Inteligência artificial pode alavancar crescimento global, mas não é bala de prata; veja o que mais deveria ser feito, segundo a diretora do FMI
Antecipando-se às reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional na semana que vem, Kristalina Georgieva falou da necessidade de regular a IA, fazer reformas e ter cautela com a dívida pública

A inteligência artificial poderia colocar a economia global em um ritmo de crescimento maior do que nos anos anteriores à pandemia de Covid-19. Esta é a visão da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
Falando em números mais concretos, uma pesquisa do Fundo mostra que a IA, se bem gerida, poderia elevar o crescimento mundial em até 0,8 ponto porcentual.
Mas há um impasse importante a ser resolvido: a regulação. Na visão de Georgieva, os códigos regulatórios e éticos precisam ser fundamentalmente globais, uma vez que a IA não tem fronteiras e já está em todos os smartphones.
"Em todas essas áreas e muitas outras, o ponto principal é que os países precisam reaprender a trabalhar juntos", sugeriu a diretora, mencionando ainda o papel de organismos como o FMI.
- Trump ou Kamala no poder? Evento traz especialistas para analisar os impactos da eleição americana no seu bolso; veja como assistir gratuitamente
Antecipando-se às reuniões anuais do FMI, que acontecem na próxima semana, a Georgieva fez declarações sobre a dívida pública, a situação fiscal e os desafios para as economias mundiais.
Nesta terça-feira (15), o Fundo publicou o relatório Fiscal Monitor, estimando que a dívida pública global vai passar de US$ 100 trilhões (R$ 566 trilhões) em 2024. Em um cenário adverso severo, mas não totalmente fora de cogitação, o percentual da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) pode ficar cerca de 20 pontos porcentuais mais alto do que as atuais projeções.
Leia Também
Para Georgieva, esse cenário torna o quadro da economia mundial "mais preocupante". De acordo com ela, o espaço fiscal continua diminuindo, e as escolhas de gastos se tornaram "mais difíceis" com pagamentos de dívida mais altos. "Escolas ou clima? Conectividade digital ou estradas e pontes?", comparou.
A situação se agrava diante de questões geopolíticas sensíveis ao redor do mundo, que aumentam os gastos com defesa.
Reformas fiscais são importantes para se preparar para o próximo ‘choque’ na economia, diz FMI
Diante disso, a diretora do FMI afirma ser essencial que os governos conduzam reformas fiscais e se preparem para um futuro choque, a exemplo da pandemia, que “certamente virá, e talvez mais cedo do que esperamos”.
Segundo Georgieva, o ajuste fiscal envolverá escolhas difíceis e não tão populares.
Análise feita pelo Fundo junto a uma ampla amostra de países mostra que o discurso político favorece cada vez mais a expansão fiscal.
"Até mesmo os partidos políticos tradicionalmente conservadores em termos fiscais estão desenvolvendo um gosto por tomar emprestado para gastar", destacou Georgieva.
A diretora-gerente do FMI admitiu que as reformas fiscais não são "fáceis, mas são necessárias e podem aumentar a inclusão e a oportunidade".
Nível de preços mais alto veio para ficar
Kristalina Georgieva disse que, embora a inflação esteja se reduzindo no mundo, não há motivos para gritos de vitória nas reuniões anuais do FMI, que acontecem na próxima semana.
Segundo ela, há três motivos principais. O primeiro é que as economias devem passar a conviver com um maior nível de preços na esteira da pandemia.
"Por um lado, as taxas de inflação podem estar caindo, mas o nível de preços mais alto que sentimos veio para ficar", alertou.
A segunda razão é um ambiente geopolítico difícil. "Estamos todos muito preocupados com o conflito crescente no Oriente Médio e seu potencial para desestabilizar as economias regionais e os mercados globais de petróleo e gás", disse Georgieva.
Por fim, as previsões do Fundo apontam para uma "combinação implacável de baixo crescimento e alta dívida", que se resume em um "futuro difícil", conforme ela.
A expansão de médio prazo deve ser fraca e insuficiente para erradicar a pobreza mundial, bem como gerar receitas fiscais suficientes para arcar com pesadas dívidas e atender a vastas necessidades de investimento, incluindo a transição verde.
- Guerra EUA x China pode mudar com as eleições? Mestre em economia avalia possibilidades para acionistas; assista aqui
Países precisam de foco nas reformas e não há tempo a perder
Por fim, a diretora também reforçou a importância de reformas em três áreas principais: mercado de trabalho, mobilização de capital e produtividade.
"Em todo lugar que vou, ouço a mesma coisa: uma aspiração por maior crescimento e melhores oportunidades. A questão é: como? A resposta: foco nas reformas. Não há tempo a perder", disse Georgieva.
O mercado de trabalho, primeiro segmento a ser reformado, precisa funcionar em prol das pessoas, segundo ela. Há um mundo de demografia profundamente desigual e a migração econômica pode ajudar até certo ponto, disse.
O segundo alvo é a mobilização de capital. Conforme Georgieva, há uma abundância de recursos no mundo, mas, muitas vezes, não nos lugares certos.
Nesse sentido, ela cobrou dos formuladores de políticas a eliminação de barreiras para favorecer a entrada de investimento estrangeiro.
Por fim, os países devem se concentrar em ações que ajudem a aumentar a produtividade.
Nesse contexto, ela sugere “aproveitar o poder da inteligência artificial”, além de melhorar a governança e reduzir a burocracia.
Ela alertou ainda que, globalmente, o ritmo das reformas vem diminuindo desde a crise financeira global, à medida que o descontentamento da população aumenta.
Estudo do FMI publicado essa semana mostra que a resistência às reformas é frequentemente motivada por crenças e percepções errôneas sobre as próprias mudanças, bem como os seus efeitos.
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
B3 adota agentes autônomos de IA para automatizar tarefas do dia a dia e ganhar em eficiência; entenda
Dona da bolsa adotará IA a partir de 2025 para otimizar processos e aumentar a eficiência do mercado financeiro.
Mil e uma contas a pagar: Bombril entrega plano de recuperação judicial para reestruturar dívida de mais de R$ 2 bilhões
Companhia famosa por seus produtos de limpeza entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, alegando dívidas tributárias inconciliáveis
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Putin não aguentou a pressão? Rússia diz que pode negociar a paz direto com a Ucrânia — mas mantém condições
Presidente russo sinaliza na direção do fim do conflito, mas não retira condições para o fim da guerra no leste da Europa
Não teve easter egg, mas tem prazo: Trump espera acordo entre Rússia e Ucrânia nesta semana
Presidente norte-americano não forneceu detalhes, mas disse que os dois lados envolvidos na guerra no leste da Europa devem anunciar avanços em breve
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)
Nvidia cai mais de 6% com ‘bloqueio’ de Trump em vendas de chips para China e analista prefere ação de ‘concorrente’ para investir agora; entenda
Enquanto a Nvidia sofre com as sanções de Donald Trump, presidente americano, sobre a China, outra ação de inteligência artificial está se destacando positivamente
Inteligência artificial e Elon Musk podem manchar a imagem das empresas? Pesquisa revela os maiores riscos à reputação em 2025
A pesquisa Reputation Risk Index mostrou que os atuais riscos à reputação das empresas devem aumentar no decorrer deste ano
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dupla de Páscoa vai sortear R$ 45 milhões no próximo sábado (19) — e o ChatGPT nos sugeriu alguns números para fazer um bolão
Seguindo a tradição do Seu Dinheiro, pedimos ajuda ao ChatGPT para escolher os números para o bolão da redação para a Dupla de Páscoa; veja como apostar
Mega-Sena não faz nenhum novo milionário e prêmio sobe para R$ 50 milhões; Lotofácil e Quina também acumulam
A semana segue sem ter novos milionários pelas loterias da Caixa. Hoje, os apostadores ganham cinco novas chances de embolsar os prêmios
O mundo vai pagar um preço pela guerra de Trump — a bolsa já dá sinais de quando e como isso pode acontecer
Cálculos feitos pela equipe do Bradesco mostram o tamanho do tombo da economia global caso o presidente norte-americano não recue em definitivo das tarifas
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Como declarar financiamentos e empréstimos no imposto de renda 2025
Dívidas de valor superior a R$ 5 mil também devem ser informadas na declaração, mas empréstimos e financiamentos são declarados de formas distintas, o que exige atenção
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Citando Michael Hartnett, o excepcionalismo norte-americano se transformou em repúdio. O antagonismo nos vocábulos tem sido uma constante: a Goldman Sachs já havia rebatizado as Magníficas Sete, chamando-as de Malévolas Sete
Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, produzirá supercomputadores inteiramente nos Estados Unidos
As “super fábricas” da Nvidia começarão a produção em escala industrial nos próximos 12 a 15 meses, divididas em 92 mil metros quadrados