O dragão virou lagartixa? Por que a frustração com o PIB da China preocupa o mercado
A pressão por estímulos econômicos está aumentando. A dúvida é se a China adotará medidas capazes de fazer frente aos desafios em 2023.

Na segunda-feira, o Ocidente despertou com mais um dado frustrante da economia da China. Como conversamos na semana passada, não é de hoje que os números sobre a atividade chinesa estão decepcionando o mercado.
Agora, foi a vez de o PIB do segundo trimestre de 2023 decepcionar com uma alta anualizada de 6,3% em comparação com a previsão de 6,9%.
Esse resultado ofuscou a boa notícia da produção industrial, que registrou um aumento de 4,4% em junho em relação ao mesmo período do ano passado, superando a estimativa de 3%.
Como reação a essa lenta retomada do PIB chinês após o impacto da pandemia de Covid-19, os preços de diferentes commodities caíram, como foi o caso do petróleo, que cedeu mais de 1% ontem.
O que a China pode fazer agora?
O lado positivo, porém, é que a pressão por novos estímulos econômicos está aumentando devido ao enfraquecimento da atividade.
Tanto é verdade que, na última sexta-feira, o vice-presidente do Banco Central da China, Liu Guoqiang, mencionou a possibilidade de afrouxar a política monetária e ajustar os requisitos de depósito compulsório, caso seja necessário.
Leia Também
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Algo para acompanharmos muito em breve, na quarta-feira que vem, quando a autoridade monetária definirá as taxas de juros de referência (LPR).
- 5 ações gringas para comprar agora: conheça as melhores apostas nos mercados internacionais para buscar lucros nos próximos meses, segundo analistas da Empiricus Research. [ACESSE A LISTA GRATUITA AQUI]
O que está atrapalhando a economia da China?
Seja como for, pelo menos por enquanto, a atividade continua chamando a atenção.
A Pictet Asset atribui a queda do PIB principalmente ao mercado imobiliário fragilizado, com os gastos em infraestrutura apresentando leve aumento (gráfico da esquerda), mas os investimentos em habitação ainda são fracos (gráfico da direita) — a oferta de imóveis residenciais também atingiu o nível mais baixo desde 2005, enquanto a demanda continua em baixa cíclica.
Veja abaixo.
Por que isso é preocupante?
Uma economia chinesa mais fraca pode afetar o crescimento global, uma vez que a demanda doméstica do país tem se concentrado principalmente no setor de serviços, limitando seu impacto nas outras economias.
Esses indicadores sugerem que o período de crescimento acelerado pós-pandemia na China está chegando ao fim.
VEJA TAMBÉM — Nome no Serasa: sofri um golpe e agora estou negativado! O que fazer?
Simultaneamente, surgem aspectos intrigantes.
O mercado de ações na China está prevendo uma queda de 5 pontos nos índices de Gerentes de Compras (PMIs) em relação aos PMIs globais, o que parece improvável.
Com um pouco mais de suporte político e o fim da redução de estoques de mercadorias, que impactou as exportações, é provável que os PMIs da China melhorem em relação aos PMIs globais.
Fonte: CS
Setor de tecnologia pode ajudar
Além disso, é importante mencionar o setor de tecnologia chinês, que tem apresentado um desempenho abaixo das empresas globais de tecnologia e está sendo negociado a valores consideravelmente mais baixos.
Essa diferença de valor abre espaço para uma possível recuperação e melhor desempenho do setor na segunda metade do ano.
Com o suporte político adequado e as condições favoráveis, é possível que haja um impulso positivo para as empresas de tecnologia chinesas, o que poderia contribuir para um cenário mais favorável no mercado.
Fonte: CS
Leia também
- Onde investir: Novo semestre começa com oportunidade sob medida para os ativos brasileiros
- Como sobreviver ao Banco Central: novas informações sobre juros e inflação desafiam investidores
Equilíbrio é a chave
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Lembre-se que investir envolve riscos, incluindo a possível perda do patrimônio principal.
Investimentos internacionais envolvem riscos, incluindo, entre outros, liquidez limitada, flutuação de taxas de câmbio, e volatilidades políticas e econômicas.
Resumidamente, a economia chinesa enfrenta desafios à medida que o crescimento do PIB no segundo trimestre fica aquém das expectativas.
A queda no mercado imobiliário e a baixa demanda por habitação contribuem para a desaceleração, enquanto a pressão por estímulos econômicos aumenta.
No entanto, há sinais de possível recuperação no setor de tecnologia chinês, que está sendo negociado a valores mais baixos.
Com o suporte político adequado, as empresas de tecnologia podem impulsionar o mercado na segunda metade do ano.
Investidores devem estar cientes dos riscos envolvidos e adotar uma abordagem equilibrada em suas decisões de investimento. Resta observar se o governo chinês tomará medidas para estimular a economia e superar os desafios futuros.
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado
Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?
A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.
Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília
Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores
Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro
O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump
Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem
Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno
O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira
No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão
Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil
Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece
Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?
Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale
Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem
A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata
Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda
O amarelo, o laranja e o café: Ibovespa reage a tarifaço aguado e à temporada de balanços enquanto aguarda Vale
Rescaldo da guerra comercial e da Super Quarta competem com repercussão de balanços no Brasil e nos EUA