A invasão dos carros chineses: como a Caoa fez a Chery decolar no Brasil
Aos poucos, marcas como Caoa Chery, BYD e GWM ganham o mercado e a confiança dos consumidores, com carros eletrificados, design moderno e tecnologia

Primeiro foram os carros norte-americanos, depois os europeus a formar o parque industrial automotivo no Brasil, com marcas como Ford, General Motors e Volkswagen. Daí nasceram as montadoras nacionais, sempre de origem estrangeira. Vale lembrar que empresas genuinamente nacionais nunca prosperaram, entre elas, Gurgel, Puma, Envemo, Miura, JPX, Troller e muitas outras.
A Fiat veio nos anos 70, e só 20 anos depois o mercado nacional foi inundado com mais fábricas, como Renault, Peugeot e Citroën, além das japonesas Honda, Toyota, Nissan, Mitsubishi e Suzuki. O próximo passo veio com a sul-coreana Hyundai e outras europeias em volume menor, como BMW, Mercedes-Benz (que montou planta duas vezes e já saiu), Audi (entrou, saiu e voltou) e Land Rover.
A partir da segunda década dos anos 2000, o Brasil passou a viver uma terceira onda de fabricantes de automóveis, que prometem com seus volumes e estratégias agressivas, chacoalhar o mercado: os chineses.
Diante disso, o Seu Dinheiro dá início hoje à série de reportagens "A invasão dos carros chineses".
Nesta primeira matéria você vai conhecer a história da Caoa Chery.
Nos próximos dias será a vez da GWM, da BYD, da Seres e da JAC Motors.
Leia Também
Chery só decolou nas mãos de Caoa
O Brasil já possui uma fabricante chinesa que mudou de mãos e agora replaneja seus próximos passos por aqui. Trata-se da Chery, ou melhor, a Caoa Chery.
A fabricante relativamente nova (fundada em 1997), inaugurou em 2014 sua planta em Jacareí (SP), em um investimento de US$ 400 milhões, com capacidade para fabricar 50 mil unidades por ano.
Mas a Chery nunca foi competitiva. Colocando no mercado carros pequenos e pouco confiáveis, como o subcompacto QQ e outros com baixo volume de vendas, como Celler e Tiggo, enfrentou ainda uma crise econômica que derrubou as vendas gerais.
Em 2017, a Caoa adquiriu metade de suas operações, por US$ 60 milhões, e a marca passou a ser chamada de Caoa Chery. Foi nas mãos da Caoa, com sua máquina de gestão, vendas e marketing, que os veículos da marca decolaram, começando pelo Tiggo 2, que já estava em teste.
Com portfólio de SUVs e sedãs, a Caoa entregou o que o mercado queria: utilitários esportivos bem equipados, com design moderno, mais tecnológicos e a preços competitivos, junto com o crescimento da rede e massivas ações de marketing, algo que já tinha realizado com sucesso para a coreana Hyundai.
Em 2021, quando seu fundador Carlos Alberto de Oliveira Andrade morreu, a Caoa Chery fechou o ano entre as marcas top 10 de vendas no Brasil, com quase 40 mil unidades emplacadas, crescimento de 97% sobre 2020 e se consolidando na 10ª posição de marcas no país. Assim, fechou o ano com 2% de market share, o dobro do ano anterior, com destaque para os SUVs Tiggo 5x e o Tiggo 8.
Série 'A invasão dos carros chineses'
- Como a Caoa fez a Chery decolar no Brasil (você está aqui)
- GWM promete ‘revolução’ no mercado brasileiro
- A BYD e o sonho da mobilidade
Mudanças drásticas de estratégia com a Caoa Chery
Justamente nesse momento em que parecia rumo à consolidação e confiança do consumidor, a partir de 2022, a marca iniciou um novo capítulo de sua gestão e estratégia. Em maio, a Caoa anunciou, de forma inesperada para o mercado, o fechamento da fábrica em Jacareí.
O motivo seria a suspensão da operação até 2025, para readequar suas linhas para fabricar modelos híbridos e elétricos. Não demorou muito para especialistas do mercado atribuírem a decisão a outros fatores, entre eles os baixos volumes dos modelos produzidos ali (Tiggo 3x e Arizzo 6), após deixar de fabricar o Tiggo 2.
Além das 480 demissões de Jacareí, que impactaram de forma negativa na imagem da marca, a Caoa Chery, estava mexendo fortemente em seu portfólio.
A marca, que já havia anunciado a descontinuidade do Tiggo 2 (seu motor não atenderia mais à nova legislação de emissões nem a fabricante decidiu modernizá-lo em Jacareí), tirou de linha, após apenas 9 meses no mercado, o Tiggo 3x, um SUV compacto que prometia altos volumes. O motivo, segundo seus executivos, foi a suspensão das atividades na fábrica paulista.
Os demais modelos da Caoa Chery seguiram com sua produção em Anápolis (GO), onde a Caoa também fabrica carros da Hyundai. Ali foram mantidas as montagens dos Tiggo 5x, Tiggo 7 e Tiggo 8.
Portfólio eletrificado
Alguns meses depois, mais uma novidade - e das grandes. A Caoa Chery anunciou a eletrificação de toda sua linha: ou seja, seus carros passariam a ter também opções híbridas no portfólio.
Certamente a vinda das conterrâneas GWM e BYD aceleraram o plano. Mas há outro motivo: em fevereiro de 2022, a matriz na China selou uma joint venture com a Luxshare Precision Industry, fornecedora de componentes eletrônicos, que tem em seu catálogo equipamentos da Apple, como a produção de AirPods e de iPhones.
A parceria da Chery com Luxshare prevê o desenvolvimento de veículos elétricos, com 70% e 30% de participação na Chery New Energy, respectivamente. Parte dessa fatia da Luxshare envolve a Caoa Chery.
Nas lojas, a marca passou a oferecer opções eletrificadas do Tiggo 5x, Tiggo 7 e do Tiggo 8. Os dois primeiros são montados com a tecnologia MHEV, ou híbridos leves, que possuem um gerador elétrico que auxilia o motor a combustão e também no funcionamento de sistemas elétricos secundários – mas não traciona sozinho o carro.
Os híbridos leves são beneficiados pelo consumo (no caso dos Caoa Chery em torno de 10%) e melhoram o desempenho do veículo em retomadas e acelerações.
Já o Tiggo 8 Plug-in Hybrid, importado da China, traz o sistema PHEV, sigla de híbrido plug-in, com acréscimo de 130 cv sobre o modelo só a gasolina (passa de 187 para 317 cv de potência) e o dobro de torque (56,6 kgfm). O consumo surpreende: de acordo com o Inmetro, o Tiggo 8 passa de média de 11 km/l na versão a gasolina para 30 km/l no modelo PHEV.
A marca também passou a vender o iCar, 100% elétrico, subcompacto que esquenta a briga entre os mais acessíveis do mercado.
Entre agosto e dezembro, a Caoa Chery contabilizou o emplacamento de 7 mil automóveis eletrificados.
Nos próximos dias, o Seu Dinheiro trará a história da GWM, da BYD, da Seres e da JAC Motors, montadoras chinesas que fazem companhia à Caoa Chery nesta invasão do mercado brasileiro.
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Sem alarde: Discretamente, China isenta tarifas de certos tipos de chips feitos nos EUA
China isentou tarifas de alguns semicondutores produzidos pela indústria norte-americana para tentar proteger suas empresas de tecnologia.
A marca dos US$ 100 mil voltou ao radar: bitcoin (BTC) acumula alta de mais de 10% nos últimos sete dias
Trégua momentânea na guerra comercial entre Estados Unidos e China, somada a dados positivos no setor de tecnologia, ajuda criptomoedas a recuperarem parte das perdas, mas analistas ainda recomendam cautela
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
E agora, Trump? A cutucada da China que pode reacender a guerra comercial
Em meio à sinalização do presidente norte-americano de que uma trégua está próxima, é Pequim que estica as cordas do conflito tarifário dessa vez
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump
Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.
Trump recua e bitcoin avança: BTC flerta com US$ 94 mil e supera a dona do Google em valor de mercado
Após a Casa Branca adotar um tom menos confrontativo, o mercado de criptomoedas entrou em uma onda de otimismo, levando o bitcoin a superar o valor de mercado da prata e da Alphabet, controladora do Google
Boeing tem prejuízo menor do que o esperado no primeiro trimestre e ações sobem forte em NY
A fabricante de aeronaves vem enfrentando problemas desde 2018, quando entregou o último lucro anual. Em 2025, Trump é a nova pedra no sapato da companhia.
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Papa Francisco estreou o primeiro papamóvel elétrico do Vaticano; relembre
No final do ano passado, Mercedes presentou o pontífice com um Classe G adaptado com adaptações feita à mão
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
A festa do estica e puxa de Donald Trump
Primeiro foram as tarifas recíprocas e agora a polêmica envolvendo uma possível demissão do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell
Tesla (TSLA34) não escapa das tarifas contra a China, e BofA corta preço-alvo pela segunda vez no ano — mas balanço do 1T25 devem vir bom
Bank of America reduz preço-alvo em antecipação ao relatório trimestral previsto para esta terça-feira; resultados devem vir bons, mas perspectiva futura é de dificuldades