No Brasil, até pouco tempo atrás, investir era sinônimo de renda fixa. Parecia que não existia nada além disso. Afinal, com juros estratosféricos, ninguém via motivos para arriscar e comprar ações.
Essa situação teve consequências negativas para o desenvolvimento da nossa Bolsa. Abrir capital na B3 ficou restrito para as grandes companhias. Pouco líquido e com despesas altas, o mercado acionário brasileiro afugentava empresas menores.
A situação era ainda pior se a companhia atuava numa área pouco conhecida ou desenvolvida. Aí sim os investidores não arriscavam, preferindo ficar em setores mais tradicionais. Com cerca de 400 empresas listadas, a B3 ainda é muito concentrada em poucos segmentos, principalmente commodities, construção e varejo.
Só que num espaço de cerca de dois anos, tudo mudou. Com a Selic em patamares historicamente baixos, os investidores foram obrigados a “partir para o ataque” em busca de rentabilidade. Fora isso, estamos vendo um número cada vez maior de pessoas físicas interessadas em finanças, com a proliferação de plataformas de investimentos e corretoras.
Esta dinâmica aqueceu o mercado e permitiu que novas áreas considerassem realizar um IPO no país. É o caso do setor de tecnologia. Até 2019, as techs brasileiras optavam por abrir capital nos Estados Unidos, porque os investidores de lá entendiam mais sobre o assunto e estavam mais abertos a teses de investimentos “heterodoxas”.
A “nova bolsa” que está emergindo mostra que os investidores brasileiros têm, sim, interesse por companhias de fora dos segmentos tradicionais. A prova disso é a Mosaico (MOSI3), que fechou seu primeiro dia com alta de 97%.
O Kaype Abreu fala um pouco mais sobre o novo momento da B3 para as empresas de tecnologia e o que os gestores e analistas esperam daqui para frente para este segmento. Não deixe de conferir.
O que você precisa saber hoje
MERCADOS
Após acumular alta de 4,50% com a eleição de candidatos alinhados ao governo para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado, o Ibovespa deve ser guiado nesta semana pela agenda de indicadores econômicos e balanços das companhias no quarto trimestre. E o mercado seguirá de olho no que acontece em Brasília, além de notícias sobre a pandemia no Brasil e no mundo. Saiba o que esperar na coluna Segredos da Bolsa.
Quando Elon Musk abre a boca, os investidores escutam. Seja sobre suas empresas ou criptomoedas, um mero tuíte do bilionário é suficiente para levantar ou derrubar um ativo. Confira seis casos em que uma postagem do fundador da Tesla mexeu com o mercado.
EMPRESAS
Jorge Paulo Lemann está confiante com as perspectivas para a AB Inbev em 2021, após o choque provocado pela covid-19. Mas, segundo ele, a pandemia não foi a única culpada pela perda de mercado da companhia no ano passado.
Em meio a conversas sobre a possibilidade de um episódio “Gamestop” envolvendo as ações do IRB Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação para apurar a recente disparada nas ações do ressegurador.
Com o propósito de focar sua atuação em negócios relacionados ao mercado de óleo e gás, o Grupo Ultra avançou na venda de dois ativos que não fazem parte desta estratégia. Veja quais empresas podem ser vendidas e por quanto.
A temporada de balanços do quarto trimestre segue nesta semana, com destaque para os números de nomes como Suzano, Renner e Banco do Brasil. Veja o que esperar dos resultados.
ECONOMIA
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que entregará nesta semana um projeto para que o ICMS estadual seja cobrado sobre os combustíveis nas refinarias, e não nas bombas. Mas governadores afirmam que a medida irá interferir na arrecadação dos estados e no controle de preços por região.
O ministro da Economia segue discutindo a continuidade do pagamento do auxílio emergencial com os presidentes da Câmara e do Senado. Para isso, Paulo Guedes exige que seja decretado estado de calamidade pública, o que permitiria ultrapassar o teto de gastos acima da inflação.