Por que o “fim” dos IPOs é uma boa notícia para quem investe na bolsa
Quando muitas companhias desistem de fazer IPOs, isso indica que as ações das empresas voltaram a ficar baratas demais na bolsa

Joana é uma das empresárias mais bem-sucedidas do país. Mesmo com uma crise assolando o Brasil em meados da década passada, sua empresa não parou de crescer e viu o faturamento triplicar nos últimos 10 anos.
Murilo é o CFO de sua companhia e amigo de longa data. Quando o assunto é decisões financeiras, ela sempre confiou nele de olhos fechados.
E foi de Murilo a sugestão de aproveitar o bom momento da bolsa no início do ano passado para abrir o capital da companhia. Ou seja, fazer uma oferta pública inicial de ações — ou IPO, na sigla em inglês.
“Joana, o Ibovespa está próximo da máxima, nos 130 mil pontos. As ações brasileiras estão negociando por múltiplos altíssimos. Essa é a nossa chance de captar uma grana relevante para a companhia e, ao mesmo tempo, vender uma parte das nossas ações por preços elevados. Vamos ficar ricos!”
Joana concordou e na conversa com os coordenadores da oferta ficou definido um múltiplo de 30 vezes os lucros do ano anterior para as ações vendidas no IPO.
Arthur, o banqueiro responsável, justificou: “É um preço salgado, mas o mercado está bem quente. Acho que conseguimos emplacar o IPO mesmo com esses preços elevados.”
Leia Também
O mercado para os IPOs muda rápido
Tudo estava indo muito bem, até que de repente o humor virou.
A inflação começou a atrapalhar o resultado das companhias, o Banco Central iniciou uma elevação de juros que tirou o apetite dos investidores por ativos de renda variável e, para piorar, uma guerra entre Rússia e Ucrânia fez o otimismo desaparecer de vez.
Arthur, o banqueiro, trouxe más notícias à Joana:
"Olha, com essa piora do humor e aumento dos juros não vamos mais conseguir emplacar o IPO por 30 vezes preço/lucros. Neste momento, 10 vezes preço/lucros é o máximo que conseguiremos pelas ações."
A resposta dela: "Por esse preço ridículo eu não vou vender minhas ações! Passar bem!"
Essa é a história de mais um IPO cancelado em 2022.
- IMPORTANTE: liberamos um guia gratuito com tudo que você precisa para declarar o Imposto de Renda 2022; acesse pelo link da bio do nosso Instagram e aproveite para nos seguir. Basta clicar aqui.
Baseado em fatos reais
Como você já deve imaginar, os personagens acima não são de verdade. Mas histórias reais muito parecidas têm se repetido em 2022.
A piora do humor tem feito com que inúmeras empresas desistissem de seus IPOs neste ano. Já são mais de 20 companhias que postergaram os planos de abrir capital até aqui.
Mas, diferente do que possa parecer, esse não é um sinal ruim para os investidores.
Na verdade, ele é um ótimo indício de que está na hora de ir às compras.
Compradores e vendedores em um IPO
O IPO é uma transação com duas partes envolvidas, e normalmente uma está tentando levar vantagem em cima da outra.
O vendedor, de um lado, quer receber o maior preço possível por sua fatia na companhia.
O comprador, do outro, deveria querer pagar o preço mais baixo possível por ela.
Pense comigo, vender as ações por 30 vezes lucros pode ser um ótimo negócio para Joana. Mas será que esse mesmo preço é bom para os investidores do IPO? Tudo indica que não! Sorte deles que ela desistiu do IPO.
Por outro lado, 10 vezes lucros representam um preço bem mais interessante para os investidores, mas o negócio seria tão ruim para a Joana que ela desistiu de seguir em frente.
Falta de IPOs na bolsa é um bom sinal para os compradores
O que tudo isso significa? Quando muitas companhias desistem de fazer IPOs, isso indica que as empresas voltaram a ficar baratas demais na bolsa e que os donos de companhias de capital fechado preferem esperar para vender as suas ações quando os preços voltarem a melhorar.
Em outras palavras: é hora de comprar ações, e não de vender.
Neste momento, você consegue encontrar inúmeras microcaps de muita qualidade negociando por bem menos de 10 vezes lucros. Pois só na carteira do Microcap Alert temos cerca de oito ativos com múltiplos abaixo desse patamar e com enorme potencial de retorno.
Diferente do que costuma acontecer, você não deveria se preocupar com o fato de os IPOs não estarem acontecendo — isso é um bom sinal para o investidor.
Na verdade, você deveria começar a se preocupar quando os IPOs voltarem a acontecer aos montes. Quando os compradores estiverem pagando preços tão exorbitantes pelas ações que os donos de empresas de capital fechado começam a ceder à tentação de vendê-las.
Então é justamente nestes momentos que os múltiplos estão elevadíssimos, que as bolhas começam a aparecer e o potencial de retorno da renda variável diminui.
Nessa hora você deveria começar a diminuir a sua exposição em ações para alocar em ativos um pouco menos voláteis e mais seguros.
Falta muito tempo para chegarmos lá, mas é bom não se esquecer desta dica.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Leia também:
- Pico da Selic: na renda fixa e na variável, há boas oportunidades a serem aproveitadas com os juros em alta
- Quem tem pressa come cru: por que investir é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros rasos
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3
Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?
O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas
Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil
Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM
HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo
Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas
Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora
Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho
A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870
Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed
Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo
A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário
Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje
A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia
FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa
O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista
FII RBVA11 anuncia venda de imóvel e movimenta mais de R$ 225 milhões com nova estratégia
Com a venda de mais um ativo, localizado em São Paulo, o fundo imobiliário amplia um feito inédito
DEVA11 vai dar mais dores de cabeça aos cotistas? Fundo imobiliário despenca mais de 7% após queda nos dividendos
Os problemas do FII começaram em 2023, quando passou a sofrer com a inadimplência de CRIs lastreados por ativos do Grupo Gramado Parks
Tarifaço de Trump e alta dos juros abrem oportunidade para comprar o FII favorito para agosto com desconto; confira o ranking dos analistas
Antes mesmo de subir no pódio, o fundo imobiliário já vinha chamando a atenção dos investidores com uma série de aquisições
Trump anuncia tarifa de 100% sobre chips e dispara rali das big techs; Apple, AMD e TSMC sobem, mas nem todas escapam ilesas
Empresas que fabricam em solo americano escapam das novas tarifas e impulsionam otimismo em Wall Street, mas Intel não conseguiu surfar a onda
Ações baratas e dividendos gordos: entenda a estratégia deste gestor para multiplicar retornos com a queda dos juros
Com foco em papéis descontados e empresas alavancadas, a AF Invest aposta em retomada da bolsa e distribuição robusta de proventos com a virada de ciclo da Selic