Vale (VALE3) e a síndrome do “vendedor sincero”. Por que você deve comprar as ações da mineradora apesar do “risco China”
Ações da Vale contam com um potencial de remuneração aos acionistas que pode passar de 10%, considerando dividendos e recompras

Há alguns anos viralizou nas redes sociais um tal de "vendedor sincero" de carros.
Enquanto a maioria das concessionárias escondia os problemas dos veículos e tentava empurrar suas bombas "maquiadas" pelo maior preço possível, o vendedor sincero mostrava todos os defeitos do carro, antes de colocar o seu preço abaixo da média do mercado.
Me lembro de um vídeo em particular, no qual ele diz algo mais ou menos assim:
"Esse carro aqui custa R$ 40 mil, com 150 mil km. Se achar que está rodado demais, posso adulterar o odômetro e deixar ele com uns 50 mil km, igual a maioria faz por aí. Mas o preço também vai subir."
É claro que o nosso grande objetivo como investidores é comprar ativos muito bons, por preços baixos. Infelizmente, nem sempre conseguimos encontrar essas oportunidades — no mercado automotivo, são as chamadas "moscas brancas de olhos azuis".
Mas não precisamos dessas raridades para conseguir ganhar dinheiro na bolsa. Na verdade, dá para ser um investidor bem sucedido comprando ativos com alguns problemas aparentes, desde que você esteja ciente que eles existem, e pague um preço mais baixo por isso.
Leia Também
Anatomia de um tiro no pé: Ibovespa busca reação após tarifas de Trump
O negócio realizado entre Vale (VALE3) e a Arábia Saudita pode gerar dividendos ao acionista? Veja a resposta do analista!
Hora de vender Vale (VALE3)?
Recentemente, participei de um encontro com clientes da série Vacas Leiteiras, que tem Vale (VALE3) entre as recomendações.
Logo após a palestra inicial de Rodolfo Amstalden, um dos convidados levantou a mão, com cara de preocupado, e foi direto ao ponto: "o que vamos fazer com VALE3?"
Como você já deve ter visto, o noticiário vindo da China parece piorar a cada semana. Num dia, o índice de atividade chinês cai. No dia seguinte, uma construtora gigante deixa de pagar juros da dívida e dá indícios de que está próxima da falência.
O crescimento do PIB chinês, que antes superava com facilidade os 5%, agora parece estar mais próximo de 3%.
Adicione a esses elementos uma relação mais tensa com os Estados Unidos e a Europa e, de fato, o cenário não parece nem de perto tão favorável quanto foi nos últimos vinte anos para o gigante asiático e nem para as empresas que vendem muito para ele, como é o caso da Vale.
Voltando ao questionamento do nosso convidado: "o que vamos fazer com VALE3? Vamos vender, certo?"
Errado!
A piora já está refletida no preço
Quando olhamos para o principal mercado consumidor da Vale, o cenário realmente não é dos melhores. Mas estamos diante de um típico caso de "vendedor sincero" aqui.
O cenário não é bonito, mas o preço já reflete isso.
A VALE3 negocia próxima de seus menores múltiplos históricos, com um potencial de remuneração aos acionistas que pode passar de 10%, considerando dividendos e recompras.
Além disso, vale lembrar que os ativos da companhia produzem os minérios de maior qualidade do mundo, e ela está entre os produtores de custo mais baixo do globo, o que é imprescindível para conseguir sobreviver a possíveis tempestades no setor.
A China pode ser um baita vento contrário nos próximos anos, e estamos plenamente cientes disso. Ao mesmo tempo, estamos pagando preços baixos que em nossa visão já refletem esse pessimismo.
Além disso, alguns dados ainda sugerem uma certa resiliência no mercado físico chinês, diferente do que sugerem as manchetes.
O estoque de minério de ferro segue em níveis baixos e o preço por tonelada permanece acima dos US$ 100. O valor está abaixo da "bolha" de 2021, mas muito acima dos níveis de 2017 e 2018. Ambos os indicadores mostram boa demanda ainda.
Fonte: Bloomberg. Elaboração: Seu Dinheiro.
Fuja dos vendedores insinceros (e compre Vale)
Apesar de entender que o fluxo de notícias deve continuar atrapalhando, Vale segue na carteira, pois entendemos que apesar do cenário parecer negativo, os preços já embutem essa piora.
Na verdade, o maior risco que existe para o investidor não é comprar ações de empresas que estejam prestes a passar por uma tempestade, desde que isso já esteja nos preços.
O maior risco para o investidor é outro: comprar ativos que estejam sendo vendidos a preços de perfeição, cujos riscos não estejam sendo vistos pelo mercado, mas que existem e podem destruir a empresa.
Lembre-se do que aconteceu na última leva de IPOs da Bolsa brasileira, quando a economia estava crescendo, os juros estavam baixos e nada parecia impedir os planos daquelas companhias sedentas pelo seu dinheiro.
Algumas delas emplacaram suas ofertas por múltiplos de 40x, 60x, 100x lucros. Os riscos já existiam, apenas não estavam tão aparentes, e quando eles surgiram várias dessas empresas tiveram suas ações dizimadas.
A Vale segue no portfólio da série Vacas Leiteiras, junto com outras ótimas pagadoras de dividendos que negociam por múltiplos bastante atrativos.
- O TOP 5 melhores ações para buscar dividendos na Bolsa inclui Vale (VALE3) e outras empresas maduras, de balanço sólido, modelo de negócio resiliente e capacidade de gerar pagamentos “gordos” com recorrência. Veja a seleção feita por Ruy Hungria neste relatório gratuito.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Sem avalanche: Ibovespa repercute varejo e Galípolo depois de ceder à verborragia de Trump
Investidores seguem atentos a Donald Trump em meio às incertezas relacionadas à guerra comercial
Comércio global no escuro: o novo capítulo da novela tarifária de Trump
Estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos
Felipe Miranda: Troco um Van Gogh por uma small cap
Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.
Ontem, hoje, amanhã: Tensão com fim da trégua comercial dificulta busca por novos recordes no Ibovespa
Apetite por risco é desafiado pela aproximação do fim da trégua de Donald Trump em sua guerra comercial contra o mundo
Talvez fique repetitivo: Ibovespa mira novos recordes, mas feriado nos EUA drena liquidez dos mercados
O Ibovespa superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos 141 pontos; dólar está no nível mais baixo em pouco mais de um ano
A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo
Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.
Ditados, superstições e preceitos da Rua
Aqueles que têm um modus operandi e se atêm a ele são vitoriosos. Por sua vez, os indecisos que ora obedecem a um critério, ora a outro, costumam ser alijados do mercado.
Feijão com arroz: Ibovespa busca recuperação em dia de payroll com Wall Street nas máximas
Wall Street fecha mais cedo hoje e nem abre amanhã, o que tende a drenar a liquidez nos mercados financeiros internacionais
Rodolfo Amstalden: Um estranho encontro com a verdade subterrânea
Em vez de entrar em disputas metodológicas na edição de hoje, proponho um outro tipo de exercício imaginativo, mais útil para fins didáticos
Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF
Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano
Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF
Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado
Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá
Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano
O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas
Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si
Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco
Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada
De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?
Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE
Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF
Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações
A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos
Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA
Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária
Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança
Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.
É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA
Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã