‘The man who sold the world’ ou ‘The man who solve the market’?
Nesta edição, João Piccioni compara o clássico de David Bowie com os modelos quantitativos do renomado gestor Jim Simons.
A música The man who sold the world, um clássico de David Bowie, foi interpretada por inúmeros artistas ao longo das últimas décadas. Mas com certeza a versão mais badalada veio do Nirvana, naquele acústico da antiga MTV. Me lembro de escutar a canção por horas e horas a fio, procurando interpretar a combinação da melodia com sua letra e a escolha de Kurt Cobain ao tocar o principal solo da música com um violão eletrificado.
Provavelmente, foi em algum desses momentos de introspecção da juventude que decidi me tornar um guitarrista. Das pentatônicas aos modos gregos, passando pelos arpejos e o famigerado tapping, gastei horas e horas a fio procurando me tornar um músico de verdade. Dali, na verdade, só ficou a memória. A habilidade com as cordas já não é a mesma há muito tempo.
Mas as imagens do ritmo e da respiração de Cobain ao interpretar a música de Bowie não se apagam das minhas lembranças. Tal qual um algoritmo que se repete exaustivamente, o toque inicial da palheta com as cordas logo no início da música se transforma em um prenúncio dos sentimentos que estão por vir.
Os sentimentos de alegria, fúria, solidão, amor, surpresa, indiferença, esperança, seriam reações naturais ao se escutar a música. Cada sentimento, por sua vez, está associado a uma resposta comportamental das pessoas e à formação do seu processo decisório de querer continuar ouvi-la ou abandoná-la. Agora imagine se os músicos estivessem pensando o tempo inteiro nas respostas das pessoas ao criar as suas músicas e letras…
O dono dos melhores track records de fundos quantitativos
Jim Simons, em “The man who solve the market”, resolveu pensar exatamente dessa forma. O fundador da Renaissance Technologies (RenTech), detentor de um dos melhores track records (se não o melhor) do mundo da gestão de recursos, criou os seus modelos quantitativos a partir da análise da coleção de dados de zilhões de operações no mercado financeiro.
Seu objetivo era capturar qual o mais provável passo seguinte dos preços de um ativo e tomar um lado do trade (compra ou venda), auferindo ganhos de curtíssimo prazo. Seus bancos de dados remontam ao início da década de 80 e são utilizados para identificar padrões dentro do comportamento dos preços dos ativos e minimizar a interação humana.
Leia Também
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Para isso, a companhia conta com mais de 90 PhDs, nas áreas de matemática, física e ciência da computação (os “verdadeiros músicos”).
Ao longo dos seus 40 anos de história, a RenTech se tornou a principal estrela do segmento de finanças quantitativas por meio do seu principal fundo, o Medallion Fund.
Seu sucesso estrondoso e retornos anormais (cerca de 40% ao ano) permitiram à empresa cobrar altíssimas taxas de administração e performance, necessárias para a manutenção das suas operações (investimento constante em hardware, pessoas e processamento).
De acordo com as informações no seu próprio website, a companhia possui mais de 50 mil CPUs que rodam um volume de dados de mais de 150 gigabits por segundo e contam com um banco de dados que acumula mais de 40 terabytes por dia. São números astronômicos, impensáveis sob a ótica tradicional da gestão de recursos.
E isso nos leva ao pensamento de segundo nível, abordado no recente episódio do podcast da Acquired: dado que os seus modelos são baseados em previsões comportamentais fundamentadas em algum grau probabilístico, é possível inferir certa similaridade com os modelos atuais de Inteligência Artificial.
Talvez, e só talvez, a RenTech tenha descoberto a verdadeira fórmula mágica para se ganhar dinheiro com IA. Mas como seus modelos são trancados a sete chaves, é impossível saber exatamente o que é feito por ali.
Independentemente disso, o fato é que Jim Simons é realmente um gênio. Tal qual foi Bowie e, para alguns, Kurt Cobain. Todos eles conseguiram de certa forma decifrar as emoções e as mudanças comportamentais provocadas nas pessoas. O primeiro, claramente com o objetivo de melhorar seus algoritmos de trading. Os últimos, com o intuito de deixar suas marcas no mundo (ou vender mais discos, quem sabe…).
- LEIA TAMBÉM: Disney, Microsoft e outras 8 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui pra descobrir as melhores ações americanas selecionadas pela Empiricus Research.
A performance dos mercados em março e os ajustes nas carteiras
Os últimos pregões de março têm se mantido no mesmo compasso das semanas anteriores.
A reunião do Federal Reserve acontecida na semana passada tirou a preocupação dos investidores sobre o início do ciclo de queda dos juros.
Após o discurso de Jerome Powell, as curvas de juros se ajustaram e agora sinalizam que o primeiro movimento de queda deve vir mesmo em junho.
Diante desse movimento, as bolsas globais ganharam fôlego.
Nos EUA, o S&P 500 beira suas máximas históricas, aos 5.230 pontos. O número só não é mais alto porque as ações da Apple perderam seu fôlego com as notícias envolvendo o processo do Departamento de Justiça americano, que a acusa de práticas anticompetitivas.
As ações da gigante de Cupertino caíram quase 5% das máximas recentes.
Na Europa, a leitura de que os cortes de juros podem vir mais cedo tem animado os investidores. O índice EuroStoxx 50, que contempla as 50 maiores companhias da região, avança mais de 10% em dólares em 2024.
Os países emergentes também deram sinais de recuperação e a maior parte das Bolsas agora se encontra no campo positivo.
Brasil na contramão das altas
O Ibovespa é a exceção e cai cerca de 1,6%, movido pelos mesmos anseios das últimas semanas (repique inflacionário e as influências dos gestores).
Por aqui, a decisão do Copom que reduziu a taxa Selic para 10,75% não trouxe tantas mudanças nas expectativas.
Apesar da ausência do plural nas perspectivas da redução da Selic nas próximas reuniões, os investidores se mantiveram em compasso de espera até a divulgação do IPCA-15, feita ontem (26).
A inflação parcial de março, medida pelo IBGE, veio levemente acima do consenso (0,36% contra 0,30%) e acabou empurrando a curva de juros para cima.
Apesar dos números um pouco piores, por ora, mantemos nossa visão sobre o processo desinflacionário, mas, em termos de posicionamento, preferimos apostas na inclinação da curva, devido à deterioração das perspectivas relacionadas ao fiscal brasileiro.
Em termos de mudanças nos fundos líquidos, fizemos uma pequena alteração na carteira do Empiricus Money Bets FIA BDR Nível I.
Reduzimos a participação nas ações da AMD para 3% e trouxemos para o portfólio as ações da Nvidia, com um peso de 4%. Minha leitura recente sobre o setor é de que a competição no segmento de CPUs ganhará tração mais velozmente, dada a vontade das Big Techs em fazerem parte deste setor.
Neste sentido, a AMD estaria em uma situação mais delicada que a concorrente, dado o valuation mais esticado. De qualquer forma, ainda acredito que ambas ações detêm espaço para valorização.
Na semana que vem, publicaremos uma série de documentos sobre nossos fundos. Logo na virada do mês, divulgaremos a Carta Mensal de março, a carta trimestral do Empiricus Deep Value Brasil FIA e da família de Fundos de Fundos. Não perca.
Por fim, segue a tabela contendo os resultados das principais estratégias da casa, nas janelas mensal, anual, semestral e anual. Caso você deseje conferir algum outro fundo que não está presente nesta lista, visite o nosso site: www.empiricusgestao.com.br
Forte abraço,
João Piccioni
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos