A Petrobras (PETR4) divulga seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2023 nesta quinta-feira (11) após o fechamento do mercado. E, mais uma vez, os dados em si importam bem pouco — até porque já tivemos a prévia operacional. O foco dos investidores estará nos dividendos da estatal.
A companhia pagou proventos recordes aos seus acionistas ao longo do ano passado, mas algum tipo de mudança nessa política já é esperada há meses. Desde a campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já criticava as práticas atuais, assim como outros aliados políticos.
Para boa parte do mercado, a questão não é "se" a Petrobras vai cortar dividendos, mas "quando". Para o Itaú BBA, o anúncio deve vir já nesta semana, junto com os resultados trimestrais. E a surpresa não para por aqui: os analistas também acreditam que a política de dividendos da petroleira será alterada de maneira definitiva no segundo semestre deste ano.
A avaliação do banco parte de um discurso do governo federal que o mercado já conhece bem: o de que o excesso de caixa não deveria ir para as mãos dos acionistas, mas ser direcionado para novos projetos e investimentos, como expansão da capacidade de refino e energias renováveis.
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De maneira geral, nenhum analista acha errado a Petrobras investir nestes segmentos — apenas questionam o custo disso e o tempo de retorno desses aportes.
A equipe do Itaú BBA trabalha com três hipóteses para o futuro dos dividendos da estatal:
- Suspensão do pagamento trimestral sem novas diretrizes para uma nova política de distribuição;
- Manutenção do pagamento trimestral com base no percentual definido a partir do lucro líquido, numa faixa de 25% até 40%; e
- Manutenção da distribuição trimestral, conforme a política atual.
Os analistas calculam que, caso os dirigentes mantenham a atual política de dividendos, o pagamento será de R$ 2,50 por ação, um rendimento de 11% por ativo. Caso o payout seja revisto para 40%, esse valor cai para R$ 1 por ação, com rendimento de 4%.
Por fim, caso a distribuição mínima de 25% seja imposta, o rendimento passa a ser de 3% ou R$ 0,06 por ação.
Já o Goldman Sachs possui uma visão mais otimista, acreditando que a distribuição de dividendos não deve sofrer grandes mudanças. Em relatório, o banco explica que ainda não houve sinalização concreta de mudanças nesse sentido desde a eleição do novo conselho de administração.
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Além disso, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, já afirmou que, apesar de discordar de determinadas regras, as respeitaria. Tudo isso sustenta a visão do banco de que o cenário não seja assim tão catastrófico.
Mas e os números da Petrobras (PETR4)?
Se é apenas uma questão de tempo até os dividendos da Petrobras (PETR4) minguarem, então vamos ao balanço.
Veja abaixo as projeções para as linhas de receita líquida, Ebitda e lucro líquido da Petrobras neste primeiro trimestre, de acordo com o consenso da Bloomberg — e a variação em relação ao mesmo período de 2022:
- Receita líquida: R$ 138 bilhões (-2,5%)
- Ebitda: R$ 68,5 bilhões (-12,4%)
- Lucro líquido: R$ 28 bilhões (-37%)
No mesmo relatório em que falou sobre os dividendos da Petrobras, o Itaú BBA prevê uma queda na receita da petroleira por causa do menor volume vendido, conforme já divulgado, além da baixa no preço médio do petróleo.
Ainda acrescenta que as margens menores em refino devem pesar sobre os resultados, com uma queda prevista de 8% no Ebitda na comparação trimestral.