Esquenta dos mercados: Visita de presidente da Câmara dos EUA a Taiwan pesa e possibilidade de conflito mantém bolsas no vermelho
O Ibovespa deve reagir às disputas políticas, balanços e cenário externo desfavorável

Quando não é a pandemia é a inflação. Quando não é a inflação é a alta dos juros. Quando não é a alta dos juros é a disparada de alguma commodity. É como se sempre houvesse um motivo na manga para desencadear processos de aversão ao risco nos mercados financeiros e bolsas internacionais.
Nesta terça-feira (02), o motivo da vez é o risco geopolítico.
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deve desembarcar hoje em Taiwan para uma visita oficial. E isso não é bom para uma série de coisas — inclusive para os negócios.
Uma eventual visita de Pelosi a Taiwan com o ‘CPF’ não pegaria muito bem, mas poderia ser vendida como viagem a turismo. Já uma visita de Pelosi à ilha formosa usando o ‘CNPJ’ — ou seja, como presidente e representante da Câmara dos EUA — serve para pouco além de retroalimentar a crescente tensão entre Washington e Pequim.
Isso porque a China considera Taiwan uma província rebelde e busca a reunificação nos mesmos moldes do aplicado em Hong Kong, de “um país, dois sistemas”.
Por aqui, a bolsa brasileira encerrou o dia em baixa de 0,91%, aos 102.225 pontos. O dólar à vista teve um dia de instabilidade, mas encerrou o dia em leve alta de 0,08%, a R$ 5,1786.
Leia Também
Antes da decisão de política monetária do Copom, os investidores ainda olham as movimentações políticas antes do início oficial da campanha eleitoral.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa nesta terça-feira:
Taiwan e Estados Unidos: motivo de tensão nas bolsas
Esta será a primeira vez desde 1997 que um presidente da Câmara dos EUA protagoniza uma viagem oficial a Taiwan. Mas muita coisa mudou nos 25 anos que separam a visita do republicano Newt Gingrich do desembarque de Pelosi em Taipé. A começar pela ascensão geopolítica e econômica da China.
Ao longo das últimas semanas, a visita de Pelosi a Taiwan tornou-se um segredo de polichinelo— algo que deveria passar em segredo, mas acabou se tornando público —, mas somente hoje ela repercute nos mercados financeiros.
De mãos atadas
Numa videoconferência realizada na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentou convencer seu homólogo chinês, Xi Jinping, de que nada podia fazer para evitar a viagem de Pelosi, que ocorre apenas algumas semanas depois de o Departamento de Estado dos EUA ter autorizado a venda de assistência militar ao governo de Taiwan.
Para especialistas em política externa, o esforço da Casa Branca em convencer Pequim de que é preciso distinguir a atuação da presidente da Câmara e a do governo é inútil. Principalmente pelo fato de Biden e Pelosi pertencerem ao mesmo partido.
Do lado dos chineses continentais, a visita é vista como uma provocação norte-americana ao país — e dificilmente os EUA conseguirão fazer com que pareça algo diferente.
Risco geopolítico e mais uma guerra para bolsas acompanharem
Qualquer viagem de Pelosi “ameaçará muito a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, minará severamente as relações China-Estados Unidos e levará a uma situação muito séria e graves consequências”, advertiu o embaixador chinês Liu Xiaoming em sua conta no Twitter.
O fato é que a tensão militar entre Washington e Pequim vive uma escalada vertiginosa. Enquanto a Marinha dos Estados Unidos aumentou sua presença nos mares da região, caças chineses têm sobrevoado o Estreito de Formosa.
E o risco de mais uma guerra, embora improvável, pesa sobre os mercados. Vale lembrar que o conflito entre Rússia e Ucrânia já dura pouco menos de 6 meses.
Enquanto isso… As bolsas hoje
Os temores de que alguém dê o primeiro tiro se refletem em uma queda generalizada no fechamento das bolsas da Ásia na madrugada desta terça-feira.
Na Europa, os mercados financeiros abriram em queda e o índice de referência das 50 maiores empresas por lá recua quase 1%.
Por fim, os futuros de Nova York reforçam o tom de cautela. Os norte-americanos ainda acompanham a divulgação do relatório Jolts de emprego. Na sexta-feira (05), o payroll é o dado de trabalho mais aguardado.
Ibovespa e as disputas políticas pegando fogo
A agenda local permanece de olho na temporada de balanços corporativos e na pré-campanha dos candidatos antes das eleições de outubro.
O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), marcou um encontro em 11 de agosto na Fiesp, em São Paulo. O que ocorre é que, no mesmo dia, diversos atos em defesa da democracia e do sistema eleitoral também devem ocorrer — um deles encabeçado pela própria Federação.
Bolsonaro é notório crítico das urnas eletrônicas — pelas quais, vale lembrar, ele venceu as eleições de 2018. O chamamento da Fiesp para assinatura de um manifesto em respeito às eleições é algo natural dentro da Fiesp.
Outros presidenciáveis como Luiz Felipe d’Ávila (NOVO), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) também receberam o mesmo convite.
Outros problemas do Ibovespa
O cenário externo deve pesar na bolsa brasileira hoje, e o dia que antecede a decisão de juros do Copom também injeta aversão ao risco no índice local hoje.
As projeções dão conta de uma alta de juros em 50 pontos-base, o que elevaria a Selic para 13,25% ao ano para 13,75%, de acordo com as últimas projeções do Boletim Focus.
Mas outros membros do mercado entendem que os juros básicos devem encerrar 2022 em 14% ao ano. Leia a análise completa dos cenários possíveis com nosso colunista Matheus Spiess.
Agenda do dia
- IBGE: Pesquisa industrial mensal em junho (9h)
- Estados Unidos: Relatório Jolts de empregos 911h)
- Ministro da Economia: O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reúne com o presidente do conselho empresarial Brasil-Estados Unidos, Roberto Azevedo (12h)
- China: PMI Composto e de serviços (22h45)
- Banco Central: Primeiro dia da reunião do Copom.
Balanços do dia
Antes da abertura:
- BP (Reino Unido)
- Caterpillar (EUA)
- GetNet (Brasil)
Após o fechamento:
- Engie (Brasil)
- Cielo (Brasil)
- Iguatemi (Brasil)
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
EUA aprovam bolsa de valores focada em sustentabilidade, que pode começar a operar em 2026
A Green Impact Exchange pretende operar em um mercado estimado em US$ 35 trilhões
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais