Duas ações “à prova de Lula” para você investir na bolsa sem se preocupar com o risco político
Independente do que possa vir a acontecer no próximo governo Lula, as ações dessas duas empresas oferecem boas perspectivas

Depois da vitória de Lula no segundo turno, muita gente começou a se perguntar sobre o que esperar para a bolsa nos próximos anos — e, principalmente, se ainda vale a pena ter ações.
Para começar, independente do governo, eu entendo que se você quer construir um patrimônio e conquistar a sua liberdade financeira no longo prazo, sempre será necessário ter ações na carteira. O que deve mudar é a composição e o peso delas: mais defensivas em momentos de estresse, mais cíclicas em momentos de mercado aquecido.
Sendo assim, se você tem muitas preocupações com a bolsa e com uma possível derrocada pela frente por causa da troca do governo, talvez seja interessante colocar alguns nomes defensivos, com resultados estáveis e que costumam se dar bem em qualquer que seja o cenário.
A campeã do terceiro trimestre
Em todos os trimestres, Rodolfo Amstalden, Richard Camargo e eu elegemos os melhores resultados das ações que compõem a série Vacas Leiteiras. A temporada do terceiro trimestre nem terminou, mas já arrisco dizer que a campeã da nossa série será a Hypera (HYPE3), uma de nossas empresas preferidas.
Mesmo com a inflação atrapalhando o poder de compra e freando o consumo nos últimos trimestres, dá uma olhada no crescimento das vendas dos produtos fabricados pela companhia:

Vale lembrar que esse é o crescimento orgânico das vendas nas farmácias, que desconsidera o efeito de aquisições de novas marcas da Buscopan, Sanofi e Takeda. Se formos considerar a receita líquida, que engloba essas aquisições, o crescimento na comparação com o terceiro trimestre de 2021 foi bem maior, de 25%.
Leia Também
Super Quarta de contrastes: a liquidez vem lá de fora, a cautela segue aqui dentro
O melhor aluno da sala fazendo bonito na bolsa, e o que esperar dos mercados nesta quinta-feira (18)
Mas é importante lembrar que essas novas marcas adquiridas não ajudam apenas na receita. Elas também trazem sinergias de custos e despesas.
Por exemplo: a Hypera pode continuar utilizando praticamente as mesmas equipes de marketing e de vendas para as novas marcas, de tal forma que as receitas tendem a crescer mais do que os gastos, proporcionando expansão de margem — exatamente o que aconteceu em julho e setembro deste ano.
Aliás, vale a pena observar o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) desde 2018. Olhando apenas para o Ebitda da companhia no gráfico abaixo, parece mesmo que a economia está sofrendo com inflação e juros elevados?

E a Hypera quer mais: nos últimos trimestres, ela começou a investir em fórmulas de medicamentos que vão perder a patente; além disso, iniciou a venda direta para hospitais (institucional), que tem bastante potencial de crescimento.
Não sabemos o que vai acontecer com a bolsa nos próximos anos — há muitos fatores que podem afetar o mercado de ações, como a qualificação da nova equipe econômica ou o ritmo da atividade global, entre outros.
Mas, olhando para os resultados acima e para o ótimo crescimento do mercado farmacêutico, mesmo quando o PIB cai (gráfico abaixo), vemos que a Hypera é uma daquelas empresas que consegue atravessar períodos complicados com resultados bastante positivos.

Além dessa estabilidade, nos próximos anos a companhia tende a aumentar o pagamento de dividendos, o que faz dela uma ótima ação para a série Vacas Leiteiras, que conta com uma outra ação que costuma se dar muito bem mesmo em ambientes adversos.
O melhor banco do país
O Itaú (ITUB4) é outro que faz parte de uma seleta lista de empresas que conseguem surfar bem qualquer cenário. Nos últimos 20 anos, tivemos governos de direita, esquerda, queda no PIB, crise financeira global, Covid-19 e vários outros problemas que nunca foram capazes de frear o ímpeto de crescimento do melhor banco do país.
Mesmo quando todos davam os bancões como ultrapassados e com os dias contados por conta do avanço das fintechs, o Itaú ressurgiu. Com investimentos em tecnologia, migrou o atendimento para um modelo híbrido (físico + digital), entrou em novos segmentos, aumentou a oferta de produtos e melhorou a experiência da área de investimentos.
O que vimos no segundo trimestre foi um ROE (retorno sobre o patrimônio) de mais de 20%, o mais elevado entre os bancões, enquanto a maior parte das fintechs não conseguiu nem dar lucro.
E a melhor parte é que o Itaú negocia hoje por apenas 9 vezes lucros, com uma estabilidade de resultados que poucas companhias no Brasil conseguem oferecer, além de bons dividendos.
Mas o que vai acontecer com a bolsa?
Hypera e Itaú são ótimas companhias para investidores que querem se defender de uma possível piora da economia e da Bolsa nos próximos anos. Mas quem disse que é isso o que vai acontecer? Como você pôde acompanhar nos últimos dias, o mercado reagiu relativamente bem após o resultado das eleições.
Não porque ele gosta do Lula, mas porque as nossas ações já estão extremamente baratas nos múltiplos atuais, e um pequeno sinal de estabilidade política, combinada com a queda da inflação e redução dos juros no ano que vem, já serviriam de combustível para fazer a nossa Bolsa subir.
Nesse cenário positivo, Hypera e Itaú serão beneficiadas também. Mas uma companhia do setor de construção civil, também presente na série Vacas Leiteiras, tende a se beneficiar muito mais.
Se quiser conferir a lista completa, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
Fora do ar condicionado e dos escritórios muito bem acarpetados, há um Brasil real de fronteira tecnológica, liderando inovação e produtividade
O que a inteligência artificial vai falar da sua marca? Saiba mais sobre ‘AI Awareness’, a estratégia do Mercado Livre e os ‘bandidos’ das bets
A obsessão por dados permanece, mas parece que, finalmente, os CMOs (chief marketing officer) entenderam que a conversão é um processo muito mais complexo do que é possível medir com links rastreáveis
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O Itaú mostrou que não é preciso esperar que as crises cheguem para agir: empresas longevas têm em seu DNA uma capacidade de antecipação e adaptação que as diferenciam de empresas comuns
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana