Vem dividendo gordo por aí? CEO da Itaúsa (ITSA4) diz o que é preciso fazer para aumentar a distribuição aos acionistas — estratégia está a caminho
Alfredo Setubal reconhece que o nível de pagamento dos proventos está baixo, mas traça plano para que o acionista seja compensado; entenda essa história
Ainda que a Itaúsa (ITSA4) seja conhecida como uma das vacas leiteiras da bolsa, para o CEO Alfredo Setubal, a holding que controla o Itaú Unibanco (ITUB4) se encontra em um “vale” de dividendos e está longe dos níveis históricos de remuneração aos acionistas.
Durante o evento Panorama Itaúsa, o executivo afirmou que a atual distribuição proventos abaixo da média está ligada ao elevado nível de investimentos que as companhias controladas pela holding “são obrigadas a fazer neste momento”.
Para reverter esse quadro, o diretor-executivo da companhia acredita que é preciso estratégia, especialmente nas empresas que estão sob o guarda-chuva da Itaúsa.
“A gente acredita que, se reduzida a alavancagem das empresas controladas e o nível de investimentos, o fluxo de dividendos virá”, afirma.
“Os dividendos ainda não estão nos patamares que a gente quer, porque as empresas possuem investimentos muito grandes. Mas temos bastante confiança de que esse vale passará nessas empresas e elas voltarão a pagar dividendos relevantes, compensando todo esse período de proventos mais baixos”, acrescenta.
A Itaúsa é uma holding e não possui atividade operacional — ou seja, ela depende da distribuição de proventos de suas controladas para fazer frente às despesas, enquanto distribui aos seus acionistas as remunerações recebidas pelo controle do Itaú Unibanco.
Vale destacar que, além do Itaú, a companhia detém participações em negócios como a CCR (CCRO3), Dexco (DXCO3), Alpargatas (ALPA4) e XP Investimentos (XPBR31).
No mês passado, a própria holding do Itaú informou que sua distribuição de proventos poderia ultrapassar o patamar de R$ 700 milhões, quando considerado o número de ações em circulação no mercado, de acordo com dados da B3.
A estratégia da Itaúsa (ITSA4)
Para Alfredo Setubal, a Itaúsa (ITSA4) se encontra em um momento de consolidação do portfólio e de redução de dívidas.
“A gente encerrou o primeiro ciclo de investimentos da Itaúsa com a aquisição da participação da CCR no final do ano passado. Agora, é necessário maturar esses investimentos”, afirma.
Segundo o CEO da holding, a Itaúsa estruturou uma grande área para monitorar esses investimentos, com o objetivo de entender “se as empresas estão indo bem e se os valuations estão corretos”.
Isso impacta diretamente a atual estratégia de capital da dona do Itaú, que inclui uma gestão ativa de investimentos para avaliar sempre os melhores “momentos de entrada e de saída em negócios”.
Como o foco da Itaúsa atualmente é na gestão do caixa e na desalavancagem, a companhia não pretende realizar novos investimentos nos próximos anos, segundo Setubal.
Além disso, para o executivo, o cenário de taxas de juros elevadas no Brasil, com a Selic atualmente em 12,75% ao ano, dificulta “conseguir retornos adequados nesse ambiente mais desafiador”.
“Não temos nenhuma expectativa de que teremos grandes investimentos com esse cenário nos próximos anos”, disse o CEO da Itaúsa, em evento.
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A Itaúsa e a XP Investimentos
Para além de um cenário mais restritivo de investimentos futuros, Setubal ressalta a agenda de redução de dívida da Itaúsa, com destaque para a diminuição de participação na XP Investimentos.
É importante lembrar que a Itaúsa vem diminuindo a fatia na XP ao longo dos últimos anos e usando os recursos obtidos com as vendas para quitar dívidas.
O objetivo da holding é zerar sua participação na corretora "por não se tratar de ativo estratégico".
De acordo com Setubal, a Itaúsa ainda possui um saldo de ações da XP e pretende se desfazer das fatias “ao longo dos próximos meses com calma e tranquilidade, aproveitando momentos de preços melhores para reduzir ainda mais a dívida” da holding.
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