O Brasil está preparado para a semana de quatro dias? Os desafios e o que esperar do teste-piloto da jornada de trabalho reduzida
O experimento deve começar em novembro; funcionários terão um dia a mais “de folga” sem redução dos salários

A semana de quatro dias úteis é uma das novidades do mercado de trabalho no pós-pandemia e já foi testada em quase todos os continentes do mundo, como Reino Unido, Austrália e Estados Unidos. E agora é a vez do Brasil.
De fato, a iniciativa da uma semana mais curta de trabalho não é inédita no país: já existem empresas que adotaram a semana de quatro dias de forma independente há um pouco mais de um ano. Mas será que funciona?
É isso que a Reconnect Happiness at Work, em parceria com a organização 4 Day Week,tentará mostrar nos testes que começam no próximo mês em terras brasileiras.
Metodologia é uma das palavras-chave nessa avaliação, segundo a Renata Rivetti, CEO da Reconnect Happiness at Work e coordenadora do projeto. Ela diz que a semana de quatro dias não se resume a “tirar a sexta-feira” da jornada.
“Hoje em dia em que está todo mundo sobrecarregado e trabalhando em excesso, a gente entende que é preciso ser feito um redesenho no trabalho e não somente tirar um dia da semana.”
O Brasil será o primeiro país da América Latina a adotar a semana reduzida de forma experimental pela organização 4 Day Week.
Leia Também
O projeto terá parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para mensurar os dados qualitativos. Já a Clemente & Teixeira Advocacia atuará na assessoria jurídica às empresas cadastradas.
A WeWork — empresa de espaços corporativos conhecidos como coworking — também deve participar da iniciativa com uma equipe organizadora. A Boston College será a única parceira internacional do teste no Brasil.
Mas, a semana de quatro dias é para todo mundo? E o Brasil está preparado para essa mudança? Spoiler: a resposta não é tão favorável quanto a maioria dos trabalhadores deseja.
O Brasil está preparado?
Uma das primeiras perguntas feitas quando o assunto é mudanças no mercado de trabalho é se as empresas estão preparadas. E a resposta da responsável pelos testes da semana de quatro dias no país é enfática:
“O Brasil não está [preparado]. Nenhum país está preparado, de fato, para a mudança”, disse Rivetti.
A ideia do piloto é justamente colocar o tema em prática em escala menor para depois ampliar a escala quando os resultados positivos aparecerem.
De modo geral, as empresas que aderiram ao teste da semana de quatro dias já têm um modelo de gestão considerado mais flexível.
Por aqui, a primeira empresa a adotar a semana com jornada de 32 horas de trabalho no modelo da 4 Day Week — a mesma do Reino Unido, por exemplo — foi a Vockan Consulting, empresa de software voltada para indústrias. No fim desta matéria eu conto mais sobre como os testes vão funcionar.
Entre os países que já passaram pela experiência, os exemplos mais próximos de que a semana de quatro dias pode dar certo no Brasil vieram dos Estados Unidos e o Canadá. Por lá, 41 empresas participaram de um teste de seis meses com quase 1000 trabalhadores, com teste-piloto finalizado em agosto.
Os resultados obtidos em ambos os países mostraram que as pontuações de equilíbrio entre trabalho e vida aumentaram significativamente do início ao fim e continuaram a melhorar ao longo dos 12 meses completos.

Desafios à frente…
Uma das dúvidas que mais “assustam” as empresas na hora de adotar a semana de quatro dias é sobre a produtividade dos funcionários — antes mesmo das questões jurídicas e burocráticas.
Isso porque a mentalidade do brasileiro sobre o trabalho é de que o esforço é mensurado por horas dedicadas a determinada atividade. Na visão da Rivetti, uma jornada menor tende a “redesenhar” esse senso comum.
“Alguns dos maiores ofensores da produtividade têm a ver com excesso de reuniões, muitas delas improdutivas, processos burocráticos, falha na comunicação e distrações ao longo do dia. Então, esse redesenho tem a ver com olhar esses ofensores e começar a desenhar uma nova forma de como trabalhar.”
Reuniões mais curtas, com pautas definidas para o trabalho em equipe de forma assíncrona — ou seja, sem estar “pendurado” em uma ligação ou videochamada — são algumas das mudanças por vir e a tecnologia pode ser uma grande aliada.
“A ideia é trabalhar menos e melhor, de forma mais inteligente.”
Nisso, as portas da jornada de trabalho menor podem se abrir justamente por mudanças na cultura das empresas. Em 2019, a Microsoft reduziu a carga horária dos funcionários no Japão e a produtividade aumentou 40%.
“Algumas empresas acabam ajudando a educar o mercado. Então, a gente torce para que o Brasil seja também aqui um pioneiro e que ajude a gente educar e a construir um futuro do trabalho mais saudável”, afirma Renata Rivetti.
