Os mais pobres investem? Se sim, em quais aplicações financeiras e com quais objetivos?
Já falamos aqui no Seu Dinheiro que investimento não é só "coisa de rico". Afinal, hoje em dia, com R$ 30 você já pode começar a investir no Tesouro Direto ou num fundo Tesouro Selic sem taxa, obtendo um retorno maior que a poupança.
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Além disso, já existem fundos disponíveis para qualquer investidor em plataformas de investimento com aplicações mínimas a partir de R$ 100, e contas de pagamento que remuneram a 100% do CDI depósitos de qualquer valor.
Mesmo assim, para investir é preciso poupar, e para boa parte das classes C e D é difícil fazer sobrar alguma coisa.
A pedido do Seu Dinheiro, a Superdigital - banco digital do Santander - fez um levantamento para mostrar se e como as classes C e D investem. Entre os dias 12 e 14 de dezembro de 2019, a fintech ouviu 1.188 dos seus clientes que se enquadram nessas faixas de renda, em todas as regiões do Brasil.
A pesquisa mostrou que apenas 29% deles gasta menos do que ganha. Quase 40% costumam ficar no zero a zero, 10% estão desempregados, e o restante gasta mais do que ganha.

Ainda assim, quando sobra algum dinheiro, a maioria (33%) diz que opta por comprar algo para si ou para a sua família em vez de poupar. Outros 26% deixam o dinheiro parado na conta e 11% guardam dinheiro em casa - sem qualquer correção, o que significa que os recursos ficam perdendo para a inflação. Só 8% disseram investir as sobras, eventuais ou não.

A falta de conhecimento sobre investimentos financeiros também fica clara na pesquisa: 59% das pessoas que já investiram alguma vez optaram pela caderneta de poupança. O Tesouro Direto aparece em segundo lugar com apenas 4% das respostas.
Engana-se, porém, quem pensa que as classes C e D desconhecem totalmente outras modalidades de investimento ou estão alheias às novas tecnologias. Pelo menos 2% dos respondentes disseram investir em ações, e outros 2% disseram comprar criptomoedas.

Em entrevista recente ao Seu Dinheiro, o CEO da Superdigital, Felipe Castiglia, contou que a fintech pensa em lançar neste ano um investimento voltado para esse público, uma vez que já detectou que muitos clientes usam a conta ou mesmo os cartões virtuais para guardar dinheiro.
Casa própria é o principal objetivo
Perguntados sobre o principal objetivo para o qual guardam ou gostariam de guardar dinheiro, a maioria dos respondentes (37%) disseram “a casa própria”. Os objetivos de viajar (15%) e comprar um veículo (13,5%) apareceram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Se falta dinheiro, trabalha-se mais
Na nossa conversa recente, Castiglia também me contou que a Superdigital vem detectando que seus clientes de classes C e D frequentemente têm mais de uma fonte de renda.
Por exemplo, um salário fixo de um emprego formal e uma renda variável complementar, como comissões de vendas diretas ou pagamentos pelos serviços de Uber ou entregas por aplicativo.
“Uma boa parte dos nossos clientes trabalha mais quando o dinheiro acaba”, diz Castiglia. Ele ressalta que a inclusão digital dessa população hoje em dia é muito forte, pois a internet lhes permite acessar produtos e serviços mais baratos, além de conseguir fontes de renda extra.
Tal realidade aparece nos dados da pesquisa: 29% dos respondentes disseram que “trabalham dobrado” quando precisam de dinheiro, enquanto 30% disseram usar o cartão de crédito e 20% disseram pedir dinheiro emprestado para família e amigos.

A opção de trabalhar a mais de certa forma evita o endividamento. Já a opção do cartão de crédito pode ser perigosa para a saúde financeira, já que se trata de uma das linhas de crédito mais caras, caso a fatura não seja paga integralmente.