Decisão de Macron de dissolver Parlamento e convocar eleições antecipadas é aposta política de alto risco
Atitude de Macron vem após avanço do partido de extrema direita Reunião Nacional nas eleições do Parlamento Europeu

A decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de convocar eleições parlamentares antecipadas após um avanço repentino de seus rivais de extrema direita é uma medida de alto risco e uma enorme aposta política, dizem analistas.
Macron anunciou a dissolução do Parlamento francês e a convocou novas eleições após o partido de direita Reunião Nacional (RN), que tem Marine Le Pen na liderança, obteve cerca de 31% dos votos nas eleições deste domingo para o Parlamento Europeu.
Esse percentual é mais do dobro dos 14,6% obtidos pelo Partido do Renascimento, pró-europeu e centrista, de Macron e seus aliados, segundo informações da rede de TV CNBC.
Os mercados não reagiram bem à decisão do presidente francês. O CAC 40, da Bolsa da França, caiu 1,8% logo no início das negociações na manhã desta segunda-feira, com os bancos franceses negociando em forte baixa. O BNP Paribas e o Société Générale lideravam as perdas do Stoxx 600, ambos com baixa de 6%. O euro caía cerca de 0,4% em relação ao dólar em meio às incertezas.
- 10 ações para investir neste mês: veja a carteira recomendada da analista Larissa Quaresma, baixando este relatório gratuito.
Discurso em rede nacional de TV
“Este é um momento essencial para esclarecimentos”, disse Macron num discurso em rede nacional de TV no domingo à noite, ao anunciar a sua decisão de dissolver o parlamento.
“Ouvi a sua mensagem, as suas preocupações e não as deixarei sem resposta... A França precisa de uma maioria clara para agir com serenidade e harmonia”, acrescentou. O primeiro turno de votação acontecerá no dia 30 de junho, e o segundo será realizado no dia 7 de julho.
Leia Também
Nem a Rússia escapou: Trump ameaça Putin com tarifas e a motivação não é o comércio
Gasto de US$ 2,5 bilhões tira Trump do sério e coloca Powell na berlinda (de novo)
Tal como está, o Partido do Renascimento de Macron tem 169 assentos na Câmara Baixa do Parlamento francês, de um total de 577 assentos, e o RN tem 88 assentos.
Uma sondagem da empresa de pesquisas Ipsos, com 4.000 pessoas questionadas sobre suas intenções de voto em dezembro passado sugeriu que o RN poderia obter de 243 a 305 assentos, dando-lhe maioria no Parlamento.
- Analista recomenda títulos que podem render bem mais do que o IPCA e do que CDI. Baixe o relatório gratuito aqui.
Pressão da extrema direita
Com resultado nessa tendência nas próximas eleições, Macron provavelmente seria pressionado a nomear um primeiro-ministro do partido, com poder sobre a Política Interna e Econômica de França, embora Macron - como presidente - continuaria no comando da Política Externa, Justiça e Defesa.
O RN é tecnicamente liderado na Europa por Jordan Bardella, de 28 anos, visto como protegido de Le Pen. Mas Le Pen ainda é vista como a principal figura do partido.
Daniel Hamilton, pesquisador-sênior do Instituto de Política Externa da Universidade Johns Hopkins, descreve a decisão de Macron como a “grande história” da votação do Parlamento Europeu nos últimos dias, e que poderia facilmente levar a uma mudança sísmica no governo da França, em que Macron “teria de governar com o seu inimigo, basicamente”.
“A sua aposta é usar os três anos que antecedem as próximas eleições presidenciais para mostrar que fizeram um péssimo trabalho e que de alguma forma os eleitores irão recompensá-lo. Por isso é uma enorme aposta política e deve criar muita incerteza em França”, ele disse à CNBC na segunda-feira.
“Embora muita coisa possa acontecer nas próximas semanas, as informações disponíveis sugerem que Macron convocou uma eleição que pode perder”, disse Antonio Barroso, vice-diretor de Pesquisa da consultoria Teneo, em nota na noite de domingo.
- LEIA TAMBÉM: Amazon, Microsoft e outras 8 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui pra descobrir as melhores ações americanas selecionadas pela Empiricus Research.
Tentativa de mobilização do eleitorado
Ele disse acreditar que Macron provavelmente “tentará usar o choque da grande vitória do RN nas eleições para o Parlamento Europeu para mobilizar o eleitorado centrista e limitar a probabilidade de Le Pen obter a maioria absoluta na Assembleia Nacional, a Câmara Baixa do Parlamento. O RN ainda poderá liderar um governo minoritário, mas um Parlamento fragmentado tornaria difícil para um governo liderado pelo RN conseguir aprovações na Casa”, disse ele.
Barroso avalia que a justificativa de Macron para convocar as eleições talvez possam trazer uma vitória do Reunião Nacional “a tempo de expor a falta de experiência do partido no governo e fazê-lo enfrentar decisões politicamente dolorosas antes das Eleições Presidenciais de 2027”.
Ele disse, por exemplo, que se o partido de Le Pen liderasse o próximo governo, teria de aprovar cortes de gastos ou aumentos de impostos (ou ambos) como parte do orçamento de 2025, com o objetivo de reduzir o grande déficit orçamentário da França (de 5,5% do PIB em 2023).
Os analistas questionam se a decisão de Macron demonstrou inteligência e estratégia política, ou se o exporá a mais acusações de arrogância e falta de compreensão sobre as preocupações dos eleitores quanto a questões internas como imigração, serviços públicos, custo de vida e emprego.
“A pergunta que todos se faziam ontem à noite era: ‘Por quê? Por que ele fez isso?”, disse Douglas Yates, professor da American Graduate School em Paris, à CNBC na segunda-feira.
“Ou seus críticos estão certos e ele é tão arrogante que não entende o quão odiado é, e vai levar uma surra, ou ele é um estrategista inteligente e calculou que pode vencer ou, mesmo que perca estas eleições, a sua estratégia de longo prazo será beneficiada”, disse Yates.
*Com informações da CNBC
Trump always chickens out: As previsões de um historiador da elite universitária dos EUA sobre efeitos de tarifas contra o Brasil
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o historiador norte-americano Jim Green, da Brown University, analisou a sobretaxa de 50% imposta ao Brasil por Donald Trump
Trump ataca novamente: EUA impõem mais tarifa — desta vez, de 35% sobre importações do Canadá
Em carta publicada na rede Truth Social, o presidente republicano acusa o país vizinho pela crise do fentanil nos Estados Unidos
A visão do gringo: Trump quer ajudar Bolsonaro com tarifas de 50% e tenta interferir nas decisões do STF
Jornais globais sinalizam cunho político do tarifaço do presidente norte-americano contra o Brasil, e destacam diferença no tratamento em relação a taxas para outros países
Fed caminha na direção de juros menores, mas ata mostra racha sobre o número de cortes em 2025
Mercado segue apostando majoritariamente no afrouxamento monetário a partir de setembro, embora a reunião do fim deste mês não esteja completamente descartada
Trump cumpre promessa e anuncia tarifas de 20% a 30% para mais seis países
As taxas passarão a vale a partir do dia 1º de agosto deste ano, conforme mostram as cartas publicadas por Trump no Truth Social
Trump cedeu: os bastidores do adiamento das tarifas dos EUA para 1 de agosto
Fontes contam o que foi preciso acontecer para que o presidente norte-americano voltasse a postergar a entrada dos impostos adicionais, que aconteceria nesta quarta-feira (9)
O Brasil vai encarar? Lula dá resposta direta à ameaça de tarifa de Trump; veja o que ele disse dessa vez
Durante a cúpula do Brics, o presidente brasileiro questionou a centralização do comércio em torno do dólar e da figura dos EUA
As novas tarifas de Trump: entenda os anúncios de hoje com 14 países na mira e sobretaxas de até 40%
Documentos detalham alíquotas específicas, justificativas econômicas e até margem para negociações bilaterais
Trump dispara, mercados balançam: presidente anuncia tarifas de 25% ao Japão e à Coreia do Sul
Anúncio por rede social, ameaças a parceiros estratégicos e críticas do Brics esquentam os ânimos às vésperas de uma virada no comércio global
Venda do TikTok nos EUA volta ao radar, com direito a versão exclusiva para norte-americanos, diz agência
Trump já prorrogou três vezes o prazo para que a chinesa ByteDance venda as operações da plataforma de vídeos curtos no país
EUA têm medo dos Brics? A ameaça de Trump a quem se aliar ao bloco
Neste fim de semana, o Rio de Janeiro foi sede da cúpula dos Brics, que mandou um recado para o presidente norte-americano
Trump vai enviar carta para 12 países com proposta de ‘pegar ou largar’ as tarifas impostas, mas presidente não revela se o Brasil está na lista
Tarifas foram suspensas até o dia 9 de julho para dar mais tempo às negociações e acordos
Nem republicano, nem democrata: Elon Musk anuncia a criação de um partido próprio nos Estados Unidos
O anúncio foi feito via X (ex-Twitter); na ocasião, o bilionário também aproveitou para fazer uma crítica para os dois partidos que dominam o cenário político dos EUA
Opep+ contraria o mercado e anuncia aumento significativo da produção de petróleo para agosto
Analistas esperavam que o volume de produção da commodity continuasse na casa dos 411 mil bdp (barris por dia)
Onde investir no 2º semestre: Com Trump no poder e dólar na berlinda, especialistas apontam onde investir no exterior, com opções nos EUA e na Europa
O painel sobre onde investir no exterior contou com as participações de Andressa Durão, economista do ASA, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, e Bruno Yamashita, analista da Avenue
Trump assina controversa lei de impostos e cortes de gastos: “estamos entrando na era de ouro”
O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o projeto de lei pode adicionar US$ 3,3 trilhões aos déficits federais nos próximos 10 anos
Como a volta do Oasis aos palcos pode levar a Ticketmaster a uma disputa judicial
Poucos dias antes do retorno dos irmãos Noel e Liam Gallagher, separados desde 2009, o órgão britânico de defesa da concorrência ameaça processar a empresa que vendeu 900 mil ingressos para os shows no Reino Unido
Cidadania portuguesa: quem tem direito e como solicitar em meio a novas propostas?
Em meio a discussões que ameaçam endurecer o acesso à nacionalidade portuguesa, especialistas detalham o cenário e adiantam o que é preciso para garantir a sua
A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda
O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum
Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã
Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações