O ciclo de alta na taxa Selic, a taxa básica de juros, está se aproximando do fim, segundo as sinalizações do Banco Central.
Ainda não é possível precisar quantos aumentos virão a seguir, mas com os juros a 10,75% e uma expectativa de que a Selic chegue a algo em torno de 12% neste ano, não há mais muito espaço pela frente para a taxa subir. Ao menos não nas circunstâncias atuais.
Simultaneamente, embora ainda permaneça pressionada, a inflação já começa a dar sinais de estar mais controlada - a inflação oficial de janeiro, medida pelo IPCA, veio um pouco abaixo da mediana das estimativas, a 0,54%, contra uma expectativa de 0,55%.
Num cenário como esse, surge a questão: é hora de comprar títulos prefixados no Tesouro Direto para tentar ganhar com a sua valorização? Essa pausa no aperto monetário, junto com uma inflação mais controlada, embora ainda elevada, pode levar a uma queda nos juros futuros, proporcionando a alta nos preços desses papéis?
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Para Marc Forster, head da Western Asset, até existe oportunidade de valorização, tanto nos prés quanto nas NTN-Bs, porque de fato os juros estão em um patamar elevado, e as remunerações prometidas por esses títulos estão historicamente altas. Mas os riscos também são grandes, então não é uma barbada.
"Ganho de capital evidente não tem em nenhum vencimento, na verdade, dados os riscos atuais."
Marc Forster, head da Western Asset.
Ele destaca o risco fiscal - pressionado agora pelo projeto do Congresso para baixar o preço dos combustíveis via corte de impostos - e as eleições presidenciais, que costumam ser um grande fator de volatilidade nos mercados. Por sinal, desta vez sequer temos clareza - ao menos por enquanto - sobre o grau de responsabilidade fiscal dos candidatos mais competitivos.
Em adição a isso, o aperto monetário promovido pelo Federal Reserve, o banco central americano, não facilita as coisas por aqui, mantendo os juros pressionados.
Preferência pelos títulos prefixados mais curtos
Na nossa reportagem especial sobre renda fixa da série Onde Investir em 2022, publicada no início de janeiro, Forster foi um dos especialistas que destacou a atratividade dos títulos prefixados de prazos mais curtos naquele momento (seu preferido, na época, era o de vencimento em 2023, mas no Tesouro Direto o mais curto à venda é o 2024).
Para Forster, esses títulos de vencimento próximo ainda são os prefixados mais atrativos no momento. “A relação risco-retorno dos prés mais curtos para ganho de capital é melhor”, diz.
Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus, também gosta dos prefixados de prazos mais curtos, mas não tanto dos títulos públicos com esse perfil. Ela prefere os títulos privados. “Títulos que estejam pagando acima de 12% ao ano (bruto), emitidos por instituições financeiras sólidas, com prazo de um ou dois anos”, diz.
Lembrando que títulos emitidos por bancos, como CDBs, LCIs e LCAs, contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para investimentos de até R$ 250 mil por CPF, por instituição financeira - a mesma garantia da poupança.
Os prefixados de prazos mais curtos, públicos ou privados, são mais influenciados pela política monetária, e evidentemente há uma previsibilidade maior até seus respectivos vencimentos.
Nesta reportagem, eu trago mais detalhes sobre a estratégia de investir em títulos prefixados para ganhar com sua valorização, as oportunidades que podem existir também nos papéis atrelados à inflação e os riscos desse tipo de investimento via Tesouro Direto no momento.