Surto de covid-19 na Europa deixa recuperação mundial em xeque
Perspectiva é de que países em que aumento de casos é mais preocupante estendam para o ano que vem parte das perdas econômicas

O aumento de novos casos da covid-19 na Europa afeta o desempenho das bolsas, coloca em risco a recuperação da economia mundial no ano que vem e pode prejudicar o Brasil.
Segundo economistas ouvidos pelo Estadão, a perspectiva é de que os países em que esse aumento é mais preocupante, como França, Espanha e Reino Unido, estendam para o ano que vem parte das perdas que registraram este ano e tenham um primeiro trimestre ainda fraco.
Com a segunda onda de coronavírus no continente, os europeus voltaram a adotar medidas mais duras de isolamento. Na quarta-feira (14), a Itália registrou o maior número diário de novos casos, 7.332. No mesmo dia, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que nove regiões, incluindo Paris, terão toque de recolher até dezembro. Já os portugueses declararam estado de calamidade para conter o contágio.
Na avaliação do Bank of America (BofA), ainda não é possível quantificar a perda que os países europeus com mais novos casos devem ter, mas indicadores como o Purchase Managers Index (PMI), o índice dos gerentes de compra, que reflete o desempenho da indústria e dos serviços, acendem um sinal amarelo. Em setembro, o indicador de serviços ficou abaixo dos 50 pontos na França, Itália e Espanha, sinalizando contração.
Em relatório recente, o BofA se disse preocupado com o rápido aumento do número de casos. "Com novas restrições anunciadas todos os dias, continuamos preocupados com as perspectivas para o consumidor europeu à medida que avançamos para o quarto trimestre. Os PMIs de serviços estão em contração, com os países registrando as quedas mais acentuadas em relação aos níveis de julho, sendo aqueles que relataram as contagens de vírus mais altas: França e Espanha."
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, lembra que as economias europeias já vinham de um ano de baixo crescimento e que qualquer novo fechamento dos países é preocupante. "O aumento de casos ou a demora da vacina mexem com os mercados e fragilizam esses países." Ontem, as principais bolsas europeias fecharam com queda na casa dos 2%.
Reflexos
Uma segunda onda de Covid-19 em países da Europa, como França, Portugal, Espanha, Inglaterra, por exemplo, poderá afetar o crescimento da economia brasileira do ano que vem.
Nas contas do economista Fabio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, o impacto da segunda onda, se confirmada, pode tirar, no mínimo, um ponto porcentual do crescimento do PIB em 2021. "O crescimento que seria de 2,5%, pode recuar para 1,5%, 1%", prevê.
Se houver uma derrapada na economia europeia, o Brasil será afetado, por ter um comércio expressivo com a Europa e os Estados Unidos. Neste caso, a economia americana e a chinesa também vão sentir os efeitos da redução do ritmo de atividade na Europa. "Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial será revisado para baixo, pois tudo está conectado."
Lívio Ribeiro, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), concorda que uma eventual desaceleração da Europa deve afetar a economia brasileira. Ele só ressalta que ainda não é possível calcular esse impacto. "O efeito será muito mais por meio das expectativas", afirma o economista.
Essas expectativas, segundo Ribeiro, devem se manifestar tanto pelo temor de que uma segunda onda também ocorra no Brasil quanto por meio de fluxos financeiros. "O risco mundial aumenta e os emergentes, como o Brasil, acabarão sofrendo mais." Na sua opinião, se a discussão de maior aversão ao risco piorar, possivelmente haverá efeito sobre o crescimento de 2021 no País.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, pondera que a economia brasileira é relativamente fechada. Por isso, o impacto da Europa não deve ser significativo. Ele diz que os fatores de risco que podem frustrar um crescimento de 2,2% do PIB para 2021 são domésticos, como a condução das reformas e o déficit fiscal.
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