A rua sem saída do Fed: o sinal mais claro de Powell até agora sobre o corte dos juros nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou de uma sessão de perguntas e respostas e deu mais pistas do que pode acontecer daqui para frente

O Federal Reserve (Fed) caminha por uma rua saída que terminará no corte de juros — a dúvida não é se o ciclo de afrouxamento monetário, mas quando. Nesta segunda-feira (15), o presidente do banco central norte-americano trouxe mais pistas sobre o momento no qual a taxa vai começar a cair nos EUA.
Em uma sessão de perguntas e respostas do Clube Econômico de Washington, Powell disse que o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) não pretende esperar a inflação voltar exatamente para a meta de 2% para começar a cortar juros.
Segundo ele, o Fed manteria o aperto por tempo exageradamente longo se aguardasse o retorno dos preços a essa taxa exata.
“A implicação disso é que se esperamos até que a inflação desacelere para 2%, provavelmente esperaremos demais, porque o aperto que estamos mantendo, ou o nível de aperto que temos, ainda está tendo efeitos que provavelmente levarão a inflação abaixo de 2%”, disse Powell.
Em vez disso, o Fed procura ter mais confiança de que a inflação regressará ao nível de 2%, segundo ele.
“O que aumenta essa confiança são mais dados bons sobre a inflação e, ultimamente, temos obtido alguns desses dados”, afirmou.
Leia Também
Os comentários desta segunda-feira (15) são os primeiros desde a divulgação ddo índice de preços ao consumidor de junho, que mostrou o arrefecimento da inflação, com a taxa entrando em território deflacionário na comparação mensal, mas ainda acima da meta de 2% em termos anuais. O Seu Dinheiro detalhou o relatório e seus efeitos sobre os mercados.
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
A eleição pode impedir o Fed de cortar os juros?
Se a inflação e o emprego, em algum momento nos próximos meses, não serão capazes de impedir o Fed de cortar os juros este ano, a eleição pode ser um impedimento.
Questionado sobre a possibilidade de o Fed iniciar o ciclo de afrouxamento monetário durante a campanha eleitoral nos EUA, Powell disse que o banco central norte-americano não leva fatores políticos em consideração ao definir sua política.
O CIO da Empiricus Gestora, João Piccioni, conversou com o Seu Dinheiro sobre essa relação no mais recente episódio do podcast Touros Ursos. Segundo ele, Powell está inclinado a realmente deixar a eleição de lado na tomada de decisão sobre os juros.
“Historicamente, o Fed procura não se envolver com esses episódios e procura sempre que possível postergar ciclos de aperto ou afrouxamento monetário mais distantes das eleições”, disse Piccioni.
“Mas dessa vez, o Powell está se sentindo bastante pressionado a começar esse ciclo de afrouxamento monetário, até para sinalizar uma forma de seguro para os mercados, sinalizar com uma rede de proteção caso a economia desacelere de verdade”, acrescenta.
Você pode ver e ouvir o episódio completo aqui, basta dar o play!
A taxa neutra de juros no caminho do Fed
Se o Fed caminha por uma rua saída em relação ao corte de juros, o trajeto até, no entanto, esbarra na taxa neutra de juros — aquela que não é alta o suficiente para esfriar a economia e nem baixa demais a ponto de aquecê-la demais.
Powell afirmou hoje que a política monetária está restritiva, mas não de maneira intensa. Para ele, esse cenário é um indício de que a taxa neutra dos juros está mais alta atualmente do que antes da pandemia.
Nesse sentido, ele reforçou que a decisão do Fed será ditada pela evolução dos dados, mas ponderou que o banco central norte-americano não pretende ser "muito avesso ao risco".
Conhecido também por receber críticas de Donald Trump, que está na frente nas pesquisas de intenção de voto, Powell também foi questionado sobre um futuro mandato. No entanto, ele se limitou a dizer que pretende cumprir o atual, que termina em 2026.
A economia: sem pouso forçado
Durante o evento, o chefão do Fed comentou ainda que a economia dos EUA teve desempenho muito forte nos últimos anos — ele lembrou que a inflação arrefeceu de maneira substancial, particularmente na segunda metade de 2023.
Segundo Powell, esse progresso estagnou no primeiro trimestre deste ano, mas voltou a acontecer nos últimos três meses.
O presidente do banco central norte-americano também disse acreditar que uma “aterragem forçada” para a economia dos EUA não era “um cenário provável” e reforçou que a economia norte-americana têm tido desempenho mais forte que a de pares.
- LEIA MAIS: Investimento em BDRs permite buscar lucros dolarizados com ações gringas, sem sair da bolsa brasileira – veja os 10 melhores papéis para comprar agora
As apostas, o mercado
Embora tenha declarado que não vai esperar a inflação chegar na meta de 2%, as declarações de Powell não alteraram as perspectivas de investidores sobre o início e intensidade do afrouxamento monetário em 2024.
De acordo com dados compilados pelo CME Group, a aposta do mercado é que o primeiro corte aconteça em setembro, com 98,1% de probabilidade.
No agregado do ano, a curva futura precifica que os juros devem ser cortados em 75 pontos-base (pb) no total, com 53,3% de chance. Para a taxa terminar o ano com redução de 50 pb, a probabilidade é de 37,8%.
Os mercados também não reagiram expressivamente. Os negócios em Nova York continuaram sendo guiados pelos efeitos da tentativa de assassinato de Trump no final de semana.
Essa cidade votou em peso em Donald Trump em 2024 — e agora é uma das que mais sofrem com o ‘shutdown’
Shutdown expõe contradições em cidade que depende de empregos federais — e que ajudou a eleger Trump em 2024
A guerra em Gaza acabou, diz Trump. Entenda o que está por trás da negociação que pôs fim ao conflito de dois anos
Após dois anos de conflito, Trump sela cessar-fogo entre Israel e Hamas e tenta consolidar legado diplomático no Oriente Médio
Argentina sai na frente do Brasil e anuncia projeto de data centers com a OpenAI, dona do ChatGPT
Projeto da OpenAI em parceria com a argentina Sur Energy prevê investimentos de até US$ 25 bilhões na região da Patagônia
China reage à ameaça de tarifa de 100% de Trump: “Não queremos uma guerra tarifária, mas não temos medo de uma”
A troca de acusações ameaça atrapalhar um possível encontro entre Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping e acabar com a trégua de uma guerra comercial
Lula tem encontro marcado com o papa Leão 14 nesta segunda-feira (13)
Esta será a quarta vez que Lula se encontra com um papa desde o início de sua trajetória política
Trump anuncia nova tarifa de 100% sobre importações da China, por postura ‘hostil’ e ‘sem precedentes do país asiático
Ameaças de tarifas e críticas à China feitas por Trump na tarde desta sexta já haviam azedado os mercados em Wall Street
Ministro brasileiro conversa com Marco Rubio e diz que delegação vai aos EUA negociar tarifaço
Presidente Lula afirma que a conversa entre os dois inicia uma nova fase da relação comercial do Brasil com o país norte-americano
Como era o avião da Embraer (EMBR3) que Putin admite ter abatido no Cazaquistão
Entenda o modelo de avião da Embraer (EMBR3) abatido pela Rússia no Cazaquistão, que deixou 38 mortos e gerou repercussão internacional
Enfim, o cessar-fogo: Hamas declara fim da guerra com Israel sob garantias internacionais
Em um discurso nesta quinta-feira (9), o chefe do Hamas afirmou que o grupo chegou a um acordo que visa a encerrar a guerra
EUA: Fed diz que riscos para emprego justificam corte de juros, mas cautela com inflação continua a afetar opinião dos diretores
Taxa de desemprego nos EUA atingiu o maior patamar em quase quatro anos, enquanto a inflação se afasta da meta de 2%
Quem são os brasileiros que chegaram mais perto do Prêmio Nobel até hoje
Brasil segue sem um Nobel oficial, mas já teve um filho de estrangeiros nascido no Rio, um físico injustiçado e a primeira vencedora do “Nobel da Agricultura”
Suprema Corte dos EUA mantém Lisa Cook no Fed até julgamento no início do ano que vem
Audiência só ocorrerá em janeiro de 2026; até lá, a diretora indicada por Biden permanece no cargo em meio à disputa com Donald Trump
Taylor Swift faz história com mais de 100 milhões de álbuns vendidos — e “The Life of a Showgirl” promete ampliar recorde
Primeira mulher a ultrapassar 100 milhões de álbuns certificados nos EUA, Taylor Swift lança nesta sexta “The Life of a Showgirl”, já recordista em pré-saves
Shutdown nos EUA: governo é paralisado pela 1ª vez desde 2019 e divulgação de dados é adiada; o que acontece agora?
Divulgação dos dados do payroll, previstas para a sexta, foi adiada para o fim do shutdown, quando o Congresso deverá entrar em acordo sobre o Orçamento
Apostador sortudo encontra bilhete esquecido e ganha quase R$ 100 milhões na loteria (e teria perdido tudo se fosse no Brasil)
Ele havia esquecido o bilhete premiado de loteria no fundo de um casaco e só o encontrou seis meses depois, por causa de uma onda de frio
Banheiro de US$ 1 milhão em Los Angeles provoca polêmica nos EUA
Moradores acusam a prefeitura de gastar demais em uma obra simples, enquanto a cidade corta orçamento de bombeiros e ainda depende de banheiros químicos em parques
O caminho ao Canadá: vistos, cidadania, desafios e estratégias para brasileiros
Especialistas detalham o caminho, os custos e as estratégias para brasileiros que planejam imigrar para o Canadá em meio a novas regras e um cenário mais competitivo
“Você está demitido”: Trump volta a colocar Powell sob a sua mira
Recentemente, uma decisão da Suprema Corte indicou que o presidente dos EUA não tem autoridade para destituir autoridades do Fed à vontade
Copa do Mundo 2026: anfitriões fogem do costume e anunciam três mascotes — mas não é a primeira vez que isso acontece
Copa do Mundo 2026 surpreende com três mascotes oficiais, representando Canadá, Estados Unidos e México. Mas, embora seja raro, essa não é a primeira vez que o torneio tem mais de um personagem símbolo
Argentina recua no desmonte do ‘cepo cambial’ e volta a impor restrição à compra de dólar
O controle argentino é um conjunto de controles às negociações do dólar que historicamente manteve a moeda americana em nível artificial