Depois de uma quarta-feira (16) no vermelho, as bolsas americanas fecharam praticamente estáveis, reagindo à divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). Apenas o S&P 500 conseguiu escapar, com uma leve alta de 0,09%.
Mesmo nos piores momentos do dia, o Ibovespa se manteve no azul, apoiado no avanço do petróleo e do minério de ferro. O principal índice da B3 subiu 0,31%, aos 115.180 pontos, no sétimo avanço consecutivo. Essa também foi a primeira vez que fechou acima dos 115 mil pontos nos últimos cinco meses.
Já o dólar à vista acelerou a queda após a divulgação da ata do banco central americano e recuou 1,02%, a R$ 5,1279.
Não importa se é no âmbito amoroso, político ou corporativo, todo relacionamento é construído com base em trocas, expectativas e sinais. Quando falamos do mercado financeiro, as idas e vindas não se traduzem em juras de amor ou alianças, mas podem ser lidas na cotação das bolsas, do câmbio e demais ativos.
Talvez você nunca tenha reparado, mas além de embalar os corações apaixonados, Marília Mendonça, a eterna rainha da sofrência, também seria capaz de embalar as negociações nas bolsas globais em um dia como hoje.
Ontem, os investidores colocaram a cabeça no travesseiro sonhando com tempos de paz, aceitando os acenos de negociação feitos pela Rússia e contando com a palavra de que as tropas de Vladimir Putin se afastariam da fronteira da Ucrânia.
Não foi bem o cenário relatado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Como ‘pra um bom entendedor meia ausência basta’, a tensão de um conflito voltou a circular.
Embora a movimentação no leste europeu domine as manchetes, esse não foi o maior evento do dia. Como tem sido desde que as conversas sobre o aperto monetário nos Estados Unidos começaram, os investidores estavam aflitos com a possibilidade de que a ata da última reunião do Fed trouxesse sinais de uma elevação de juros mais rápida ou o fim antecipado da recompra de ativos.
O BC americano, no entanto, não trouxe novidades, apenas reforçou aquilo que já era conhecido – a elevação da taxa de juros deve ser retomada em breve e a redução de compra de ativos e o enxugamento do balanço da entidade poderão ocorrer de forma mais rápida do que o anteriormente previsto.
Como não receber mensagem também é mensagem, os investidores voltam a encostar a cabeça no travesseiro com mais tranquilidade – pelo menos até a próxima reunião do Fed ou movimentação na fronteira Ucraniana. Mas por hoje, a falta de novidades garantiu o bom humor e o recuo do mercado de juros.
Veja tudo o que movimentou os mercados nesta quarta-feira, incluindo os principais destaques do noticiário corporativo e as ações com o melhor e o pior desempenho do Ibovespa.
MAIS UMA DESISTÊNCIA
CSN desiste de IPO de CSN Cimentos e engorda lista de empresas que abriram mão de ofertar ações neste ano. Subsidiária da siderúrgica é a 14ª companhia a desistir de IPO na B3 em 2022.
AQUISIÇÃO SOLAR
Um ano depois do IPO, Intelbras (INTB3) faz a maior compra de sua história de olho no mercado de energia solar – e em rede de revendedores. Trata-se do maior negócio realizado pela desenvolvedora de tecnologia desde sua estreia na bolsa, em fevereiro do ano passado.
A GIGANTE DA INDÚSTRIA
Weg (WEGE3) vê lucro crescer 18% no 4º trimestre, mas salto nos custos pressiona margens; ações caem mais de 4%. Empresa também reportou aumento de mais de 10% no Ebitda; a receita líquida subiu 33%, com vendas maiores no Brasil e no exterior.
DESINVESTIMENTO
BNDES segue plano estratégico e vende mais 50 milhões de ações da JBS (JBSS3) nesta quarta-feira (16); papéis recuam mais de 3%. O primeiro block trade realizado pelo banco foi em dezembro, com a venda de 70 milhões de ações. Após a finalização da operação, o BNDES ainda deterá 19,5% do capital da JBS.
FOCO NO AGRO
Em meio a tensões entre Ucrânia e Rússia, Bolsonaro e Putin destacam parceria na área de fertilizantes. Presidente brasileiro ainda citou o lado conservador do colega russo: “Compartilhamos de valores comuns, como crença em Deus e defesa da família”.