PIB do Brasil cai 0,1% no segundo trimestre e frustra o mercado; agro e indústria recuam
Analistas e economistas projetavam ligeiro crescimento do PIB no segundo trimestre de 2021; agro e indústria tiveram baixa

A sequência de três altas consecutivas da economia brasileira foi interrompida. O Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados há pouco pelo IBGE, frustrando os analistas. Agropecuária e indústria tiveram desempenhos negativos, enquanto o setor de serviços avançou.
A baixa do PIB no segundo trimestre ficou abaixo das expectativas do mercado: a mediana de 51 projeções coletadas pela Broadcast apontava para um crescimento de 0,2% da economia; as estimativas iam de queda de 0,3% a alta de 0,7%.
Chama a atenção a terminologia usada pelo IBGE para apresentar o PIB. A queda de 0,1% em relação ao primeiro trimestre é classificada como 'estabilidade' — uma escolha de palavras bastante peculiar pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para dizer o mínimo.
Veja abaixo como se comportou o PIB do Brasil na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal:
1T20 | 2T20 | 3T20 | 4T20 | 1T21 | 2T21 | |
PIB (t/t, com ajuste sazonal) | -2,2% | -9,2% | +7,8% | +3,2% | +1,2% | -0,1% |
Em relação ao segundo trimestre de 2020, a economia brasileira avançou 12,4% — vale lembrar, no entanto, que o intervalo entre abril e junho do ano passado foi marcado pelo auge da incerteza relacionada à pandemia de Covid-19, conforme a tabela acima deixa claro. Essa base comparação, assim, é de pouca serventia.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, o PIB avança 6,4% em relação ao mesmo período de 2020 — o mercado projeta um crescimento de 5,22% da economia brasileira em 2021, de acordo com a última versão do boletim Focus.
Leia Também
PIB no segundo trimestre: setores da economia
Ao olharmos o PIB no segundo trimestre com uma lupa, notamos uma diferença em relação ao passado recente: o agronegócio, que costuma ser o motor da economia brasileira, reportou desempenho negativo. Por outro lado, os serviços — que geralmente são o elo mais fraco —, se expandiram ante os três primeiros meses do ano.
Veja abaixo como se comportaram os três principais setores de atividade do país no período em relação ao trimestre anterior:
- Agropecuária: -2,8%
- Indústria: -0,2%
- Serviços: +0,7%
Dentro do setor industrial, duas componentes tiveram baixa: Indústrias de transformação (-2,2%) e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,9%). Outras duas, por outro lado, reportaram desempenho positivo, compensando essas baixas: Indústrias extrativistas (+5,3%) e Construção civil (++2,7%).
No segmento de serviços, quase todos os itens ficaram no azul: Informação e comunicação (+5,6%), Outras atividades de serviços (+2,1%), Comércio (+0,5%), Atividades imobiliárias (+0,4%), Atividades financeiras (+0,3%) e Transportes e Armazenagem (+0,1%) tiveram alta; já Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social ficou estável — e, desta vez, estamos falando de estabilidade de verdade, com 0% de variação.

PIB sob a ótica da demanda
No lado das despesas, o consumo das famílias ficou estável em relação aos três primeiros meses do ano — um dado que, combinado à ligeira alta de 0,1% vista entre janeiro e março, mostra a estagnação dessa componente. O consumo do governo, por outro lado, cresceu 0,7% no segundo trimestre.
“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Também chama a atenção negativamente a Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), um indicador dos investimentos no país, com queda de 3,6% no segundo trimestre ante o período imediatamente anterior.
No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram crescimento de 9,4%, enquanto as importações recuaram 0,6% em relação ao primeiro trimestre de 2021.
Entre a paciência e a ansiedade: Ibovespa se prepara para posse de Trump enquanto investidores reagem a PIB da China
Bolsas internacionais amanhecem em leve alta depois de resultado melhor que o esperado da economia chinesa no quarto trimestre de 2024
Onde investir 2025: Inflação a 10% e dólar a R$ 10? O que pode salvar a economia enquanto o mercado se prepara para o pior
Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, e Felipe Miranda, fundador e estrategista-chefe da Empiricus, revelam os riscos e oportunidades para o investidor neste ano
Tem certeza que nada presta? Ibovespa tenta recuperação em meio a dados fortes na China, prévia do PIB e inflação nos EUA
Além da agenda de indicadores, mercado já se prepara para o início da temporada de balanços nos Estados Unidos
Agenda econômica: prévia do PIB no Brasil e Livro Bege nos EUA são destaques da semana
Os investidores ainda acompanham a divulgação do PIB da China e dados de inflação no Reino Unido e EUA
A ‘dor de cabeça’ do governo Lula em 2025: Alckmin diz que o país cumprirá arcabouço fiscal com rigor, mas cita preocupação com juros
Apesar dos desafios monetários, o vice-presidente prevê o ano como promissor, com o crescimento do PIB puxado pelo agronegócio
Felipe Miranda: O que me anima para 2025
Se fosse para dar uma recomendação pragmática e direta para 2025, seria: mantenha uma sólida posição de caixa (pós-fixados), uma exposição razoável ao dólar, algum hedge em ouro e um pezinho nas criptomoedas
Guarde esta matéria: Primeira edição da Focus em 2025 projeta Selic em alta e dólar a R$ 6 — a boa notícia é que ela pode estar errada
A primeira Focus do ano é o melhor parâmetro para comparar as projeções dos economistas com o que de fato acontece na economia
Todos os vetos do presidente: veja os principais pontos barrados por Lula ao sancionar a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025
LDO sancionada por Lula confirma a meta de resultado primário de zero para 2025 e superávits a partir de 2026
Alemanha em crise: presidente dissolve parlamento e partidos se preparam para embate nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro
Maior economia da Europa enfrenta cenário econômico desafiador e governo luta para recuperar controle após colapso de sua coalizão
Banco Mundial eleva projeção de crescimento da China para 2024 e 2025, mas deixa ‘luz amarela’ acesa para o país
O setor imobiliário e o baixo consumo das famílias deixam um cenário menos animador para o ano que vem, ainda que as projeções apontem para um crescimento de 4,5%
Contrário ao bitcoin (BTC), FMI fecha acordo bilionário com El Salvador para reduzir importância da criptomoeda — mas Bukele mantém aposta em ativos digitais
Acordo deve disponibilizar US$ 1,4 bilhão e abrir portas para mais US$ 3,5 bilhões em recursos ao país que vem sofrendo com dívidas, mas a estratégia do bitcoin não foi abandonada
Felipe Miranda: Carta ao Presidente
Presidente, há como arrumar o Brasil ainda no seu mandato e evitar uma grande crise. Mas talvez essa seja sua última chance. Se esperarmos bater no emprego e na inflação para, só então, agir, pode ser tarde demais
IPCA-15 e dados do Caged são destaques da agenda econômica do Natal
Apesar da paralisação dos mercados durante o Natal, a agenda econômica desta semana contará ainda com a publicação do PIB do Reino Unido e ata da reunião de política monetária do Japão
Um quarto sem janela: Ibovespa busca recuperação de banho de sangue de olho no PIB dos EUA e no RTI
Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo concedem entrevista coletiva conjunta depois da apresentação do Relatório Trimestral de Inflação
Dólar vai acima de R$ 7 ou de volta aos R$ 5,20 em 2025: as decisões do governo Lula que ditarão o futuro do câmbio no ano que vem, segundo o BTG
Na avaliação dos analistas, há duas trajetórias possíveis para o câmbio no ano que vem — e a direção dependerá quase que totalmente da postura do governo daqui para frente
Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força
Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024
Um alerta para Galípolo: Focus traz inflação de 2025 acima do teto da meta pela primeira vez e eleva projeções para a Selic e o dólar até 2027
Se as projeções se confirmarem, um dos primeiros atos de Galípolo à frente do BC será a publicação de uma carta pública para explicar o estouro do teto da meta
Agenda econômica: IPCA, IBC-BR e decisão do Copom sobre os juros dominam a semana
A agenda da semana conta ainda com a decisão de política monetária na zona do euro, relatório mensal da Opep e CPI nos EUA
Um conto de Natal na bolsa: Ibovespa aguarda dados de produção industrial no Brasil e de emprego nos EUA antes de discurso de Powell
Bolsa busca manter recuperação apesar do dólar na casa dos R$ 6 e dos juros projetados a 15% depois do PIB forte do terceiro trimestre
4 pontos que ajudaram o PIB brasileiro a bombar (de novo) no terceiro trimestre, apesar da decepção com o agro
Crescimento do PIB do Brasil atingiu os 4% no terceiro trimestre de 2024, mas juros em alta tendem a provocar desaceleração em um futuro próximo