Brasil é principal polo de criptomoedas da América Latina e já conta com casos práticos de uso, como proteção contra inflação e turbulências políticas
Entre julho de 2021 e junho de 2022 a região da América Latina recebeu US$ 562 bilhões em criptomoedas, um crescimento de 40% em relação ao período anterior
Um novo levantamento feito pela Chainalysis confirmou que a América Latina é um terreno fértil para o crescimento do mercado de criptomoedas. O clima tropical ao sul da Linha do Equador parece ser ainda mais adequado para o florescimento do universo cripto no Brasil.
Não apenas o clima tropical, mas também o político e econômico permitiu o crescimento desse mercado. O destaque especial vai para Venezuela e Argentina, que enfrentam problemas reais — cuja solução reside nas moedas digitais —, como inflação desenfreada, instabilidade política e censura.
Esse caldo de vida fez com que entre julho de 2021 e junho de 2022 a região da América Latina recebesse US$ 562 bilhões (R$ 2,9 trilhões) em criptomoedas, um crescimento de 40% em relação ao observado entre julho de 2020 e junho de 2021 segundo a empresa de análise em blockchain.
Desse total, o Brasil recebeu cerca de 26,69% (US$ 150 bilhões ou R$ 781,5 bilhões), ficando em 5º lugar no ranking mundial de adoção de criptomoedas.
Mas diferentes países usam criptomoedas com diferentes finalidades. A Chainalysis identificou três principais usos para as moedas digitais na região:
- Reserva de valor;
- Envio de remessas internacionais;
- Investimentos especulativos.
Confira a seguir como as criptomoedas mudaram a cara da América Latina até o momento:
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América Latina: 5 grandes economias olham para criptomoedas
O Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou em abril deste ano que as cinco principais economias da região — Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru — enfrentam inflação acima de 8,5%. O indicador de referência é o índice de preços ao consumidor ou CPI, na sigla em inglês.
País | % a.a. |
Chile | 13,70 |
Colômbia | 11,44 |
México | 8,70 |
Peru | 8,53 |
Brasil | 7,17 |
A título de curiosidade, a maior inflação da América Latina vai para Venezuela (114% ao ano) — país que abordaremos a seguir — e a menor fica com a Bolívia (1,89% ao ano).
Nesse cenário de inflação elevada, a procura por stablecoins lastreadas em dólar fez a América Latina acumular um terço de todas as transações diárias do mundo.
Alguns entusiastas de criptomoedas podem estranhar a preferência de uma moeda digital com lastro e não do bitcoin (BTC).
Mas a explicação é simples: o bitcoin ainda não se provou uma reserva de valor para combater a inflação, o que explica a preferência de latinoamericanos por um “dólar em blockchain”.
Inflação na Venezuela empurra populares para criptomoedas
Dito isso, o caso venezuelano é um dos destaques estudados pela Chainalysis. Começando pelo bolívar, a moeda do país, que registrou uma maxidesvalorização em relação ao dólar nos últimos 12 anos (de 2014 até 2022).
Esse fato pode explicar por que a Venezuela recebeu US$ 28,3 bilhões em criptomoedas em 2021 e viu um salto de 32% em 2022, para US$ 37,4 bilhões. Desse montante, estima-se que 34% seja em stablecoins de dólar.
O restante das transações pulveriza-se em diversas criptomoedas, com destaque especial para as relacionadas aos jogos play-to-earn (jogue e ganhe, em tradução) como o Axie Infinity.
Argentina e (mais) um novo dólar
Partindo para o nosso vizinho mais próximo, a Argentina parece ter um gosto especial por variações de dólar — afinal, são 15 cotações diferentes para a moeda norte-americana.
E as stablecoins lastreadas em dólar ganham popularidade no país pelos mesmos motivos da Venezuela. A inflação argentina deve ultrapassar os 100% em 2022, de acordo com projeções — na leitura mais recente, o CPI atingiu os 83%.
Já o peso argentino também sofreu uma depreciação parecida (porém menos intensa) do valor frente ao dólar no período de 2014 e 2022, o que explica a preferência da população pelas criptomoedas em moeda norte-americana.
Contra censura
É preciso ressaltar ainda que o governo limita a quantidade de dólares que cada argentino pode manter em poupança. No país, só é possível guardar cerca de US$ 200 em conta — e que, é claro, recebe uma cotação especial chamada “dólar poupança”.
A escolha pelas stablecoins aparece como a mais atrativa, tendo em vista que o usuário pode manter a porção que desejar nas
de criptomoedas (exchanges) ou em suas carteiras particulares (wallets).
Depois da Venezuela, a Argentina é o segundo país com mais transações por dia em stablecoins:
País | % de transações em stablecoins |
Venezuela | 34% |
Argentina | 31% |
Brasil | 28% |
México | 19% |
E o Brasil com as criptomoedas?
A Copa do Mundo ainda não chegou, mas pode-se dizer que, dentre todos os países da América Latina, o Brasil segue batendo um bolão.
E o astro da bola no país é o Mercado Bitcoin (MB), o unicórnio brasileiro das criptomoedas. Por isso, a Chainalysis compara a atividade on-chain da corretora com todas as movimentações latinoamericanas.
Nas pequenas, médias e profissionais do varejo, o MB ultrapassa todos os demais países. Estamos falando de transações abaixo de US$ 1 mil (small retail), entre US$ 1 mil e US$ 10 mil (large retail) e entre US$ 10 mil e US$ 1 milhão (professional).
Criptomoedas são investimento, não proteção
Diferentemente dos demais países da América Latina, as criptomoedas no Brasil são usadas mais como investimento do que propriamente como uma reserva de valor — até porque o país registra a 10ª menor inflação do continente americano.
“No geral, dados on-chain e entrevistas com operadoras da região mostram que a América Latina tem abraçado as criptomoedas por uma variedade de razões, dependendo das necessidades únicas de cada país”, destaca o relatório.
“Usuários em países com economias mais fracas tendem a confiar em criptomoedas para remessas e, se a inflação for alta, para preservação da poupança, enquanto os usuários de mercados mais desenvolvidos como o Brasil tratam criptomoedas mais como um investimento especulativo”.
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