A recente turbulência bancária provocou uma correria para ativos considerados mais seguros e, consequentemente, uma fuga das ações. O mercado passou a operar sob a desconfiança de quem já havia vivido uma avalanche de falências entre titãs de Wall Street e muita gente passou a se perguntar qual seria o custo de mais uma crise.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu a resposta nesta terça-feira (11): a economia global e a brasileira irão carregar o mesmo fardo — pelo menos em termos de desaceleração em pontos percentuais.
Enquanto para o mundo o preço será uma desaceleração para 2,5% — de uma alta de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) global — para o Brasil, a expansão será de 0,9% e não mais de 1,2% para este ano como previsto em janeiro.
No caso da economia global, o FMI diz que esse seria o resultado mais baixo desde a desaceleração de 2001, excluindo a crise inicial da covid-19 em 2020 e a crise financeira global em 2009.
O Brasil com Lula e o Brasil com Bolsonaro
Se confirmada, a expectativa do FMI para o Brasil indica uma relevante desaceleração em relação ao ano passado, quando a economia brasileira cresceu 2,9%. Para 2024, o Fundo manteve a expectativa de um avanço de 1,5% do PIB do País.
Ao revisar para baixo a projeção deste ano, o FMI espera que o crescimento do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva fique abaixo do desempenho visto na estreia de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, o PIB brasileiro avançou 1,2%.
O presidente Lula voltou a criticar o FMI na segunda-feira (10) durante discurso sobre os 100 primeiros dias do governo. Confira um balanço dos 100 dias de governo de Lula.
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Segundo o petista, se a sua gestão for se basear no que o mercado e as perspectivas do Fundo indicam para o Brasil, "é melhor desistir".
"É importante que essa gente fale, para que a gente faça diferente do que eles falam", disse Lula.
Na lanterna dos emergentes
Ao projetar um cenário "duro" e "nebuloso" para a economia global neste ano, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse que algum ímpeto viria das economias emergentes e em desenvolvimento. Não será o caso do Brasil, no entanto.
No ritmo estimado pelo Fundo, o primeiro ano do governo de Lula posicionará o País entre os piores desempenhos de PIB entre os emergentes e em desenvolvimento em 2023, ficando à frente somente de economias como a da Rússia, que sente os efeitos da invasão à Ucrânia, e da África do Sul.
A previsão para o Brasil também é inferior à expectativa de crescimento das economias desenvolvidas e à média global.
A revisão do FMI reforça o coro econômico quanto ao baixo crescimento esperado para o Brasil neste ano. O Banco Mundial divulgou na semana passada projeção de alta de 0,8% para o País, às margens das reuniões de Primavera do organismo, também realizadas em Washington.
O alerta também vem do setor privado. O Itaú Unibanco, maior banco da América Latina, anunciou nesta segunda uma revisão para baixo em sua expectativa para o PIB do Brasil neste ano, que passou para alta de 1,1%, de 1,3%.
*Com informações do Estadão Conteúdo