10 mil horas não são suficientes: Entenda os principais erros e acertos da temporada de resultados
A safra de resultados atual permite enxergar alguma validade no ambiente. O esmero do analista profissional parece ter algum sentido de ser

Malcom Gladwell, autor de alguns ótimos livros, mas principalmente um ótimo contador de histórias, popularizou uma regra de bolso para se tornar um expert: 10.000 horas de prática seriam necessárias para dominar qualquer assunto.
As 10.000 horas são, de fato, condição necessária – mas não o suficiente. Todo esse tempo não adianta muito se o treino for feito em um ambiente inválido.
Um ambiente é válido para a prática se lhe dá feedback assertivo sobre erros e acertos. Por exemplo, o caso de um estudante que resolve inúmeros problemas de matemática e tem o retorno irrefutável sobre cada um: errou ou acertou.
Caso o estudante treine 10.000 horas nesse ambiente, dificilmente não dominará o tópico em questão.
O selecionador de ações
O caso do selecionador de ações me parece um pouco diferente; tenho dúvidas se ele trabalha em um ambiente válido.
Em boa parte do tempo (talvez mais de 50%?), o mercado de ações parece se mover de forma aleatória.
Leia Também
O analista dedicou tempo, estudou diversas métricas e fez algumas previsões, qualitativas e quantitativas. Fez sua aposta e executou a compra.
O que acontece? Às vezes, a ação sobe. Às vezes, ela cai. A aleatoriedade é companheira infalível da profissão.
Não é preciso forçar muito a memória para encontrar alguns exemplos disso.
Os momentos do mercado de ações
Em algum momento de 2019, o otimismo generalizado tomou conta dos mercados. Se a empresa divulgava um bom resultado, a ação subia.
Se o resultado fosse ruim, ela também subia . A pesquisa e a análise não importavam muito. Compre uma ação e seja feliz.
Então, em algum momento de 2021, o humor virou.
Lembro-me bem da temporada de resultados do 3T21, em que algumas empresas executaram bem, outras, não. Pouco importava, tudo se movia para baixo. Venda uma ação e deixe de ser infeliz.
A importância da temporada de balanços
São raros os momentos em que o mercado de ações é um ambiente válido para a prática. Para que ele seja, é preciso um certo grau de racionalidade.
Mas já sabemos que a racionalidade é algo raro nos mercados. Talvez um pouco de razoabilidade já seja suficiente para praticar.
Para a esperança de todos, contudo, a temporada de resultados atual permite enxergar alguma validade no ambiente. O esmero do analista profissional parece ter algum sentido de ser.
Isso não significa que esse ambiente só mostra acertos. O importante é o feedback cabal, aquele que não deixa dúvidas. Sucesso ou fracasso, ponto final.
Horas de prática em balanços
Agora na metade do caminho da temporada, os testes parecem estar indo bem.
Alpargatas divulgou um resultado ruim, em linha com o que esperávamos, mas pior do que o consenso enxergava. -12% em um pregão. Acerto para o nosso short.
Iguatemi soltou um resultado morno, também conforme esperávamos, mas desta vez o consenso estava junto com a gente. A ação não se mexeu muito. Acertamos na previsão, mas será que acertamos em permanecer comprados?
Ontem à noite, o Itaú divulgou um resultado surpreendente. Superou o consenso em crescimento da carteira de crédito, dos spreads e em controle da inadimplência.
O pregão seguinte ao resultado de Itaú acaba de começar, e pergunto-me se o ambiente continuará válido para teste.
Se sim, continuarei contando horas de prática.
Um abraço,
Larissa Quaresma
Veja também: Avalanche de dividendos da Petrobras (PETR4): Vale a pena? I Fuja de VALE3 I Guerra EUA e China?
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível