Anomalias de um mercado em ebulição
Especulações sobre varejistas dominam o mercado e podem indicar futura bolha a frente: no final, a “mão forte” tende a vencer.
Inicio nossa conversa de hoje com o seguinte questionamento: quem diria que a ocorrência de uma pandemia global contribuiria para uma febre especulativa nas bolsas de valores?
Talvez você não concorde comigo que vivenciamos uma febre especulativa, mas deixa eu listar os porquês da minha visão.
Embora a caracterização deste momento como febre especulativa não seja necessariamente um consenso de mercado, posiciono-me no campo dos céticos, muito desconfiado de tudo que venho observando.
Primeiramente, quero retomar a questão da relação do múltiplo P/L (Preço sobre Lucro), não o lucro presente, mas o lucro projetado, em um Brasil com diversos desafios macroeconômicos, em especial pelas dificuldades existentes no quadro fiscal.
Mas, ao mesmo tempo, estou também atento ao passado. Quando olho para trás, pego emprestada minha experiência: tendo vivido de forma ativa no mercado a bolha do Nasdaq, entre 1999 e 2000, quando os preços das ações subiram de forma exponencial, acredito já ter visto este filme antes.
Quando vejo hoje o que está em curso com as ações da Tesla, logo penso no comportamento das ações da empresa Qualcomm durante aquele período.
Leia Também
A polarização do mercado financeiro, criptomoedas fecham semana no vermelho e outros destaques
Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
Quando vejo ações ligadas ao varejo digital no Brasil, penso na especulação que ocorreu com as ações da Globocabo no início do milênio.
Quem está lendo agora pode perguntar: “poxa, mas comparar as ações da Globocabo com as da Magazine Luiza, por exemplo, faz algum sentido?”.
Para mim faz: as circunstâncias são diferentes, lógico. Hoje, a Magazine Luiza vale mais de 120 bilhões de reais, um valor que a Globocabo nem sequer chegou próxima.
Por outro lado, guardadas as devidas proporções, havia naquela ocasião um deslumbramento: especulava-se a respeito do número de clientes de TV a cabo de forma muito parecida com as projeções em torno de novos consumidores fazendo compras online durante a pandemia.
Além disso, é interessante as comparações que eram feitas na ocasião, os valuations que eram projetados. Ficou famoso um relatório feito pelo banco Fator que comparava os múltiplos da empresa com os da Comcast, empresa norte-americana também de TV a cabo.
A posteriori, as projeções foram vistas como uma aberração.
Maçãs e bananas não se comparam
Hoje, noto uma comparação feita entre a Magazine Luiza, a Via Varejo e a B2W com a Amazon, sem perceber que a norte-americana conta com a AWS.
A AWS (Amazon Web Services) é uma empresa de cloud computing (computação em nuvem), com margens elevadíssimas, algo que nenhuma dessas três brasileiras possui.
Fosse a Amazon somente uma varejista, certamente valeria muito menos, e seria negociada a um múltiplo muito mais tímido do que o atual.
Contudo, em tempos de febre especulativa, esse tipo de comparação é normal. Cabe você ficar atento e, quando for oportuno, fazer uso da experiência e do ceticismo.
Mais uma vez, gostaria de ressaltar que fico perplexo ao ver o valor de mercado de empresas como Magazine Luiza, B2W e Via Varejo.
São valores que refletem uma execução mais que perfeita em um Brasil que me parece cada vez mais frágil do ponto de vista econômico.
O “mão forte” do mercado
Dito isso, o meu objetivo hoje não é somente é falar sobre a anomalia do varejo digital, com os valuations excessivos.
O que eu quero falar é sobre os novos entrantes da bolsa. A gente viveu uma situação agora de pandemia em que muitos contaram com mais tempo disponível para abrir uma conta e vir a bolsa.
Não só mais tempo, como também com um custo de oportunidade inferior (pela queda da taxa de juro). A atratividade é fruto dos movimentos globais, não das questões locais, como aprovação do governo.
Vivemos em um processo deflacionário, resultando em quedas na taxa de juro brasileira e nas taxas de juro globais.
O que é peculiar neste momento é: muitos desses novos entrantes são jovens, que descobrem o mercado de opções brasileiro. São ambiciosos.
Como ambicioso, você logo descobre o mercado de opções no Brasil, que promete expectativa de crescimento rápida, lucros exponenciais.
Desta forma, podemos perceber um movimento muito interessante neste vencimento atual, o da série G.
Ao analisar o mapa de opções de diversos papeis, além do exercício nas tradicionais Petrobras, Vale e Bradesco, que contam com um ativo mercado de opções, impressiona-me como as pessoas físicas parecem ter ido com tudo para as opções de compra de Via Varejo – empresa hoje apelidada como “Vara”.
Só o fato de uma empresa ter um apelido, para mim já é um sintoma desta febre especulativa. Com um elevado número de titulares nas opções de Via Varejo, temos uma enorme distorção na relação entre titulares e lançadores. Existem muitos titulares para poucos lançadores.
Tudo indica que o “mão forte” do mercado, que exerce uma maior força, encontra-se vendido em volatilidade, do lado dos lançadores.
Mas por qual motivo?
Vou explicar para você: a volatilidade realizada no mercado nos últimos dias tem sido bem inferior à volatilidade implícita contida nesses contratos de opções.
Sendo assim, acredito que os novos entrantes estarão tendo uma oportunidade de ver e sentir na própria pele, no próprio bolso, uma das principais lições do mercado de opções.
Faltando 7 dias úteis para o vencimento destas opções, é bem provável que o “mão forte” irá ensinar aos novos entrantes um ensinamento muito importante:
Opções são “wasting assets”, isto é, tendem a perder valor com a passagem do tempo.
Os preços das ações e das opções podem até subir. Por outro lado, a volatilidade embutida nos contratos – conhecida como volatilidade implícita – tende a ficar mais contida, diante do vasto número de titulares nos diversos contratos associados a Petrobras, a Vale, a Itaú, a Bradesco e a Via Varejo.
Aproveito para indicar a leitura do livro "30 Lições de Mercado" de Ivan Sant'Anna, ele é essencial para qualquer nível de investidor. Veja aqui.
Um grande abraço,
Marink Martins
Precisamos falar sobre indicadores antecedentes: Saiba como analisar os índices antes de investir
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais fundos de investimentos estão utilizando esses indicadores em seus modelos — e talvez a correlação esteja caindo
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 4% com ações da AES Brasil (AESB3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da AES Brasil (AESB3). Saiba os detalhes
Setembro em tons de vermelho: Confira todas as notícias que pesam nos mercados e impactam seus investimentos hoje
O mês de setembro começa com uma imensa mancha de tinta vermelha sobre a tela das bolsas mundiais, sentindo o peso do Fed, da inflação recorde na zona do euro e do lockdown em Chengdu
A febre dos NFTs passou, mas esta empresa está ganhando dinheiro com eles até hoje
Saiba quem foram os vendedores de pás da corrida do ouro dos NFTs e o que isso nos ensina para as próximas ondas especulativas
Balanço de agosto, o Orçamento de 2023 e outros destaques do dia
A alta de 6,16% do Ibovespa em agosto afastou o rótulo de “mês do desgosto”, mas ainda assim deixou um sabor amargo na boca. Isso porque depois de disparar mais de 10% ainda na primeira quinzena, impulsionado pela volta do forte fluxo de capital estrangeiro, as últimas duas semanas foram comandadas pela cautela. Uma dupla […]
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 4% com ações da Marcopolo (POMO4); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Marcopolo (POMO4). Saiba mais detalhes
Tente outra vez: basta desejar profundo para ver a bolsa subir? Confira tudo o que mexe com os seus investimentos hoje
Em queda desde a sexta-feira, as bolsas de valores estrangeiras começaram o dia em busca de recuperação singela. Por aqui, investidores procuram justificativas para descolar o Ibovespa de Wall Street
Commodities derrubam Ibovespa, Itaú BBA rebaixa a Petrobras (PETR4) e as mudanças na WEG (WEGE3); confira os destaques do dia
As últimas levas de notícias que chegam de todas as partes do mundo parecem ter jogado os investidores dentro de um labirinto de difícil resolução em que apenas a cautela pode ser utilizada como arma. O emaranhado de corredores a serem percorridos não só são longos, como também parecem estar sempre mudando de posição — […]
Gringos estão de olho no Ibovespa, mas investidor local parece sem apetite pela bolsa brasileira. Qual é a melhor estratégia?
É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado
Entenda por que você não deve acompanhar só quem possui teses de investimento iguais às suas
Parte fundamental do estudo de uma ação é entender não só a cabeça de quem tem uma tese que vá em linha com a sua, mas também a de quem pensa o contrário
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 11% com ações da Santos Brasil (STBP3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Santos Brasil (STBP3). Saiba os detalhes
Uma pausa para respirar: Confira todas as notícias que movimentam os mercados e impactam seus investimentos hoje
A saída da atual crise inflacionária norte-americana passa necessariamente por algum sacrifício. Hoje, porém, as bolsas fazem uma pausa para respirar
Aperte os cintos: o Fed praticamente acabou com as teses de crescimento, e o fim do bear market rally está aí
Saída da atual crise inflacionária passa por algum sacrifício. Afinal, estamos diante de um ciclo econômico clássico e será preciso esfriar o mercado de trabalho
Ibovespa se descola da gringa, Itaú entra na disputa das vendas virtuais e a estratégia de Bolsonaro para os debates; confira os destaques do dia
Em Wall Street, o alerta do Federal Reserve de que o aperto monetário pode ser mais intenso do que o esperado penalizou as bolsas lá fora
Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana
Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora
Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 5% com ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3); confira a recomendação
Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). Veja os detalhes
Mercados, debate presidencial e um resultado inesperado: Confira todas as notícias que mexem com os seus investimentos hoje
Com a percepção de que o Fed optará pelo combate à inflação a todos os custos, os últimos dias de agosto não devem trazer alívio para os mercados financeiros. O Ibovespa ainda repercute o primeiro debate entre presidenciáveis
Por que saber demais pode tornar você um péssimo chefe
Apesar de desenvolvermos uma compreensão mais sofisticada da realidade como adultos, tendemos a cair em armadilhas com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir
Wall Street tomba com Powell, os melhores momentos de Lula e Bolsonaro no Jornal Nacional e outros destaques do dia
Desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou o início da retirada dos estímulos monetários adotados na pandemia, durante o simpósio de Jackson Hole de 2021, o mercado financeiro global já se viu obrigado inúmeras vezes a recalcular a rota, e todas elas parecem levar a um destino ainda incerto, mas muito […]