Senado aprova lei de criptomoedas no Brasil, mas falha em alguns pontos; confira o que os especialistas acharam e como isso muda o mercado
A regulação vem no mesmo momento em que outros países também discutem leis sobre criptomoedas, colocando o Brasil na vanguarda na América Latina
O Brasil deu mais um passo em direção ao movimento global de regulação do mercado de criptomoedas, com a aprovação da lei de moedas digitais no Senado. A proposta centra fogo nas corretoras de cripto (exchanges), que passam a ser consideradas entidades financeiras. Mas o que muda a partir de agora?
O Projeto de Lei (PL) 3.825 de 2019, proposto pelo Senador Flávio Arns (PODEMOS-PR) tem como relator seu colega de Casa, Irajá Silvestre Filho (PSD-TO).
Agora, a proposta volta para a Câmara dos Deputados e, se aprovada sem maiores alterações, segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O que diz o PL de criptomoedas
De modo geral, a proposta procura determinar quem são os integrantes desse mercado, estabelecendo diretrizes e licenciamentos para as exchanges operarem no país, assim como definir a quem cabe fiscalizar e supervisionar cada uma delas.
Pelo texto, o poder Executivo ficará responsável por indicar o órgão regulador do mercado de criptomoedas brasileiro — entre os parlamentares, há o entendimento de que o Banco Central é a entidade mais recomendada para desempenhar essa função.
No entanto, o Congresso não quis se sobrepor ao Executivo no que diz respeito à designação dessa autoridade; além disso, nada exclui a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado brasileiro, de ser acionada se necessário.
Leia Também
Youtuber mais bem-sucedido do planeta se prepara para lançar a própria corretora de criptomoedas
Abate de porcos: A relação do Camboja com a maior apreensão de bitcoin (BTC) da história
Exchanges: custódia e compliance
Do mesmo modo, a proposta ainda fala sobre a coleta e custódia das informações pessoais dos clientes — inclusive, esse foi um dos temas levantados por Reinaldo Rabelo, CEO do unicórnio brasileiro Mercado Bitcoin, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Por fim, o texto ainda define alguns instrumentos que trazem maior transparência para as políticas de governança das exchanges, que agora são entendidas como corretoras de fato — o termo acabou sendo utilizado por suas semelhanças com essas instituições financeiras.
E o saldo é positivo para o mercado brasileiro de criptomoedas
É verdade que nem todos os entusiastas de criptomoedas ficam felizes com a regulação. Vale lembrar que o bitcoin (BTC), a primeira moeda digital do mundo, foi criado em cima da teoria libertária para não depender de governos ou instituições estatais.
Contudo, no panorama geral, a proposta foi considerada positiva pelos juristas consultados pelo Seu Dinheiro. O respaldo jurídico deve atrair mais investidores, que agora contam com a segurança da lei no caso de esquemas de pirâmide ou fraudes no setor.
É difícil dizer se isso se refletirá no preço à vista do bitcoin ou de outras criptomoedas por se tratar apenas do Brasil. Ainda assim, o movimento global pode trazer um fluxo positivo de recursos para as moedas digitais. Nesse cenário as cotações podem subir ainda mais.
Sem preocupação: especialistas comentam a lei
Juliana Abrusio, sócia da área de direito digital do escritório Machado Meyer, comenta que o primeiro passo foi dado, o que coloca o Brasil ao lado de outros países nesse quesito. “Ainda faltam maiores detalhes sobre stablecoins, DeFis etc., mas, no saldo geral, é uma boa lei”.
Mesmo essa ausência, ressalta Abrusio, que pode ser entendida como um ponto negativo, também abre espaço para o próprio órgão regulador entrar com medidas específicas e mais adequadas para cada ativo digital disponível no mercado hoje.
“O BC é um órgão mais técnico. Se ele for confirmado como regulador, com certeza será melhor do que o Congresso, que pode adotar um tom mais político”, comenta Rodrigo Caldas de Carvalho Borges, sócio no Carvalho Borges Araujo e membro fundador da Oxford Blockchain Foundation.
Pequenos detalhes
Mas nem tudo são flores — “Não existe lei perfeita”, nas palavras de Borges — e existem alguns pontos que podem melhorar ainda mais o projeto. Um deles está ligado às diretrizes de autorização para as exchanges, que precisam ser melhor definidas.
Não se sabe ao certo se o critério será um capital mínimo, ou uma política de compliance específica para a formação do corpo diretor da exchange. Além disso, especula-se que o BC possa ser o órgão regulador, mas o Poder Executivo pode criar uma entidade só para cuidar de criptoativos — e, isto sim, mudaria as regras do jogo.
Por último, o texto ainda versa pouco sobre a custódia particular de carteiras digitais (wallets). Ao mesmo tempo, é difícil regular um mercado tão descentralizado, o que fez os reguladores optarem por regular empresas do setor ao invés de focar nos “peixes menores”.
O futuro do bitcoin no Brasil e na América Latina
As apostas de que o Brasil esteja na vanguarda do uso de criptomoedas na América Latina foram corroboradas por um novo estudo da Statisa, empresa que lida com a visualização de dados globais.
A pesquisa mostra que o interesse dos brasileiros em criptomoedas cresceu pouco de 2019 para 2021. Mas é preciso dizer que o percentual da população que usa ou possui criptomoedas já era alto naquele ano.
Outro mercado latino-americano que se destaca é a Argentina. Recentemente, o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodriguez Larreta, anunciou a intenção de permitir o pagamento de impostos em criptomoedas, visando modernizar o próprio governo argentino.
Criptomoedas populares em países em crise
A tendência de países das Américas Latina e Central, bem como do continente africano, adotarem criptomoedas vem do fato de que essas nações estão constantemente lutando contra inflação e crises políticas.
No exemplo argentino, os hermanos lidam com uma inflação acumulada de 55,1% em relação a março de 2021, perdendo apenas para a Turquia, que teve 61,14% de alta nos preços no mesmo período — e o Brasil é o quarto colocado, com 11,3% nesse intervalo de tempo, de acordo com o Trading Economics.
Por sua vez, o bitcoin é tido como imune à inflação, sendo usado como hedge (proteção) até mesmo por abastadas famílias norte-americanas. Em momentos de crise, como a guerra que se arrasta na Ucrânia, as criptomoedas também servem para escapar de sanções governamentais e sequestros de fundos.
Campos Neto sobre stablecoins: redução da intermediação bancária será o grande tema do universo dos criptoativos no curto prazo
Além disso, o ex-presidente do BC explica que a política monetária também está ameaçada com essa desintermediação
Bitcoin (BTC) atinge o patamar de US$ 117 mil nesta quinta-feira (18), impulsionado pelo corte de juros nos EUA
Além da criptomoeda mais valiosa do mundo, outros ativos digitais se aproveitaram da onda otimista para operar no verde hoje
ETFs de bitcoin (BTC) nos Estados Unidos acumulam entradas de US$ 2,34 bilhões em semana de preços estagnados
Só na última semana, as entradas líquidas acumularam US$ 2,34 bilhões, de acordo com dados do SoSoValue
Tether (USDT) planeja nova stablecoin para os Estados Unidos lastreada no dólar, de acordo com CEO
Em comunicado à imprensa, a Tether afirmou que a nova moeda digital foi projetado para cumprir a Lei Genius
Por que o Itaú BBA diz que o ethereum (ETH) será o novo protagonista do ciclo de alta no mercado cripto
O entusiasmo com o ETH, segunda maior criptomoeda do mundo, se apoia em uma recuperação vertiginosa após um início de ano pouco animador
IPO da Gemini surpreende com demanda 20 vezes maior que o esperado e faz preço das ações saltarem
Setor de criptoativos virou protagonista de ofertas públicas em Wall Street em 2025, após anos de desconfiança e embates regulatórios
Com novas regras nos EUA e otimismo no mercado, confira as criptomoedas para investir em setembro
Levantamento do Crypto Times traz indicações de Foxbit, MB Research, Coinext, Bitso, QR Asset, Vault Capital, Hurst Capital e BTG Pactual
Como uma atualização na rede do ethereum (ETH) fez disparar o roubo de tokens por meio de ‘phishing’
Golpistas roubaram mais de US$ 12 milhões da rede do ethereum por meio de esquemas de phishing em agosto, um aumento de 72% em relação a julho
Cruz da Morte: o que é o padrão que ameaça distanciar ainda mais o bitcoin (BTC) da busca por novos recordes
Pouco mais de duas semanas depois de atingir sua máxima histórica, bitcoin (BTC) agora acumula queda de mais de 10%
Hackers internacionais roubam US$ 28 milhões em dinheiro e criptomoedas na Coreia do Sul — até Jungkook, do BTS, entrou na mira
Rede de hackers desviou US$ 28 milhões em dinheiro e criptomoedas de investidores, celebridades e executivos na Coreia do Sul
Economista brasileiro lança robô que ‘vasculha’ o mercado em busca de criptomoedas com potencial de explodir; veja
Ferramenta desenvolvida por Valter Rebelo, economista do Insper, busca identificar ativos com potencial de multiplicar investimentos
Conheça a Cronos (CRO), criptomoeda que chegou a disparar mais de 40% após aquisição bilionária do Trump Media Group
A Crypto.com, desenvolvedora da CRO, é uma das principais parceiras de cripto da administração Trump
Grupo de mídia da família Trump fecha acordo de US$ 6,4 bilhões com empresa de criptomoedas
O movimento aprofunda os laços entre os negócios do presidente dos Estados Unidos e a indústria de criptoativos
Entre cortes de juros e barulhos de Brasília: por que o desafio brasileiro não dá trégua
Crescem os sinais de que os juros podem começar a cair por aqui, porém o cenário brasileiro não se resume apenas à inflação e à atividade econômica, contando com outros obstáculos
Ethereum (ETH) supera bitcoin (BTC) com máximas históricas. O que impulsionou a segunda criptomoeda mais valiosa do mundo?
Depois de um começo de ano difícil em 2025, o ethereum recuperou as perdas no último final de semana
Ele passou 5 anos em fuga sob suspeita de roubar R$ 70 milhões em criptomoedas — e acabou na cadeia por causa de uma bituca de cigarro
Suspeito teria lesado cerca de 1.300 pessoas em fraude com criptomoedas contra investidores na Coreia do Sul
Criptomoedas sobrevivem à ata do Fed e ganho passa de 10%; taxa de juros nos EUA é o nome do jogo
Com o Fed dividido e Congresso dos EUA de olho na regulação do setor, criptomoedas reagem a falas de dirigentes e ganham fôlego antes do decisivo encontro de Jackson Hole
Bitcoin (BTC) em correção e criptomoedas em queda: por que as falas de Powell em Jackson Hole podem mexer com o mercado
Expectativas sobre juros nos Estados Unidos aumentam a tensão no mercado de ativos digitais, por isso, investidores aguardam sinais decisivos no encontro desta semana
Bitcoin (BTC) bate novo recorde e contagia o mercado cripto em agosto; Ethereum também brilha
Alta dos juros, cenário regulatório e entrada de grandes investidores explicam a disparada do Bitcoin do mundo; Ethereum também brilha e impulsiona o setor
A visão do BC de Galípolo para piloto do Drex, que será lançado em 2026
O Banco Central confirma a mudança de rumo e abandona o blockchain para lançar, no ano que vem, uma versão focada em destravar garantias em operações de créditos entre instituições financeiras