Outro temor das empresas é o impacto nas receitas. Mas, a exemplo dos testes do Reino Unido, esse não deve ser um “fantasma” no projeto brasileiro. Por lá, 61 empresas com cerca de 2.900 funcionários participaram do programa, em que 39% dos colaboradores se sentiram menos estressados e, na outra ponta, houve aumento de 1,4% na receita.
Na comparação com período similar a anos anteriores, a receita aumentou, em média, 35%, de acordo com os dados da 4 Day Week.
A DINHEIRISTA - 123 milhas no buraco: vendi todas as minhas milhas para eles. E agora?
Não é para todo mundo
Apesar de promissora, a semana de quatro dias não é para todo mundo — ou melhor, para todo tipo de companhia. Isso porque setores considerados essenciais para a sociedade, como a saúde, não podem parar sequer por um dia.
“Os trabalhos intelectuais são mais fáceis, por envolverem mais uma mudança de mentalidade de processos”, afirma Rivetti.
No teste-piloto brasileiro, há um hospital participante: o Hospital Indianópolis. Contudo, o experimento será aplicado, por ora, apenas na área administrativa. Isso porque, assim como a indústria, o funcionamento acontece 24 horas e sete dias por semana.
“Para ter uma redução de jornada para todos os funcionários em um hospital, teria que haver um aumento de time para atender as necessidades dos pacientes.”
De todo modo, o simples fato de um hospital participar do teste-piloto permite entender os benefícios de uma jornada melhor, segundo a especialista.
Como vai funcionar a semana de quatro dias
Cerca de 20 empresas participarão do teste-piloto no Brasil, previsto para iniciar em novembro.
As companhias participantes atuam nos segmentos de arquitetura, manufatura, hotelaria, consultoria de recrutamento, alimentos, varejo, entretenimento e plataformas de tecnologia e inovação e saúde.
Os trabalhos, porém, já começaram. Desde setembro, as companhias inscritas participam de treinamentos (masterclasses) para a implementação do modelo.
As empresas participantes do teste-piloto deverão adotar a jornada de 32 horas semanais sem a redução dos salários dos funcionários.
Mas o modo como isso será realizado caberá às companhias. “A gente não vai chegar com uma fórmula mágica do que eles têm que fazer. Vamos co-criar isso juntos. Escalonamento, uma parte de um time em um dia e a outra depois, vai valer o que a própria empresa possa decidir.”
Ou seja, não há determinação de qual dia da semana será o “dia de folga” — que poderá ser na segunda-feira, na sexta-feira ou em qualquer outro, tudo isso dependerá da escolha, exclusivamente, da empresa.
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Vale Tudo nos bastidores: atrito entre atores da novela acende debate sobre feedback negativo e conflitos no trabalho; que lições podemos tirar?
Atrito entre os atores Cauã Reymond e Bella Campos durante a gravação do remake do clássico da TV Globo traz reflexões sobre como lidar com feedback negativo, desentendimentos e comportamento inadequado de colegas no ambiente de trabalho
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
O turismo de luxo na Escandinávia é diferente; hotéis cinco-estrelas e ostentação saem do roteiro
O verdadeiro luxo em uma viagem para a região escandinava está em praticar o slow travel
OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações?
Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos
Do pitch à contratação: evento gratuito do BTG conecta jovens talentos ao mercado financeiro
Inscrições estão abertas até 27 de abril; 1 a cada 5 participantes é contratado até três meses após o evento, diz estudo
Como o melhor chef confeiteiro do mundo quer conquistar o brasileiro, croissant por croissant
Como o Mata Café, chef porto-riquenho Antonio Bachour já deu a São Paulo um tira-gosto de sua confeitaria premiada; agora ele está pronto para servir seu prato principal por aqui
Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?
O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores
De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir
Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos
Monas e Michelin: tradições de Páscoa são renovadas por chefs na Catalunha
Mais que sobremesa, as monas de Páscoa catalãs contam a história de um povo — e hoje atraem viajantes em busca de arte comestível com assinatura de chefs
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Mercado Livre (MELI34) vai aniquilar a concorrência com investimento de R$ 34 bilhões no Brasil? O que será de Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3)?
Aposta bilionária deve ser usada para dobrar a logística no país e consolidar vantagem sobre concorrentes locais e globais. Como fica o setor de e-commerce como um todo?
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Últimas horas para se inscrever na Ambev, Eneva e Porto; confira essas e outras vagas para estágio e trainee com remuneração de até R$ 7 mil
Os dias estão correndo e cada nova vaga ou processo seletivo pode abrir janelas de oportunidade capazes de transformar trajetórias. A atual temporada de estágios e trainees está repleta de possibilidades para jovens profissionais em todo o Brasil. O único problema é que o relógio não espera por ninguém. Nesta segunda-feira (14), ainda é possível […]
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Volvo EX90, a inovação sobre rodas que redefine o conceito de luxo
Novo top de linha da marca sueca eleva a eletrificação, a segurança e o conforto a bordo a outro patamar
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.