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Dólar a R$ 5,08 e Ibovespa em 129 mil pontos: não, não é uma miragem

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No começo do ano, ninguém apostava um centavo furado no Real: a perspectiva para a economia brasileira era nebulosa, a pandemia estava longe de ser superada no país e os Estados Unidos começavam a dar sinais de recuperação. O mercado de câmbio era um árido deserto.

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Mas, veja só: depois de uma longa caminhada debaixo de sol escaldante, eis que surge uma visão animadora — alguns diriam que é um delírio. O dólar à vista fechou uma sessão abaixo dos R$ 5,10.

E não é que a perspectiva econômica para o país esteja super nítida, ou que a Covid-19 seja página virada; na verdade, o Brasil segue numa areia movediça nesses dois aspectos. Mas, apesar da hostilidade do clima, alguns fatores estão trazendo alívio ao câmbio.

Tanto é que o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (2) em baixa de 1,20%, a R$ 5,0841 — a moeda americana acumula queda de 2,46% somente nesta semana. Mais que isso: é a menor cotação de fechamento desde 18 de dezembro.

O oásis fica ainda mais completo quando olhamos também para a bolsa: o Ibovespa cravou hoje a sexta alta consecutiva e, pela primeira vez, ultrapassou a marca dos 129 mil pontos — foi o quarto pregão seguido de recordes de fechamento.

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Ao fim do dia, o principal índice acionário brasileiro marcava 129.601,44 pontos, num avanço de 1,04% hoje. Somente nesta semana, o Ibovespa tem um salto acumulado de 3,22%.

Chuva de dólar

Mas, afinal: o que explica esse alívio tão intenso no câmbio?

Na verdade, não há um fator específico para a sessão de hoje. O que existe é uma melhora generalizada, com um ambiente mais favorável para ativos de risco e um otimismo maior dos investidores em relação ao Brasil.

"Apesar da produção industrial mais fraca, o PIB do 1º trimestre veio melhor e há uma perspectiva mais favorável para a atividade econômica ao longo do ano", diz Luciano Rostagno, estrategista do Banco Mizuho — a instituição, inclusive, elevou sua projeção de crescimento do Brasil em 2021, passando de 4% para 5%.

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Essa percepção de que a economia doméstica está indo melhor que o esperado é confirmada pelas recentes captações externas feitas por diversas companhias — a PetroRio confirmou uma emissão de bônus no exterior e há notícias de que a CSN também fará uma operação semelhante.

Além disso, há fatores técnicos que estimulam a entrada de fluxo no país. É o famoso diferencial de juros: com a Selic em trajetória de alta e as taxas americanas fixas em patamares baixos, o investimento no país fica mais atrativo.

"O PIB de ontem aumenta as apostas de uma alta mais forte na Selic, o que contribui para uma expectativa de aumento desse diferencial", diz Nathalie Marins, economista da Necton — é uma espécie de profecia auto realizável, em que uma coisa puxa a outra.

E, de fato, esse aumento do diferencial tem ajudado os ativos de risco como um todo. Países emergentes, que costumam ter taxas de juros mais elevadas, viram opções mais interessantes para investidores globais — e moedas como o peso mexicano, o rand sul-africano, o peso colombiano e o rublo russo, entre outras, também se valorizam ante o dólar.

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E a bolsa?

Esse cenário benéfico para os ativos de risco, de certa maneira, também deu forças à bolsa: nem mesmo o feriado de Corpus Christi e o fechamento dos mercados brasileiros amanhã trouxe cautela aos investidores.

E isso porque os mercados externos deram um empurrãozinho ao Ibovespa: nas commodities, tanto o petróleo Brent quanto o WTI avançaram quase 1,5% hoje, dando continuidade ao movimento de alta visto desde o começo da semana; o minério de ferro também subiu e se aproximou dos US$ 210 a tonelada.

E, é claro: minério e petróleo em alta é sinônimo de impulso para as ações da Petrobras e da Vale, duas empresas com enorme peso na composição do Ibovespa.

Além disso, o dia foi bastante ameno nas bolsas globais. As principais praças da Europa fecharam em alta, enquanto os índices acionários dos EUA tiveram um dia praticamente estável — o "Livro Bege" do Federal Reserve não trouxe grandes novidades em relação à economia americana:

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Altas e baixas do Ibovespa

Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira:

CÓDIGONOMEPREÇOVARIAÇÃO
PETR3Petrobras ONR$ 28,584,96%
BRKM5Braskem PNAR$ 55,924,82%
BRFS3BRF ONR$ 29,384,11%
BBDC4Bradesco PNR$ 28,123,90%
VVAR3Via Varejo ONR$ 14,353,68%

Veja também as maiores quedas do índice:

CÓDIGONOMEPREÇOVARIAÇÃO
B3SA3B3 ONR$ 17,01-3,90%
SULA11SulAmérica unitsR$ 33,79-3,35%
LWSA3Locaweb ONR$ 23,93-3,16%
USIM5Usiminas PNAR$ 19,59-2,78%
ENEV3Eneva ONR$ 17,79-2,47%

Os papéis ON da B3 (B3SA3) lideram as baixas após o J.P. Morgan rebaixar a recomendação de overweight (semelhante a compra) para neutro. O preço-alvo foi cortado de R$ 23 para R$ 21 — o que ainda implica num potencial de alta de 24% em relação à cotação de hoje.

Juros em queda

As curvas de juros acompanharam o movimento do dólar e passaram a operar em baixa, tanto na ponta curta quanto na longa:

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