporto do mundo vai muito além do embarque e do desembarque
Da cachoeira mais alta do mundo a suítes com caviar e fragrâncias Bvlgari, o luxo aéreo vive um novo auge nos aeroportos da Ásia
Por que a emissão de vistos de turismo e negócios para brasileiros continua mesmo com o ‘shutdown’ nos EUA
A Embaixada e os Consulados dos EUA no Brasil informam que os vistos de turismo e negócios seguem em processamento
A nova Casa Branca de Trump: uma reforma orçada em US$ 300 milhões divide os EUA
Reforma bilionária da Casa Branca, liderada por Trump, mistura luxo, política e polêmica — projeto sem revisão pública independente levantou debate sobre memória histórica e conflito de interesses
Mercado festeja vitória expressiva de Milei nas eleições: bolsa dispara e dólar despenca; saiba o que esperar da economia argentina agora
Os eleitores votaram para que candidatos ocupem 127 posições na Câmara dos Deputados e 24 assentos no Senado, renovando o Congresso da Argentina, onde Milei não tinha maioria