Atritos no Centrão atrapalham reformas?
Existem outras motivações além da sucessão na Câmara para a saída de DEM e MDB do Centrão. Uma delas é a necessidade eleitoral de buscar uma maior independência em relação ao governo de Bolsonaro

Ao longo da última semana, uma das perguntas que mais recebi de investidores nacionais e internacionais referia-se à saída do MDB e do DEM do bloco partidário liderado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL). Afinal, com o racha no Centrão, as reformas econômicas estão em perigo? Aumentam os riscos para a manutenção do teto de gastos?
O bloco comandado por Lira é amplo, composto de vários partidos. São eles: PL, PP, PSD, MDB, DEM, Solidariedade, PTB, PROS e Avante. Gerou muita preocupação no mercado que o rompimento pudesse significar uma sinalização contra as reformas do ministro Paulo Guedes. Não é bem assim.
Ainda que fizessem parte do bloco liderado por Lira, MDB e DEM se movimentavam de forma independente pelo Congresso Nacional. E o deputado pouco influenciava os votos de parlamentares dos dois partidos.
A formação do bloco é uma estratégia comum no Parlamento, tendo em vista o controle de comissões da Casa. Ademais, não há qualquer indicação do DEM ou do MDB de oposição à agenda de reformas em discussão na Câmara, embora haja resistência em questões pontuais, como a criação de um imposto sobre comércio eletrônico.
Ambos os partidos apoiaram, majoritariamente, a Reforma da Previdência, a MP da Liberdade Econômica, o Novo Marco do Saneamento e a Lei Geral de Telecomunicações (PLC nº 79), que são pautas reformistas.
No entanto, a sucessão à presidência da Câmara já está em curso e essa disputa, sim, afeta o ritmo de votação no Legislativo. É um dos motivos pelos quais não tenho sido tão otimista quanto à aprovação este ano da Reforma Tributária. Arthur Lira, pré-candidato à sucessão, iniciou um movimento de aproximação com o governo. Em troca de votos do bloco a projetos de interesse do governo, queria o apoio do presidente Jair Bolsonaro na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Como líder de um bloco com 221 deputados – reduzido para 158 após a saída do DEM e MDB –, a aliança foi bem recebida pelo Planalto.
Leia Também
O governo, no entanto, parece ter tomado a decisão correta de se distanciar da disputa. Claro, há preferência e apoio por Lira, mas sem fechar as portas para outros candidatos. A lição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que explicitamente trabalhou contra a eleição do então deputado Eduardo Cunha (MDB), está viva na memória do governo.
Existem outras motivações além da sucessão na Câmara para a saída de DEM e MDB do Centrão. Uma delas é a necessidade eleitoral de buscar uma maior independência em relação ao governo de Bolsonaro. Nacionalmente conhecidos, e tendo como principal objetivo aumentar sua capilaridade política de Norte a Sul do país, MDB e DEM querem disputar as eleições municipais com maior independência.
Líderes de ambos os partidos afirmam nos bastidores que o tamanho e as diferenças regionais internas em ambas as siglas não permitem uma ligação, ainda que informal, ao governo. “Estamos no momento mais polarizado da política nacional. O partido precisa criar um ambiente de conforto para os que apoiam o presidente e também para os que criticam. Sair do bloco de Arthur Lira era necessário para solidificar essa percepção”, disse um importante membro do MDB.
Esse núcleo de centro moderado em torno de Rodrigo Maia não deve constituir um bloco partidário formal, mas as legendas devem atuar alinhadas. Além do DEM e do MDB, o grupo agrega o PSDB, o Cidadania, o Podemos e o PV, somando 116 deputados. Tais partidos devem manter apoio às reformas econômicas, fiscais e regulatórias, porém com uma linha mais crítica. Também criarão um bloco de resistência às pautas conservadoras.
Nos bastidores, comenta-se a possibilidade de criação de um novo bloco, mais alinhado ao Palácio do Planalto, composto por PSL, PSC, PTB e PROS. Essas siglas possuem um perfil mais conservador e devem apoiar não só a agenda econômica, como também a de costumes. A despeito da ala divergente do PSL, a grande maioria das pautas governistas deverá contar com o aval desse grupo, que soma 84 deputados.
Se confirmada essa união, o antigo blocão será reconfigurado e cairá para 135 deputados, distribuídos entre PP, PL, PSD, Solidariedade e Avante. Embora não integrem formalmente o bloco, Republicanos e Patriota atuam em consonância com o Centrão, o que eleva o número para 174 deputados. Esse conjunto deve se manter alinhado ao Planalto, porém com um nível de dissidência na faixa de 30%. Por se tratar de um grupo muito diverso e pragmático, em determinadas votações o nível de divergência poderá ser mais acentuado.
Obviamente, todas as composições deverão contar com dissidências. Além disso, qualquer uma poderá receber o reforço dos oito deputados do Partido Novo, a depender da pauta em discussão.
Na prática, a agenda de reformas econômicas do governo continua tendo boas chances de avançar. A saída do DEM e do MDB impacta mais a sucessão na Câmara e as estratégias eleitorais das siglas do que o andamento da agenda.
A falta de uma base política formal, coesa e organizada é o que impede o avanço consistente de inúmeras pautas. No entanto, ainda vejo o Congresso com viés reformista, embora não na intensidade e na velocidade que o mercado deseja.
A política de dentro para fora anda polarizada e binária. Tal comportamento não se reflete dentro do Parlamento. Em Brasília, no dia a dia, de fora para dentro, nada é binário. Tudo é negociado.
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar