Rodolfo Amstalden: A mesma história
Os mecanismos de transmissão de política monetária estão demorando tanto para fazer efeito que parte do mercado passou a indagar se aquelas engrenagens antigas ainda conseguem girar

Eu sou um sujeito apaixonado por ações, e sei que o Felipe é também.
Foi assim que começamos e, embora obrigados a aprender sobre outras classes de ativos, nenhum novo equívoco é capaz de substituir o pecado original.
Desde cedo, percebemos que a "Narrative Economics" de Bob Shiller se aplica, em sua máxima extensão, às histórias corporativas — cada qual com suas particularidades e personagens demasiadamente humanas.
A despeito de sua influência sistêmica preponderante, a narrativa macroeconômica é, em geral, uma só, e não costuma ter graça.
Quem é o leitor que se surpreende com as agruras de mais um desajuste fiscal no país dos desajustes fiscais?
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Ainda assim, devo admitir que toda grande paixão tem seu ponto de capitulação.
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Ao me deparar com um Pré acima de 13%, minha vontade é de ignorar as mais obtusas narrativas corporativas e abraçar, com total pragmatismo, as desinterest rates que fazem o capital investido mais do dobrar de tamanho em seis anos.
E isso se quisermos, de fato, carregar até o vencimento. Pois há chances não desprezíveis de a marcação a mercado encurtar esse payback duplo.
Por um lado, entendo a ameaça disciplinadora de Campos Neto, avisando que “já havia corte da Selic precificado na curva de juros, mas as incertezas com a PEC de transição mudaram esse cenário”.
Por outro, o que acontece se adentrarmos uma recessão pesada no 1T23, começando a pegar, inclusive, no mercado de trabalho?
Os juros futuros subiriam ou cairiam?
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A rigor, não há razões para disputas internas, já que temos aí um ótimo motivo para comprar Bolsa ou Pré.
Ironicamente, na falta de soluções first best, talvez a melhor resposta para os nossos problemas seja mesmo a má & velha recessão, para matar de vez o repique inflacionário.
Hoje, parte da visão de que os juros ficarão "muito altos por muito tempo" decorre não da persistência inflacionária per se, mas sim de um questionamento latente sobre se os mecanismos de transmissão de política monetária ainda funcionam.
Eles estão demorando tanto para fazer efeito que parte do mercado passou a indagar se aquelas engrenagens antigas ainda conseguem girar.
Essa seria uma outra narrativa macro, totalmente inovadora, mas igualmente desgraçada.
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Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.
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