Queda de braço entre os Três Poderes dificilmente entraria na lista de esportes prediletos do mercado financeiro, mas tá aí uma modalidade que, de tempos em tempos, rouba a cena e entra na rotina da B3.
A última briga entre o Executivo e o Judiciário ainda está fresca na memória, mas dessa vez é o Legislativo que bate de frente com o Supremo Tribunal Federal, colocando em risco a possibilidade de aprovação da PEC dos Precatórios.
É bem verdade que, mesmo sem a interferência do STF, a situação já era complicada: alguns partidos tentam reverter votos favoráveis dados no primeiro turno, e o Senado deve ser uma prova dura para o texto. Mas a decisão da ministra Rosa Weber, tomada na última sexta-feira (05), eleva ainda mais os riscos.
A ministra do STF suspendeu o pagamento de emendas do relator — o chamado ‘orçamento paralelo’ — e pediu explicações para o presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre o procedimento que viabilizou a aprovação da PEC em primeiro turno na última semana.
O segundo turno de votação do texto está marcado para acontecer nesta terça-feira (09) e, mesmo com a decisão do Supremo, a pauta deve seguir em frente.
Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, foi o primeiro a flertar com uma nova crise institucional, ao afirmar que o calendário deve seguir. Hoje, foi a vez de Arthur Lira endereçar o tema, ao pedir que a ministra derrube a decisão e afirmar que a medida é uma afronta ao princípio de separação entre os Poderes. Lira deve se reunir com Luiz Fux, presidente do STF, para discutir a situação.
Com a votação ameaçada de um lado e a recuperação do setor de commodities metálicas do outro, pegando carona na aprovação do pacote trilionário de infraestrutura nos Estados Unidos, o Ibovespa passou o dia oscilando entre perdas e ganhos.
Do lado negativo, ainda pesou a divulgação do IGP-DI de outubro, que mostrou mais uma aceleração na inflação. Nos Estados Unidos, as bolsas voltaram a renovar recordes, mas sem muito impulso.
No fim, o cabo de guerra levou o Ibovespa a fechar o dia em leve queda de 0,04%, aos 104.781 pontos. O dólar à vista trabalhou em alta ao longo de todo o dia, mas fechou longe das máximas, com um avanço de 0,33%, aos R$ 5,5410.
A incerteza renovada com a saúde fiscal do país pressionou o mercado de juros, que também repercutiu a alta das expectativas de inflação, mas o compromisso de Lira em encontrar uma saída para a PEC ajudou a trazer alívio para a curva.
Veja tudo o que movimentou os mercados nesta segunda-feira, incluindo os principais destaques do noticiário corporativo e as ações com o melhor e o pior desempenho do Ibovespa.
INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA
CVM nega proposta de R$ 5 milhões de fundador da Marfrig para encerrar processo por insider trading. A xerife do mercado de capitais acusa Marcos Molina de negociar ações da Marfrig antes do anúncio da compra do frigorífico norte-americano National Beef, em abril de 2018.
INVESTIDOR 3.0
Cuidado com as bolhas no mercado de tecnologia, alerta o CEO da Blackstone, gestora global de US$ 684 bilhões. Stephen Schwarzman é um dos convidados do Investidor 3.0, evento da Empiricus que celebra os 12 anos da casa de análise, e fala de suas visões sobre o mercado no momento.
CUMPRINDO O CONTRATO
Por que o Itaú vai comprar mais 11,38% da XP logo depois de se desfazer da participação na corretora? A aquisição de fatia já estava prevista no contrato celebrado em 2017 entre o bancão e a corretora; como a operação não dá o controle da XP ao Itaú, o BC deu sinal verde.
ENQUANTO ISSO, NO MUNDO CRIPTO
Bitcoin (BTC) volta a se aproximar das máximas históricas com alta de mais de 6%; ethereum (ETH) bate recorde. É a primeira vez em menos de uma semana que a segunda maior moeda digital do mercado renova as máximas históricas.
BITCOIN X TESLA
Pode chorar, Elon Musk: Valor de mercado do bitcoin (BTC) supera o da Tesla após a queda das ações. A criptomoeda agora está a poucos milhões de superar a prata, o segundo metal mais valioso do mundo.