Felipe Mirada: Verba volant, scripta manent — o convite para Michel Temer
Na quinta-feira, às 19h, numa parceria entre Empiricus e Market Makers, faremos uma conversa com o ex-presidente

As palavras faladas voam. A escrita fica. Algumas coisas precisam estar registradas em papel, para que resistam ao teste do tempo ao serem devidamente documentadas.
“Verba volant, scripta manent”, além de um provérbio em latim, faz referência à carta escrita por Michel Temer a Dilma Rousseff, que poderia ser definida como uma das maiores inflexões político-econômico-sociais da história brasileira. Ali, começamos a irromper contra a trajetória na direção do “Fim do Brasil”, para construir uma 'Ponte para o Futuro”.
A turma mais canhota poderia insistir na narrativa do golpe. Do outro lado, críticas virão sobre o início de uma relação menos transparente com um STF acusado de penetrar territórios de outros poderes e elevar-se demais mediante profusão de decisões monocráticas.
A despeito de ponderações possíveis e da vil insistência na balela do golpe, a catálise de um movimento em prol do impeachment da ex-presidente Dilma abriu caminho para um profundo programa de reformas, para que se evitasse qualquer ruptura institucional ou fiscal e voltássemos a uma velha e ortodoxa matriz econômica, pois a "nova" nunca deveria ter existido.
Construiu-se um governo de notáveis e o Brasil foi (talvez ainda seja) por anos o país com o ritmo mais acelerado de reformas estruturantes.
Michel Temer nunca foi ou será um presidente popular, mas talvez por isso mesmo poderá ser julgado pela História.
Leia Também
Anatomia de um tiro no pé: Ibovespa busca reação após tarifas de Trump
Sem a possibilidade da reeleição ou dos (des)prazeres do populismo, ficou mais fácil a postura institucional e de estadista.
Também as circunstâncias lhe foram favoráveis para a implementação das reformas, claro — o Brasil flertava com o princípio e, para respeitar sua vocação macunaímica, sua complacência e sua tendência à mediocridade, por definição, precisava reverter à média. Se estávamos com a nota 1, seria natural voltarmos para nossa tradição de aluno nota 5.
- Leia também: Felipe Miranda: Preparar para a aterrissagem nos EUA — ou seria decolagem nos mercados financeiros?
Desvio de rota
Desviamos da rota Argentina para perseguir um orçamento mais equilibrado, um mercado de trabalho mais flexível, uma melhora do ambiente de negócios (por que paramos de falar nisso?) e uma evolução da produtividade dos fatores.
Não só evitamos a catástrofe da dominância fiscal e/ou a perda do valor de nossa moeda, como temos colhido até hoje os benefícios daquele longo e profundo programa de reformas. Há três anos, o PIB brasileiro cresce mais do que o esperado, em cerca de cinco pontos percentuais.
A maior parte dos economistas concorda que um bocado dessa diferença decorre das aprovações estruturantes do governo Temer, continuadas e ampliadas por Paulo Guedes na administração Bolsonaro.
Com honestidade intelectual, precisamos reconhecer que outra parte ainda carece de explicação, como se tivéssemos um resíduo inexplicável até o momento para a fortaleza da economia (fenômeno, inclusive, que é global; a esta altura, todos já esperariam, por exemplo, que os EUA estivessem em recessão).
O convite para Temer
O presidente Michel Temer tem uma importância histórica incontestável. Mas é mais do que isso. Ele goza de uma capacidade muito destacada de leitura política e social do Brasil. Por isso, com muita satisfação e orgulho, registro por escrito este convite: na quinta-feira, às 19h, numa parceria entre Empiricus e Market Makers, faremos uma conversa com o ex-presidente Temer.
Estou certo de que a conversa poderá nos iluminar sobre a trajetória prospectiva do Brasil e das importantes reformas também em curso — cumpre lembrar que a própria reforma tributária não é uma pauta deste governo, ela é uma conversa de Estado, que, inclusive, começou a ser gestada dessa forma na era Temer.
Esse será o segundo encontro com um ex-presidente promovido pela Empiricus para seus assinantes, leitores e ouvintes.
Há quase 10 anos, tivemos a honra de promover uma conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e, com a transparência de sempre, confesso que só não fizemos uma terceira por circunstâncias de última hora.
No passado, tentei promover o que batizei de “Conversa pelo Brasil”, entre FHC e Lula. No final, não deu certo, mas me arrependo de não ter insistido.
Na minha perspectiva, ao promover esse tipo de diálogo, a Empiricus se aproxima de sua própria vocação: levar ao investidor pessoa física o mesmo acesso informacional e institucional daqueles tradicionalmente obtidos apenas pelos grandes profissionais do mercado.
Quando começamos essa história de pesquisa de investimentos para pessoas físicas, havia uma ideia (a verdade é que ainda há!) de que algo voltado ao varejo poderia ser de qualidade inferior, uma espécie de “série B” dos investimentos. Nunca aceitei essa prerrogativa. Tinha certeza de que só atingiríamos o sucesso se nos obrigássemos a jogar a Champions League.
O varejo merece a mesma interlocução da Faria Lima. Bons investidores, em grande medida, são apenas máquinas bem treinadas de acesso e processamento de informação. É isso que muda o jogo.
Por isso, estou tão motivado nessas últimas semanas. Admito também o desafio pessoal de conduzir conversas tão distintas.
Começamos nossa série de comemorações pelo aniversário de 14 anos da Empiricus com o economista Tony Volpon. Depois, tive um papo com Marcos Troyjo. Rodolfo conduziu uma conversa brilhante com o físico Marcelo Gleiser.
Na semana passada, tivemos Rodrigo Pizarro, CFO da petroleira 3R, Ricardo Lacerda, fundador do banco BR Partners, e Pedro Zemel, CEO do Grupo SBF. Foram todos diálogos muito ricos e estamos preparados para mais nesta semana.
Além do Temer...
Além do presidente Michel Temer, nos próximos dias converso com:
- Marcos Pinto, secretário de reformas do ministério da Fazenda: Marcos talvez não seja tão conhecido do grande público mas é um cara espetacular. Um daqueles homens públicos que são patrimônio nacional, e está à frente de um relevante programa de reformas. Há de se elogiar o trabalho do ministério da Fazenda como um todo, lutando pela responsabilidade fiscal mesmo num governo mais à esquerda e intervencionista, e pelo aumento da produtividade brasileira. O papo vai ser amanhã, dia 28, às 15h30.
- Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank: O Nubank é simplesmente um fenômeno, que dispensa apresentações. O banco talvez tenha elevado a percepção geral sobre investimentos no Brasil: também somos capazes de promover “home runs” globais, e isso se deve ao Nubank. Na quarta, dia 29, às 18h.
- Sr. Altair Silvestri, CEO da Intelbras: Essa é uma conversa particularmente interessante, pois há um potencial de que a empresa esteja, neste momento, passando por uma inflexão de resultados que, se confirmada, poderia catalisar destacada valorização de suas ações. Talvez ainda mais interessante: aparições públicas do Sr. Altair são raríssimas, tornando esse papo verdadeiramente extraordinário. Quinta, dia 20, às 14h.
- Paulo Hartung: que poderia ser apresentado de diversas maneiras, mas que, para mim, é o presidente que o Brasil deveria ter tido. Isso diz muita coisa. Na terça-feira da semana que vem, dia 5, às 10h30.
Você está formalmente convidado. Aprecie sem moderação.
Sem avalanche: Ibovespa repercute varejo e Galípolo depois de ceder à verborragia de Trump
Investidores seguem atentos a Donald Trump em meio às incertezas relacionadas à guerra comercial
Comércio global no escuro: o novo capítulo da novela tarifária de Trump
Estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos
Felipe Miranda: Troco um Van Gogh por uma small cap
Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.
Ontem, hoje, amanhã: Tensão com fim da trégua comercial dificulta busca por novos recordes no Ibovespa
Apetite por risco é desafiado pela aproximação do fim da trégua de Donald Trump em sua guerra comercial contra o mundo
Talvez fique repetitivo: Ibovespa mira novos recordes, mas feriado nos EUA drena liquidez dos mercados
O Ibovespa superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos 141 pontos; dólar está no nível mais baixo em pouco mais de um ano
A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo
Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.
Ditados, superstições e preceitos da Rua
Aqueles que têm um modus operandi e se atêm a ele são vitoriosos. Por sua vez, os indecisos que ora obedecem a um critério, ora a outro, costumam ser alijados do mercado.
Feijão com arroz: Ibovespa busca recuperação em dia de payroll com Wall Street nas máximas
Wall Street fecha mais cedo hoje e nem abre amanhã, o que tende a drenar a liquidez nos mercados financeiros internacionais
Rodolfo Amstalden: Um estranho encontro com a verdade subterrânea
Em vez de entrar em disputas metodológicas na edição de hoje, proponho um outro tipo de exercício imaginativo, mais útil para fins didáticos
Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF
Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano
Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF
Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado
Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá
Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano
O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas
Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si
Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco
Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada
De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?
Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE
Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF
Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações
A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos
Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA
Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária
Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança
Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.
É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA
Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã