A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como Opep+ decidiu nesta quinta-feira (2) elevar a produção em 648 mil barris por dia (bpd) em julho e agosto — quantidade maior do que a anteriormente prevista de 432 mil bpd.
Essa nova decisão faz parte da série de aumentos mensais na oferta de petróleo — de cerca de 430 mil barris por dia — na tentativa de conter a elevação dos preços da commodity, sobretudo, após o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro.
A Opep+ ainda afirmou que o aumento da produção de mais de 600 mil bpd leva em consideração um adiantamento da oferta prevista para o mês de setembro — de 432 mil bpd —, que vai ser distribuído entre julho e agosto.
O grupo deve se reunir novamente em 30 de junho para definir novos níveis de oferta.
Aumento dos preços de energia
A decisão de ofertar barris de petróleo acima do previsto e decidido nos últimos meses acontece no momento de alta nos preços de energia em todo o mundo — contribuindo para alimentar a inflação.
Os EUA são um dos países que mais pressionam pelo aumento da oferta da Opep+ para conter a disparada de preços. O grupo, no entanto, reluta em atender aos apelos do presidente Joe Biden porque compete com os norte-americanos por participação nesse mercado.
Contudo, os sucessivos aumentos na produção não devem compensar a perda potencial de mais de um milhão de barris por dia da Rússia, que tem sofrido sanções por conta da guerra da Ucrânia. Além disso, não deve conter as altas cotações do petróleo.
Em março, o petróleo tipo Brent atingiu o nível mais alto desde 2008 e permanece com cotação acima de US$ 100. Hoje, após a decisão da Opep+, a commodity segue em queda de 0,16%, negociada a US$ 117,01.
Por aqui, a elevação do preço por barril de petróleo tem impacto direto nos combustíveis, que seguem a política de preços internacionais (PPI) — alvo de críticas do governo de Jair Bolsonaro.
Em maio, o preço médio da gasolina foi de R$ 7,29 no Brasil, um recorde histórico.
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Petróleo russo fora da pauta
Mesmo com os ânimos à flor da pele por conta do embargo ao petróleo russo pela União Europeia (UE), anunciado na última segunda-feira (30), a reunião da Opep+ não mencionou a proibição da commodity no território europeu.
Vale lembrar que a Rússia, além de ser o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e deter 25% de todo o combustível importado pelos países que integram a UE, é o líder dos países aliados da Opep no ajuste de produção.
De acordo com comunicado divulgado pelo cartel, os sucessivos aumentos da produção devem-se "à reabertura recente de grandes economias que estavam em quarentena", além da previsão de que o refinamento global do óleo "aumente após manutenção sazonal".
Ou seja, não houve qualquer menção ao embargo da UE de 90% do petróleo russo até o final do ano.
*Com informações de Estadão Conteúdo e CNBC